A Tinea Cruris, mais conhecida popularmente como micose de virilha, é um tipo de micose superficial, podendo também ser descrita como uma infecção causada por dermatófitos que ocorrem na pele próxima aos órgãos genitais.
As dermatofitoses – que também costumam ser chamadas de tinea ou tinha – são infecções de origem fúngica que ocorrem na pele e/ou nas unhas. No caso da Tinea Cruris, ela costuma ser causada pelo fungo Trichophyton rubrum ou pelo T. mentagrophytes.
A Tinea Cruris é considerada como sendo a segunda apresentação clínica mais importante de uma dermatofitose. Dessa maneira, separamos neste texto pontos importantes para você saber sobre a Tinea Cruris, os sintomas mais comuns, quando buscar ajuda médica, os possíveis tratamentos e entre outros detalhes e curiosidades.
Como a Tinea Cruris é transmitida?
A micose de virilha se trata de uma infecção contagiosa, que costuma ser transmitida principalmente a partir de fômites ou por autoinoculação.
Fômites, de maneira simplificada, são objetos que podem transportar microrganismos patogênicos. Dessa maneira, toalhas, itens de higiene, roupas, meias e entre outros costumam ser fômites comuns de dermatofitoses.
Já a transmissão por autoinoculação, como o próprio nome já remete, significa que a inoculação ocorre de um indivíduo para ele próprio. Um exemplo clássico seria o de uma dermatofitose na unha que acaba “passando” para outras regiões do corpo de uma mesma pessoa, como a área próxima às genitálias no caso da micose de virilha.
Em geral, a Tinea Cruris tende a ocorrer 3 vezes mais em homens do que em mulheres, e em sua maioria em pessoas mais jovens, principalmente adolescentes. Porém, por mais que haja tal tendência, essa infecção fúngica pode ocorrer em ambos os sexos e nas mais diversas faixas etárias.
Sintomas da micose na virilha
Entre os sintomas da Tinea Cruris, podemos citar alguns mais comuns, como por exemplo:
- Erupções na pele
- Pele avermelhada
- Formação de escamas na região afetada
- Formação de um líquido purulento na região
Em relação à descamação ou a produção de secreções, é importante pontuar que elas não ocorrem conjuntamente.
Em alguns casos, pode ocorrer uma infecção úmida e com liberação de um produto purulento e seroso, e em outros casos a infecção pode ocorrer de maneira seca e com um padrão maior de descamação da pele na região afetada.
Sintoma | Descrição |
---|---|
Coceira na pele | Tinea cruris é caracterizada por uma coceira intensa. Pode ser tão grave que impede o sono, afeta a concentração e causa extremo desconforto. |
Erupção cutânea | A erupção cutânea associada à tinea cruris costuma ser vermelha e escamosa. Pode aparecer como um patch, um anel ou até mesmo uma linha. A erupção também pode ser acompanhada de pústulas, bolhas e descamação da pele. |
Sensação de queimação | As pessoas afetadas por tinea cruris geralmente experimentam uma sensação de queimação na área afetada. Essa sensação pode ser tão intensa que dificulta o uso de certos tipos de roupas. |
Manchas escuras | As manchas escuras associadas à tinea cruris geralmente aparecem na região da virilha, nádegas e parte interna das coxas. Essas manchas geralmente são mais escuras do que a pele ao redor e podem ser acompanhadas de vermelhidão. |
Dor | Tinea cruris pode causar dor na área afetada, especialmente ao coçar ou esfregar a pele. Essa dor pode variar de leve a intensa e pode ser tão intensa que afeta as atividades diárias. |
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial para tinea cruris inclui várias outras condições dermatológicas que afetam a região da virilha com apresentação semelhante.
Candidíase, eritrasma, psoríase e dermatite seborreica apresentam sinais e sintomas semelhantes, sendo mais comumente confundidos com infecção fúngica na virilha.
Ao contrário da tinea cruris, a Candida intertrigo geralmente afeta as mulheres, e a erupção pode envolver o escroto e o pênis nos homens.
Lesões satélites e eritema sem compensação central são indicativos de Candida em oposição a tinea. A erupção do eritrasma não tem borda ativa e mostra fluorescência de coral vermelho ao exame na lâmpada de Wood.
É provável que a psoríase apareça em outras áreas além da região da virilha. A dermatite seborreica apresenta-se com escamas gordurosas de base eritematosa.
Como tratar casos de Tinea Cruris
O diagnóstico da micose de virilha é constituído a partir de exames de lâmina e da aparência clínica mediante a avaliação de um médico.
Após averiguado de que se trata de um caso de Tinea Cruris, há alguns possíveis caminhos de tratamento que podem ser seguidos, envolvendo geralmente o uso de um antifúngico e algumas outras medidas que auxiliam na melhora do quadro.
Em casos mais simples, a infecção pode ser tratada apenas com o uso de um antifúngico tópico, como uma pomada ou creme. Já em casos mais complexos de infecções extensas ou recorrentes, uma terapia antifúngica sistêmica com a administração oral de medicamentos pode ser necessária.
Alguns tratamentos podem também fazer uso de talcos de ação antifúngica ou de algumas compressas, porém, o uso destas técnicas deve sempre ser indicado por um médico após o fechamento de um diagnóstico.
A escolha do tratamento farmacológico para tinea cruris depende de vários fatores, como preferência do paciente, histórico médico, alergias, custo, disponibilidade e possíveis efeitos adversos. O tratamento deve ser adaptado para cada caso individual e monitorado por um profissional de saúde
Tratamento tópico
Infecções fúngicas cutâneas, como tinea corporis e tinea cruris, são tipicamente tratadas com medicamentos tópicos, como azóis, alilaminas, derivados de benzilamina e hidroxipiridonas.
Vários estudos mostram que a maioria dos antifúngicos tópicos tem eficácia semelhante em alcançar a cura micológica ao final do tratamento. No entanto, alguns agentes, como butenafina e terbinafina, podem ter taxas mais altas de cura sustentada do que outros. Os antifúngicos tópicos são geralmente bem tolerados, com poucos efeitos adversos. A evidência para terapia combinada com esteroides tópicos e antifúngicos é limitada e inconclusiva.
Nome | Preparações | Duração do uso |
---|---|---|
Clotrimazol | Creme a 1% | 2-3 vezes ao dia por pelo menos 4 semanas |
Econazol | Creme a 1% | Uma vez por dia por até 4 semanas |
Miconazol | Creme 2% | Uma ou duas vezes por dia por até 4 semanas |
Terbinafina | Creme a 1% (crianças acima de 12 anos) | Uma ou duas vezes por dia por até 1-2 semanas |
Naftifina | Gel ou creme a 1% (apenas para adultos) | Uma vez por dia por até 4 semanas |
Butenafina | Creme a 1% (apenas para adultos) | Uma vez por dia por até 4 semanas |
Os tratamentos antifúngicos tópicos são importantes para o tratamento de infecções por tinea porque podem fornecer alívio rápido dos sintomas, prevenir a disseminação da infecção, reduzir o risco de complicações ou recorrência e evitar os possíveis efeitos colaterais ou interações dos antifúngicos orais. Os tratamentos antifúngicos tópicos devem ser escolhidos com base no tipo e gravidade da infecção, preferência do paciente, custo-efetividade, disponibilidade e perfil de segurança.
Classe | Exemplos | Eficácia | Duração | Efeitos adversos |
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Azólicos | Cetoconazol, clotrimazol, miconazol, oxiconazol, sertaconazol, ciclopirox | Eficaz na obtenção da cura micológica ao final do tratamento. Sem diferença significativa entre os azólicos. Inferior à butenafina e terbinafina na cura sustentada. | Uma ou duas vezes por dia durante duas a quatro semanas | Leve e pouco frequente. Pode incluir irritação local, queimação, coceira ou dermatite de contato alérgica. |
Aliaminas | Terbinafina, naftifina | Eficaz na obtenção de cura micológica no final do tratamento e cura sustentada²⁶. Superior ao clotrimazol, oxiconazol e sertaconazol na cura sustentada². Superior ao ciclopirox na cura fúngica². | Uma vez ao dia por uma a duas semanas (terbinafina) ou quatro semanas (naftifina) | Leve e pouco frequente. Pode incluir irritação local, queimação, coceira, ressecamento, eritema ou dermatite alérgica de contato |
Benzilamina | Butenafina | Eficaz na obtenção de cura micológica no final do tratamento e cura sustentada. Superior ao clotrimazol na cura sustentada. Semelhante à terbinafina . | Uma vez ao dia por duas semanas | Leve e pouco frequente. Pode incluir irritação local, queimação, coceira ou dermatite de contato alérgica. |
Hidroxipiridonas | Ciclopirox | Eficaz em alcançar a cura micológica no fim do tratamento. Inferior à terbinafina na cura fúngica. | Duas vezes ao dia durante quatro semanas | Leve e pouco frequente. Pode incluir irritação local, queimação ou coceira. |
No entanto, quando a infecção abrange grandes áreas do corpo, é crônica ou recorrente, ou afeta pacientes imunocomprometidos, o tratamento sistêmico pode ser necessário.
Tratamentos orais
Os tratamentos orais são geralmente preferidos pelos pacientes porque são mais convenientes.
Os tratamentos orais comumente usados incluem cetoconazol, griseofulvina, terbinafina, fluconazol e itraconazol.
O cetoconazol apresenta rara associação com hepatotoxicidade, enquanto a griseofulvina apresenta rápido desaparecimento do estrato córneo, levando a maior risco de recidiva. A terbinafina é geralmente prescrita na dosagem de 250 mg/dia por 2 a 4 semanas. O fluconazol é eficaz com a terapia semanal, enquanto o itraconazol é eficaz com um regime de 200 mg por dia durante 7 dias.
É importante observar que o uso de aplicação tópica de corticosteroide não é recomendada, pois pode levar à supressão dos sinais físicos e ao desenvolvimento de tinha incógnita.
Indicação de antifúngicos sistêmicos nas dermatofitoses
- Tinea capitis
- Tinea afetando as unhas
- Tinea envolvendo mais de uma região do corpo simultaneamente, por exemplo, tinea cruris e corporis, ou tinea cruris e tinea pedis
- Tinea corporis onde as lesões são particularmente extensas. No entanto, não há uma definição aceita de doença extensa
- Tinea pedis quando há envolvimento extenso da sola, calcanhar ou dorso do pé, ou quando há bolhas recorrentes e problemáticas.
Prevenção
Além do uso de medicações, há alguns hábitos que podem auxiliar na melhora do quadro, gerar uma maior sensação de conforto e até reduzir as chances de ocorrência ou do retorno do quadro infeccioso.
Entre tais fatores, podemos citar por exemplo:
- Evitar o uso de roupas muito apertadas na região da virilha
- Manter a área seca e sempre que possível arejada
- Evitar roupas de baixo de tecidos que abafem a região
- Evitar ao máximo compartilhar toalhas e roupas com outras pessoas
- Prestar atenção ao uso e compartilhamento de diferentes tipos de fômites no dia a dia
- Manter a região afetada limpa sempre que possível
- Evitar fricção na região, como roupas de tecidos que causem desconforto e que raspem nas coxas, causando aumento do desconforto e irritando ainda mais a pele da região
Quando buscar ajuda médica
Caso você acredite estar passando por um quadro de Tinea Cruris, ou suspeite que alguém próximo esteja com a infecção, busque ajuda médica com um profissional da área da dermatologia assim que possível.
Dessa maneira, caso esteja apresentando coceiras, vermelhidão e padrões de descamação ou formação de umidade e até mesmo alguma produção viscosa e purulenta na pele da região da virilha, busque ajuda dermatológica especializada.
Infecções fúngicas podem ser complicadas e podem se tornar quadros recorrentes quando não são tratadas devidamente, portanto a automedicação não é aconselhada. Dessa forma, busque sempre apoio médico para que um diagnóstico seja realizado e o tratamento mais adequado possa ser iniciado.