Autofobia: O Medo de Ficar Sozinho

medo de ficar sozinho

O Medo: Uma Emoção Primária

Cientificamente o medo é considerado uma emoção primária comum desde infância a adolescência, sendo por vezes uma reação adaptativa que advém da proteção do indivíduo a situações perigosas em potencial, capaz de liberar um fluxo de energia que incentiva a pessoa a procurar estratégias de enfrentamento ao perigo eminente.

Biologicamente, o ser humano está preparado para desenvolver estruturas de aprendizagem acerca do medo a priori do que outras. Isso porque, alguns estímulos são adquiridos mais depressa do que outros como: cobra, aranha e precipício, podendo variar de pessoa para pessoa.

Sintomas de autofobia
Medo persistente de ficar sozinho
Ansiedade sobre o possível abandono
Evitação intensa de ficar sozinho
Ataques de pânico ou sintomas físicos de angústia quando deixado sozinho
Uma sensação de pavor ou perda de controle quando está sozinho
Depressão ou tristeza quando forçado a ficar sozinho
Extrema necessidade de estar perto de pessoas e buscar companhia constantemente
Pensamentos obsessivos sobre estar sozinho

O Medo: Uma Emoção Primária

Geralmente, os medos temidos são entendidos como fantasias inconscientes e defesas contra elas relacionadas a expressões da ansiedade acumulada. Pode ser que, um objeto neutro carregue uma simbologia a respeito de um sentido negativo, tornando algo fóbico para a pessoa, de modo que a resolução de atividades de fora parece dificultosa, cheias de medos e inseguranças.

Porém, os sentimentos proporcionados pelo medo podem ser passageiros se o indivíduo estiver disposto a abordar de maneira construtiva o antagonismo que se faz presente no choque de forças confrontadas.

Sintomas Característicos do Medo

Caracteriza-se pela ausência de controle de suas reações, experimentando submissão e passividade. Na hora do estímulo estressante, os órgãos sensoriais do organismo percebem e soltam substâncias químicas geradoras de reações como, aumento da frequência cardíaca, respiração rápida e ativação do tônus muscular.

Para a neurobiologia, a circuitaria cerebral evolvida consta do tálamo, responsável pela transmissão das informações sensoriais, o córtex frontal que interpreta dados do campo sensorial, o hipocampo capaz de decodificar estímulos relacionando com memórias, a amígdala cujo papel é alertar e sensibilizar, o hipotálamo parte importante que ativa as respostas de luta e fuga e por último, os sistemas nervosos e adrenocortical simpáticos. O medo pode salvar vidas em milhões de segundos frente a estímulos perigosos.

Pode ser que, o medo irracional e quando prolongado, traga dificuldades que impeçam de concretizar atividades com sucesso, fazer amizades, frequentar espaços lotados, falar em público e se expor a grandes alturas. Num transtorno de ansiedade denominado fobia, o medo é persistente e com as mesmas características acima, porém em decorrência de experiências traumáticas.

Fator de riscoDescrição
Trauma passadoExperimentar um evento traumático, como abuso ou incidente violento, pode levar ao desenvolvimento de autofobia.
História da FamíliaUm histórico familiar de autofobia ou outras condições de saúde mental pode aumentar o risco de um indivíduo desenvolver o distúrbio.
PersonalidadeIndivíduos com uma personalidade mais introvertida, tímida ou ansiosa podem ter maior probabilidade de desenvolver autofobia.
Isolamento socialA falta de interação ou apoio social pode aumentar o risco de desenvolver autofobia.
Abuso de substânciasO uso indevido de drogas ou álcool pode levar a sentimentos aumentados de ansiedade social e pode contribuir para o desenvolvimento de autofobia.

O Medo de Ficar Sozinho – Autofobia

medo de ficar so

O medo pode ser representado por meio de alguns sintomas, entre eles: retraimento social, apatia, tristeza e falta de concentração. Quando não controlado, interferindo em tarefas diárias, se faz necessário buscar ajuda especializada por conta de sua intensidade.

Tal premissa corrobora para a crença de que o medo patológico tem proporções maiores do realmente justificáveis para as situações vigentes, não guardando uma associação com a pauta real reduzindo à medida que se enfrenta o problema. Infelizmente, para algumas pessoas, ao enfrentar o medo patológico o quadro tende a piorar sua crise.

Medo Fisiológico e Psicológico

Entre os problemas a serem destacados que geram medo na vida das pessoas, as questões psicossociais tendem a agravar, como problemas sociais, dificuldades de concentração, dificuldades de resolução de problemas, problemas de saúde e problemas acadêmicos.

Atualmente, sabe-se que o medo está alicerçado em situações que se tem como a pandemia, andar de avião ou participar do casamento dos filhos. Entretanto, novas configurações vêm surgindo na contemporaneidade, onde o medo também está presente. O medo de ficar sozinho ou autofobia é algo que se apresenta e intriga vários especialistas.

MecanismoMedo emocionalPsicológico
AmígdalaA ativação da amígdala causa respostas de medoA amígdala ajuda a estabelecer e manter memórias relacionadas ao medo
HipotálamoO hipotálamo é responsável pela resposta de “luta ou fuga”O hipotálamo é responsável pela regulação dos hormônios do estresse
HipocampoO hipocampo está envolvido no processamento de memórias relacionadas ao medoO hipocampo está envolvido na formação de novas memórias e aprendizagem associativa

Mesmo diante de um mundo altamente conectado a todo instante, os estímulos a interatividade e entretimento são recorrentes e facilidades de comunicação se fazem mundialmente, por que então se sentir com esse receio?

Tratamentos Comportamentais e Cognitivos

Parece que se vive um paradoxo, ao mesmo tempo em que se está perto se está longe. Não se tem a certeza de nada e por isso o medo impera de ficar só. É o medo de não obter o autocontrole daquilo que se controla a todo momento. Talvez a solidão seja outo aspecto a ser observado dentro do medo, da fantasia de ficar só.

De certa forma, será que as pessoas de fato estão preparadas suficientemente para viver sozinhas? Ou será que essa presunção e insegurança mexe com a matriz emocional da maturidade de equilíbrio pois não se sabe como lidar com o novo? O medo de ficar só é a oportunidade de crescimento e mergulho interno ao autoconhecimento pessoal.

Possibilidades de tratamento incluem:

  • Terapia Comportamental Cognitiva (TCC) – Uma forma de psicoterapia usada para identificar e modificar padrões de pensamento e comportamentos negativos.
  • Terapia de exposição – Uma abordagem que expõe gradualmente uma pessoa à situação temida, ajudando-a a ganhar controle sobre seu medo.
  • Técnicas de relaxamento – Uma variedade de técnicas, como atenção plena, relaxamento muscular progressivo e respiração profunda para relaxar o corpo e reduzir o estresse.
  • Visualização – Uma técnica que envolve a criação de uma imagem mental de um resultado desejado para reduzir o medo e a ansiedade.
  • Diálogo Interno Positivo – Uma técnica usada para substituir pensamentos e crenças negativas por outros mais positivos e realistas.
  • Apoio Social – Conectando-se com a família, amigos e outras pessoas de apoio para ajudar a controlar o estresse e a ansiedade.
  • Meditação – Uma prática que envolve focar a mente no momento presente, acalmar o sistema nervoso e melhorar a autoconsciência.

Medo na Contemporaneidade

medo e solidao

A ativação fisiológica que fundamenta o medo é inconfundível, por exemplo com palpitações, falta de ar, tonturas, suor, tremores e calafrios. Ter medo pela literatura psicológica ao decorrer do desenvolvimento da espécie se foi criando padrões automáticos de resposta. Assim, é possível supor que tratamentos comportamentais são bem-vindos nesses casos.

Então a modificar um comportamento relacionado ao medo pode ser viável, seja elede evitação ou fuga, reduzindo sintomas fisiológicos importantes, conteúdos e processos relacionados ao medo. A terapia cognitivo comportamental auxilia primordialmente no enfrentamento de interpretações catastróficas.

Por ser uma emoção negativa costumeira caracteriza a personalidade e isso influi sobre a forma de pensar e agir, sobretudo reagindo em si mesmo e no medo de que temos dele. O medo deve ser analisado a partir de 3 elementos: o verbal, onde acontece uma avaliação subjetiva sobre o autorrelato; o motor, aquele em que se despende comportamento observável reacional orgânico e o psicológico.

Acredita-se que, a enorme gama de informações diárias cria um tipo de medo, mesmo sendo abstrato e evasivo, diferente de dilemas cotidianos decorrentes de violência urbana manifesta na atualidade. Na neurobiologia, o sistema de alerta é ativado e dependendo do estímulo ajuda a estabelecer respostas produtivas ou patológicas. Fato é que o medo pode auxiliar em tarefas eficazmente, todavia em situações mais intensas questões cognitivas acabam por reduzir seu potencial.

Por conseguinte, se proporcionar relações interpessoais saudáveis facilite a interpretação e percepção adequada da realidade, assim construindo um mundo interno mais harmonioso, pois a elaboração da subjetividade é dinâmica, e ocorre à medida que se adquire conteúdo, influenciando a percepção e estímulos novos, transformando e alterando a consciência. A atividade cerebral é capaz de processar desde estímulos simples até aqueles considerados mais complexos, podendo resolver problemas matemáticos a questões filosóficas.

Por enquanto, se pensa em aprendizagem socioemocional cujo objeto é aprender e reforçar habilidades que permitam melhor convívio consigo e com outros, na premissa de que fortaleça um conjunto de competências em prol do aprimoramento e crescimento sadio, ou seja, aumento dos fatores protetores e a diminuição dos fatores de risco.

Visa melhorar o desempenho acadêmico e profissional do indivíduo segundo suas habilidades, buscando o autoconhecimento, consciência do entorno social, tomada de decisão e autocontrole.

Aprendizagem Socioemocional

medo de ficar sozinho

Como consequência, o medo tem sido representado como importante dimensão da consciência nesse século XXI, se associando ora com narrativas do passado, ora com narrativas do futuro, tais quais, a política do medo, medo do crime e o medo do imprevisível, recursos que operam com missão de dar um significado a experiência.

O medo pode ser fruto de uma situação, no entanto, em certo grau, é produto de uma construção social, construído tal qual na capacidade de agir na interação com os outros. Ganha movimento em função de como é interpretado para só então proporcionar uma narrativa cultural. Apesar da vivência emocional moldar um componente relevante, no sentido de conceitualizar o medo, se faz necessário sempre analisar a narrativa social subjacente.

O Medo na Narrativa Social

Urge pensar que o diagnóstico do mundo repleto de inseguranças, mas também de incertezas, onde o medo traz de vários ângulos sua perspectiva de riscos e providências, em um processo de ambivalências dentro da modernidade do campo da ciência e da sociedade.

REFERÊNCIAS:

  1. Bălan O, Moise G, Moldoveanu A, Leordeanu M, Moldoveanu F. Fear Level Classification Based on Emotional Dimensions and Machine Learning Techniques. Sensors (Basel). 2019 Apr 11;19(7):1738.
  2. Baptista, A., Carvalho, M., & Lory, F. (2005). O medo, a ansiedade e as suas perturbações. Psicologia, 19(1/2), 267-277.
  3. Brito, D. C. D., & Barp, W. J. (2008). Ambivalência e medo: faces dos riscos na modernidade. Sociologias, 20-47.
  4. Fort, M. C. (2016). Insegurança e medo: exageros midiáticos?. Ação Midiática–Estudos em Comunicação, Sociedade e Cultura., 1(11), 73-102.
  5. Furedi, F. (2013). Para uma sociologia do medo. Risco, cidadania e Estado num mundo globalizado. Coimbra: Contexto, CES–Centro de Estudos Sociais, 191-210.
  6. Prado,A.L.,&Bressan,R.A.(2016).Oestigmadamente:transformandoomedoemconhecimento.Revista Psicopedagogia, 33(100), 103-109.
  7. Roazzi, A., Federicci, F. C., & Carvalho, M. D. R. (2002). A questão do consenso nas representações sociais: um estudo do medo entre adultos. Psicologia: teoria e pesquisa, 18, 179-192.
  8. Schoen, T. H., & Vitalle, M. S. S. (2012). Tenho medo de quê? Revista Paulista de Pediatria, 30, 72-78. Ádhila C. O de Espírito (CRP 06/109972) Especialista em Saúde Mental

Adhila Carlos Oliveira de Espírito

CRP 06/109972
Psicóloga.
Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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Experiência em Triagem, Atendimento e Pesquisa de Saúde Mental pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina. Atuação na Área de Psicologia com Avaliação e/ou Atendimento Psicológico e
Acompanhamento Terapêutico de Alta Complexidade em Equipamentos de Saúde de Nível Terciário ou Autônomo.
Colaboração em Pesquisa Científica de Projetos da Área da Saúde e Atividades Acadêmicas Correlatas, a saber: Medicina Preventiva, Psiquiatria e Psicobiologia.

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