Insegurança Emocional: A Maleabilidade do Conceito

A condição de insegurança carrega a conotação de perigo e falta de confiança em torno de onde se está e em si gerando ansiedade. Tal sensação é algo natural e uma expressão subjetiva de proteção e sobrevivência.

Pode-se dizer que, esse tipo de comportamento está diretamente ligado a respostas emocionais de risco.
Atualmente, situações relacionadas a violência são mencionadas como grandes propulsoras de insegurança nacional.

Por sua vez, são reprodutoras de impressões de ameaça e vulnerabilidades, além de preocupações
diárias acerca de bens materiais e preservação da vida. Pois bem, essas reações são características da
insegurança emocional.

Pesquisas indicam que mulheres expressam mais insegurança emocional do que os homens publicamente.

Outro dado interessante é que fatores sociais também influenciam essa tendência, uma vez que, culturalmente, tem se o público feminino como encorajador para temer seus medos e anseios.


Insegurança e ansiedade

Socialmente, a expressão acerca do seu gênero foi construída de modo a ser representada com imagens apropriada e inapropriada de violência, abuso e medo.

O medo da violência é a insegurança de agressões perpetradas por homens especificamente em espaços públicos. Simbolicamente, esse medo enfatiza que as mulheres estão se sujeitando a subordinação de uma espécie de prisão invisível em que seus papéis se limitam a serem apenas de vítimas.

Focar apenas no medo pode eliminar a gama de repostas emocionais comparadas a tristeza e raiva, assim afetando a qualidade de vida.

Todavia, ele pode também ser eficaz quando adaptável a situações no preparo para manejar riscos.

A insegurança emocional tem sido percebida como um conceito que integra respostas cognitivas avaliativas de probabilidade derivado de potencial sofrimento emocional ou vitimado bem como comportamento protetivo.

É um constructo de difícil operacionalização e ambiguidade, oferecendo paradoxos em sua percepção subjetiva.


Insegurança emocional – Sintomas

A insegurança pode ser tida como um sentimento de inferioridade e incapacidade e seus principais sintomas são: baixa autoestima, pessimismo, dificuldade na tomada de decisões, medo da rejeição, medo do fracasso e comportamento antissocial.

A dúvida é algo que abala as capacidades e funcionalidades com a insegurança emocional pois, a autoimagem demonstra-se fragilizada.

A percepção que o outro é mais inteligente e capaz também prejudica, as comparações diminuem o senso de autoeficácia.

Deixar de planejar quando se está inseguro é um fato que pode acontecer por vezes categoricamente ou continuamente.

Na adolescência a insegurança emocional se encontra ainda mais fragilizada. Evidências científicas
corroboram afirmando que adolescentes tendem a maiores estímulos emocionais excitatórios, devido
suscetibilidade dopaminérgica da fase, com impulsos, aceleração e reatividades, respondendo com certo tom ameaçador de irritação, o que é natural nesse período também.

O cerne a insegurança emocional se inicia na infância. A relação que a criança estabelece com os pais será
um preditor dos mecanismos futuros utilizados pelos adulto em associações que fará frente conflitos possíveis entre familiares e problemas externos que enfrentará sozinho.

Todavia, geralmente crianças que foram expostas a conflitos entre seus pais intensamente podem sofrem de insegurança emocional a longo prazo, com graves prejuízos em externalizar os sentimentos em níveis como: comportamento reativo emocional forte e prolongado; caracterizado por medo e angústia; tentativa de confortar os pais nas relações interpessoais quando há envolvimento em conflitos; e comportamentos de raiva, coerção e controle como reflexo de desregulação comportamental.

crianca

Embora estudos venham auxiliando na descrição da insegurança emocional, ainda é um conceito
multifacetado composto de reações emocionais, cognitivas e comportamentais.

Sabe-se que a insegurança apresenta efeitos psicológicos relevantes na vida da pessoa e isso salienta o quanto sintomas como desconfiança, ansiedade e até alienação são presentes na rotina.

Por exemplo, o medo de sair de casa ou do bairro em que se reside, acaba por restringir o morador a suas atividades de costume. Pessoas mudam de região e essa insegurança emocional diminui o sentimento de envolvimento e solidariedade com as pessoas a sua volta.

O risco de perder o emprego também traz insegurança emocional. O impacto do desemprego gera
desdobramentos como o estresse ocupacional.

Dessa forma, a insegurança no emprego proporciona estados emocionais que afetam bem-estar e saúde dos colaboradores da organização, e consequentemente comprometendo a satisfação e rendimento com o trabalho.

A insegurança emocional também pode aparecer nos relacionamentos afetivos. Antes de haver o ciúme
propriamente dito, o parceiro sente que está desconfortável no relacionamento amoroso por algum motivo real ou fantasioso.

Conversar pode ajudar a descobrir o que está trazendo este desconforto para um ou para ambos. Ás vezes, o ambiente da relação altera para uma tensão fugaz que traz mal-estar e desgastes a longo prazo.

Quem está pela primeira vez aprendendo a dirigir ou aprendendo algo novo em sua vida experimentará a
sensação se insegurança emocional também.

Aquela desconfiança nas próprias habilidades e potencialidades são colocadas em jogo e então ocorre aquela descarga de adrenalina, independentemente da idade.

É a resposta do organismo para enfrentar uma situação importante, preparando em estado de alerta e atenção, aptando seus recursos aprendidos ou não para momento em questão. Mesmo que seja a primeira vez o corpo responderá perfeitamente, pois ele é pleno.

Portanto, sabendo que a insegurança emocional é algo desenvolvido no decorrer da história de cada
indivíduo, algumas pessoas podem necessitar de ajuda psicológica e até psiquiátrica em casos como esse.


Insegurança emocional – Como tratar

Cuidar dos sentimentos, ou melhor de estados psicológicos, é aferir cuidado de saúde mental e qualidade de vida.

O psicólogo tem o objetivo que propor um atendimento no qual a pessoa possa trabalhar as questões que envolvam a insegurança emocional como queixa principal, sendo esse o norteador do tratamento.

Por meio de técnicas cognitivas e comportamentais, o terapeuta auxiliará o paciente a conduzir seu processo terapêutico personalizado e delimitado, sempre com o suporte emocional de demandas recorrentes.

A estrutura das sessões é focada na queixa primária, a insegurança emocional, priorizando que o paciente possa se fortalecer de suas defesas emocionais e egoicas e também reconhecer suas capacidades e descobrir novos potenciais.

Quando falase de insegurança emocional, o papel do vínculo de confiança deve ser trabalhado e fortificado a cada sessão para então o paciente se sentir um pouco confiante nas pessoas e na vida.

Algumas tarefas de casa são recomendadas para promover compreensão do autocuidado e autoconhecimento.

O paciente precisa se sentir confortável nas sessões. Momentos de tensão existirão, porém existe a hora exata pata tal, até porque o indivíduo se encontra vulnerável e frágil. O mais importante é respeitar o tempo do paciente. Mostrar segurança, respeito e validade.

A melhor abordagem psicológica é aquela a qual o paciente se identifica. O psiquiatra faz prescrição medicamentosa e escuta terapêutica. Há uma série de medicamentos psiquiátricos atualmente de última geração que não afetam a cognição tanto quanto outros antigamente.

Esse avanço melhora a qualidade de vida a longo prazo e o tratamento desses pacientes mais graves. Lembrando que, apenas um especialista poderá avaliar e dizer a necessidade do uso ou não.

O sentimento de insegurança emocional pode ser percebido por todos. Pelo menos em algum momento
alguém já sentiu, porém não soube nomeá-lo. É difícil ao mesmo tempo descrever o que sente e escrever o que se é. Essa é a maleabilidade do conceito da insegurança emocional.

A complexidade repercute em vários campos e está sendo discutida para além daquilo que já se sabe sobre. Novas pesquisas estão a caminho e o futuro desse assunto não se esgotará. A insegurança emocional é um tema intrigante e sem precedentes.


Referências:

  1. Almanza Avendaño AM, Romero-Mendoza M, Gómez San Luis AH. From harassment to disappearance: Young
    women’s feelings of insecurity in public spaces. PLoS One. 2022 Sep 7;17(9):e0272933.
  2. Carrard, R. P. (2022).A insegurança no emprego: um olhar nas pessoas em um processo de fusão e aquisição (Doctoral dissertation).
  3. Cassas, L. P. (2019). Sentimento de insegurança: um ensaio metapsicológico (Doctoral dissertation, Universidade de São Paulo).
  4. Colmán, L., & Souza, R. (2009). Violência, sentimento de insegurança e incivilidade. Revista Senso Comum, 1(1), 38-46.
  5. Davies PT, Pearson JK, Cicchetti D, Martin MJ, Cummings EM. Emotional insecurity as a mediator of the moderating role of dopamine genes in the association between interparental conflict and youth externalizing problems. Dev Psychopathol. 2019 Aug;31(3):1111-1126.
  6. Ebook – Insegurança Emocional – Raphael Santos (CRP 04/55010).
  7. Schermerhorn AC, Nguyen PK, Davies PT. The interplay among interparental conflict, children’s emotional insecurity, neurophysiological correlates of processing interparental conflict cues, and externalizing symptoms. Dev Psychobiol. 2021 Nov;63(7):e22192.

Adhila Carlos Oliveira de Espírito

CRP 06/109972
Psicóloga.
Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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Adhila Carlos Oliveira de Espírito

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Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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