A PAREDE abdominal é formada por muitas camadas, incluindo pele, gordura, fáscia, músculo e peritônio.
Na grande maioria dos casos, quando surge um caroço do lado esquerdo do abdômen, isso pode ser causado por uma hérnia abdominal.
Hérnia abdominal é uma protrusão parcial ou total na região abdominal através de uma abertura ou por fraqueza da parede abdominal.
Estresses repetitivos na parede abdominal devido ao aumento da pressão podem levar a rupturas do tecido.
Ao longo do tempo, isso pode reduzir a resistência do tecido, tornando os indivíduos vulneráveis à formação de hérnias.
Vários fatores podem levar ao aumento das pressões intra-abdominais, colocando os indivíduos em risco. Esses fatores incluem: trabalho físico, constipação, parto, tosse excessiva por doença pulmonar ou até mesmo vômito frequente por doenças como bulimia nervosa.
Como surgem as hérnias abdominais?
As hérnias abdominais podem ser congênitas ou adquiridas.
As hérnias congênitas surgem no pré-natal ou em lactantes e são causadas por um defeito congênito que provoca uma abertura na cavidade abdominal.
Já as adquiridas são causadas por condições que aumentam a pressão na cavidade abdominal, como obesidade e tosse, por traumas ou procedimento cirúrgico anterior.
Hérnia abdominal é comum?
A hérnia abdominal é uma doença comum do abdômen com incidência global de aproximadamente 4% e 5%, representando um dos motivos para intervenção cirúrgica de emergência realizada em pacientes com mais de 50 anos.
Principais tipos de Hérnias Abdominais
Existem três principais grupos de hérnias abdominais, que são as umbilicais, inguinais e femorais. No entanto, além desses tipos, existem as variações, como as hérnias epigástricas, incisionais, de Spiegel e de Richter.
As hérnias que podem aparecer do lado esquerdo da barriga geralmente são as incisionais, inguinais e as hérnias de Spiegel.
Quais os sintomas?
Os sinais e sintomas das hérnias abdominais podem ser ausentes ou inespecíficos.
Manifestam-se através de um caroço ou saliência, um leve desconforto abdominal no local da hérnia, alternando com episódios de inchaço e vermelhidão, plenitude no local da hérnia, além de náuseas e prisão de ventre.
Em alguns casos, as hérnias abdominais podem desenvolver complicações agudas, como encarceramento, obstrução intestinal, vólvulo e estrangulamento, exigindo diagnóstico e tratamento imediato.
No início do diagnóstico, algumas perguntas adicionais geralmente são feitas aos pacientes que apresentam hérnias abdominais.
Diagnóstico de hérnia
O médico perguntará detalhes sobre o caroço incluindo a primeira vez que o paciente o notou, bem como qualquer evento desencadeante, dor associada, eritema, constipação, náusea ou vômito, tamanho da protuberância, mudança de tamanho, histórico de hérnias anteriores e mudança de peso.
Questões sociais também são importantes, como hábitos alimentares, hábitos de exercício, histórico de tabagismo e consumo de álcool.
O histórico familiar de um distúrbio do tecido conjuntivo também deve ser levado em conta, pois isso é tipicamente hereditário e pode levar à formação de hérnia.
Geralmente, o diagnóstico é realizado através de exame físico, mas pode se tornar difícil, principalmente em pacientes com obesidade, dor ou cicatrização da parede abdominal.
Para esses casos, obter a imagem abdominal pode ser uma excelente pista para o diagnóstico correto e para confirmar suspeitas de complicações.
Os exames de imagem solicitados incluem: radiografias convencionais ou estudos de bário, ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
As imagens transversais, ultrassonografia e tomografia computadorizada podem auxiliar no diagnóstico diferencial de massas palpáveis da parede abdominal, além de definir o conteúdo herniário, como tecido adiposo, intestino, outros órgãos ou fluidos.
Os exames radiológicos servem como uma ferramenta diagnóstica muito útil para permitir a detecção da presença e do tipo de hérnia e envolvimento de órgãos.
Em casos de emergência, é realizado um exame direto e, em casos não emergenciais, pode ser feito um realce de contraste usando bário ou iodado solúvel em água. Essas técnicas são valiosas e permitem uma boa acurácia diagnóstica.
O tratamento mais comum para hérnias abdominais é a cirurgia, pois hérnias geralmente não se curam sozinhas.
O médico recomendará a melhor terapia para tratar a hérnia e encaminhará o paciente a um cirurgião. O cirurgião irá adaptar o método de reparo que melhor atenda às necessidade de cada paciente.
Tipos de cirurgia
Os três tipos mais comuns de cirurgia de hérnia incluem: a cirurgia aberta, a cirurgia laparoscópica e o reparo robótico da hérnia.
Na cirurgia aberta, é realizado um corte no corpo no local onde está a hérnia, no qual o tecido saliente é recolocado no lugar e a parede muscular enfraquecida é novamente suturada.
Algumas vezes, um tipo de malha pode ser implantado na região operada para fornecer um suporte extra.
Na cirurgia laparoscópica, ocorre o mesmo tipo de reparo, porém em vez de um corte na parte externa do abdômen, são realizadas pequenas incisões para permitir a inserção de ferramentas cirúrgicas para realizar o procedimento.
O reparo robótico da hérnia também faz uso de um laparoscópio, como acontece na cirurgia laparoscópica, e esse reparo é feito por meio de pequenas incisões.
Na sala de cirurgia, o médico cirurgião fica sentado em um console e manuseia os instrumentos cirúrgicos.
A cirurgia robótica costuma ser usada para hérnias menores ou áreas fracas, mas atualmente também pode ser usada para reconstruir a parede abdominal.
Esses três tipos de intervenção cirúrgica para tratar as hérnias abdominais tem suas vantagens e desvantagens.
A melhor abordagem será definida pelo cirurgião, de acordo com as condições de saúde e circunstâncias do paciente.
Algumas medidas podem ser tomadas para ajudar a reduzir as chances de contrair uma hérnia abdominal.
Consuma alimentos ricos em fibras, pois ajudam a impedir a constipação. Mantenha um peso saudável de acordo com a sua idade e altura. Tome cuidado ao levantar objetos pesados, evitando dobrar a cintura.
Se tiver com tosse persistente ou espirro, busque tratamento médico. Se tem o hábito de fumar, pare, pois o tabaco causa tosse persistente, o que pode pressionar a parede abdominal.
Referências
CLEVELAND CLINIC. Hernia. 2018. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/15757-hernia
LASSANDRO, F. et al. Abdominal hernias: Radiological features. World Journal of Gastrointestinal Endoscopy, v. 3, n. 6, p. 110-117. 2011.
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