Tratamento para hiperidrose: Principais recomendações

Tratamento para hiperidrose

O suor é um importante mecanismo regulatório do corpo. Sendo endotérmicos, somos responsáveis por produzir nosso próprio calor, o que ajuda a manter nossos sistemas funcionando corretamente, inclusive em épocas mais frias.

Porém, em certos casos, especialmente nas épocas mais quentes do ano, isso apresenta certa desvantagem. É possível que nosso corpo atinja temperaturas altas demais, o que também prejudica o funcionamento do organismo. Isso pode acontecer também durante a atividade física, visto que os sistemas estão utilizando maiores quantidades de energia, o que resulta em maior produção de calor.

O suor é a resposta do nosso corpo para esses casos. A evaporação natural do suor produzido contribui para diminuir a temperatura da pele, que está mais quente que o normal nessas situações, o que por sua vez ajuda a regular a temperatura do interior do corpo.

No entanto, pode acontecer desse importante sistema de regulação apresentar certo nível de disfunção, ocasionando a produção de maiores quantidades de suor do que o necessário. Essa disfunção é chamada de hiperidrose.

A hiperidrose é uma condição relativamente comum, atingindo até 2% da população. Devido à “má fama” do suor, sendo associada a odores desagradáveis e à sujeira, a hiperidrose acaba causando problemas de relacionamento, especialmente nos âmbitos sexuais e profissionais, e causando problemas como insegurança e ansiedade.

Felizmente, existem vários métodos de tratamento para hiperidrose que podem ajudar a diminuir o nível de produção de suor, contribuindo para uma melhoria da qualidade de vida. Falaremos sobre eles a seguir.

Tratamento para hiperidrose

Atualmente, existe uma grande diversidade de tratamentos disponíveis para redução da hiperidrose. Não existe uma cura fácil e definitiva, que se conseguiria simplesmente tomando algum remédio, mas os tratamentos mais usados apresentam grande efetividade.

Porém, nem todos os tratamentos disponíveis são utilizados ou recomendados com frequência. Alguns não apresentam muita efetividade, enquanto outros apresentam efeitos colaterais desagradáveis. É importante discutir essas questões com o médico que realiza o acompanhamento.

A principal causa da hiperidrose é a desregulação das glândulas sudoríparas, especialmente nas axilas, na palma das mãos e na planta dos pés. Em alguns casos, apresenta origem genética, estando presente desde a infância, sem causa aparente.

A hiperidrose também pode ser originada de outros fatores, especialmente na idade adulta. Algumas doenças, como diabetes, AIDS, linfoma e doenças da tireoide podem induzir sua ocorrência, assim como pode a menopausa e o abuso crônico de álcool. Alguns medicamentos também podem ser responsáveis por ela, como o omeprazol, antidepressivos, propranolol, insulina, entre outros.

Nesses casos, conhecidos na literatura médica como “hiperidrose secundária”, o tratamento correto consiste em controlar a causa, isto é, tratar a doença ou condição subjacente ou parar de usar a medicação, quando possível.

Para os outros casos, ou em casos em que não é possível realizar tal controle, existem alguns tratamentos que podem ser efetivos em controlar a sudorese.

TratamentoDescrição
AntitranspirantesAntitranspirantes tópicos contendo cloreto de alumínio ou outros ingredientes podem ser usados para tratar áreas localizadas de suor.
AnticolinérgicosEsses medicamentos bloqueiam os sinais químicos que estimulam as glândulas sudoríparas.
Injeções de BotoxAs injeções de botox são usadas para tratar a transpiração excessiva em áreas como axilas, mãos e pés.
Tratamento de EstresseTécnicas de relaxamento, como respiração profunda, ioga e meditação, podem ajudar a reduzir o estresse e a transpiração.
IontoforeseIsso envolve o uso de uma corrente elétrica para bloquear temporariamente as glândulas sudoríparas.
Tratamento a laserOs tratamentos a laser podem ser usados para atingir e destruir as glândulas sudoríparas hiperativas.
Simpatectomia Torácica EndoscópicaEste é um procedimento cirúrgico que envolve cortar os nervos que controlam a transpiração.

Medicamentos

Existem alguns medicamentos que apresentam certa eficácia em reduzir os níveis de produção de suor. Dentre eles, destacam-se o glicopirrolato e a oxibutinina, medicamentos conhecidos como anticolinérgicos.

Esses medicamentos funcionam interferindo na comunicação entre o sistema nervoso e as glândulas sudoríparas. Mais especificamente, interferem na transmissão dos neurotransmissores que ativam a produção de suor por parte das glândulas.

Embora apresentem certa eficácia, seu uso não é recomendado com frequência. A principal questão é que apresentam tendência a causar efeitos colaterais desagradáveis, como boca seca, dor de cabeça, constipação ou diarreia e retenção urinária, o que pode tornar o tratamento não tão vantajoso.

Os remédios precisam ser tomados regularmente, pelo resto da vida, visto que cessar o seu uso resulta no retorno da hiperidrose.

Antitranspirantes

Uma das formas mais comuns de controlar o suor é através do uso de desodorantes antitranspirantes. Esses desodorantes, além de melhorar o odor da região, também diminuem a produção de suor. Porém, são mais efetivos quando usados nas axilas e no tronco, não sendo tão efetivos na palma das mãos e na planta dos pés.

Os antitranspirantes apresentam alguns compostos de alumínio que conseguem reagir com o suor logo após serem expelidos pelas glândulas sudoríparas. Essa reação produz uma substância gelatinosa que se infiltra nos dutos dessas glândulas, impedindo que o suor continue a sair.

O uso de antitranspirantes tende a ser muito efetivo para várias pessoas que lidam com hiperidrose, e em alguns casos são o único tratamento para hiperidrose necessário. As substâncias, porém, tendem a sair naturalmente, então pode ser necessário reaplicá-lo ao longo do dia.

Porém, nem todas as pessoas se adaptam bem ao seu uso regular. Em algumas pessoas, sua utilização pode causar coceira e irritação na pele, portanto, nem sempre é possível manter o seu uso, visto que isso pode causar prejuízos à qualidade de vida também.

Tratamento do estresse

Em algumas pessoas, a causa principal da hiperidrose não é totalmente genética nem a presença de doenças subjacentes, mas problemas de estresse e ansiedade crônicos, por exemplo, devido à vida profissional ou pessoal.

O estresse e a ansiedade podem induzir episódios de suor excessivo esporadicamente, especialmente quando os sintomas estiverem mais intensos, e, por sua vez, o acontecimento frequente de episódios de hiperidrose pode contribuir para intensificar e aumentar a frequência do estresse e da ansiedade.

Por isso, é importante também buscar quebrar esse ciclo o quanto antes possível. Isso implica na busca por tratamento psicológico adequado e, se necessário, o uso regular de medicamentos ansiolíticos.

O uso de medicamentos psiquiátricos também pode, em alguns casos, causar efeitos colaterais desagradáveis. É importante ficar atento e identificar possíveis novos problemas que possam ter sido originados do medicamento e discuti-los com o profissional que realiza o acompanhamento. Para melhores resultados, é preciso encontrar um medicamento ao qual se adapte bem.

Iontoforese

A iontoforese consiste em um tratamento tópico baseado no uso localizado de íons para impedir o funcionamento das glândulas sudoríparas. Os íons são aplicados no local através de uma solução aquosa e uma corrente elétrica é aplicada sobre a região.

Os íons conseguem penetrar nas glândulas, permitindo que a corrente seja levada até eles. Dessa forma, o funcionamento delas é prejudicado, diminuindo a sudorese.

O tratamento para hiperidrose com iontoforese apresenta até 85% de eficácia, sendo também simples, rápido e pouco doloroso. Porém, os efeitos duram geralmente apenas por volta de um mês, sendo necessário realizá-lo novamente após esse período para o retorno dos efeitos, o que o torna pouco vantajoso nesse quesito.

Algumas pessoas também podem apresentar efeitos colaterais, como pele seca e irritação no local. Portanto, nem todos conseguem se adaptar ao tratamento.

A iontoforese pode ser feita em consultório, sendo isso o ideal para as primeiras sessões, mas o equipamento usado também pode ser adquirido pelo paciente posteriormente, possibilitando que o tratamento seja realizado completamente em casa. Dessa forma, a realização frequente dele se torna mais tolerável e também mais barata.

Toxina botulínica

O uso de toxina botulínica é muito efetivo, sendo um dos tratamentos mais recomendados para a hiperidrose, especialmente quando ocorre nas axilas. Porém, devido às suas características, deve ser realizado apenas por profissional devidamente capacitado.

A toxina botulínica é uma toxina produzida por uma bactéria, sendo um dos causadores do botulismo, doença potencialmente letal. Sua principal característica é o bloqueio da transmissão do neurotransmissor acetilcolina, que, nos músculos, é responsável por induzir sua contração.

Esse bloqueio da contração dos músculos o garantiu diversas aplicações na medicina, como no tratamento do estrabismo, mas também na indústria estética, especialmente no tratamento de rugas, onde é mais conhecida como Botox.

Nas glândulas sudoríparas, esse mesmo neurotransmissor é o responsável por induzir a sudorese. Portanto, a injeção da toxina botulínica nas glândulas é capaz de impedir a sudorese nos locais em que for aplicada, reduzindo a hiperidrose.

Assim como no caso da iontoforese, o efeito é temporário. Porém, a aplicação do Botox reduz a sudorese por aproximadamente seis meses, ao invés de apenas um mês, diminuindo a frequência de reaplicação da toxina.

Deve-se frisar, porém, que é necessário realizá-la apenas com profissional devidamente capacitado. A aplicação indevida do Botox, ou o uso de toxina botulínica com impurezas, pode causar efeitos colaterais graves e é potencialmente letal.

Termólise por micro-ondas

A termólise por micro-ondas é um tratamento para hiperidrose menos conhecido, mas que busca ser uma abordagem mais definitiva para tratar a hiperidrose.

O termo “termólise” significa “quebra a partir da temperatura”. Seu objetivo consiste em utilizar micro-ondas para aumentar a temperatura das glândulas sudoríparas de forma a prejudicar permanentemente o seu funcionamento, impedindo que voltem a produzir suor.

O tratamento apresenta grande grau de efetividade, tornando-o uma boa opção caso os outros tratamentos não tenham sido efetivos. Geralmente, precisa de duas ou três sessões para atingir os resultados desejados, espaçadas em 3 meses. O tratamento pode, portanto, durar quase um ano.

Ele também pode apresentar efeitos colaterais, sendo a principal uma sensação estranha no local de aplicação, que pode durar por volta de um mês. A principal questão, porém, é que atualmente apresenta um custo muito alto, o que pode impedir que seja considerada uma opção por grande parte das pessoas.

Tratamento para hiperidrose a laser

De forma semelhante à termólise, o tratamento a laser também utiliza a temperatura para a destruição das glândulas sudoríparas. No caso, isso é realizado através do uso de um laser, ao invés de utilizar micro-ondas.

Os tratamentos a laser já apresentam décadas de história, sendo utilizados com sucesso tanto na medicina quanto na indústria estética. Embora suas propriedades destrutivas possam ser vistas com desconfiança, devido à alta energia concentrada, ele apresenta grande efetividade em múltiplas aplicações, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e o rejuvenescimento da pele.

Esse tipo de tratamento é minimamente invasivo, o que permite uma recuperação mais rápida. No caso da hiperidrose, porém, geralmente é necessária a realização de uma pequena incisão no local a ser tratado para melhor direcionamento no feixe.

Como resultado, o tempo de recuperação é um pouco maior que o usual e, como no caso de qualquer tipo de incisão, existe também a possibilidade de ocorrerem complicações. Porém, o tratamento é definitivo, resultando em grande diminuição da produção de suor.

Intervenção cirúrgica

Em último caso, é possível realizar um procedimento cirúrgico para reduzir definitivamente a produção de suor no local. Sendo uma intervenção cirúrgica, é a mais invasiva, o que significa também que existem maiores riscos de complicações envolvidas. Por isso, é deixada apenas para último caso.

Existem dois tipos de intervenções possíveis: a lipossucção e a simpatectomia torácica endoscópica (STE).

A lipossucção é semelhante à lipoaspiração, procedimento para a remoção de gordura acumulada. No caso, a lipossucção se baseia no uso de pequenos furos na pele para remover as glândulas sudoríparas através da sucção.

A STE, por outro lado, consiste na remoção dos nervos responsáveis por causar a ativação das glândulas sudoríparas, nervos que estão conectados à medula espinhal.

É um procedimento muito mais invasivo e, portanto, arriscado, visto que consiste na inserção de um endoscópio através da axila para chegar à medula, sendo necessário também desinflar os pulmões, um de cada vez, para ser possível realizar isso.

A STE também tende a apresentar um efeito colateral desagradável: como não é mais possível para o corpo enviar os sinais nervosos aos locais usuais, ele pode induzir o suor excessivo em outras partes do corpo.

Tratamento para hiperidrose

Leia também: Temperatura normal do corpo – Quando é febre?

Conclusão

A hiperidrose é uma condição muito incômoda, ainda que seja benigna e não acarrete em complicações. A principal questão é a humidificação excessiva e constante de certas partes do corpo, em conjunto com os prejuízos a relacionamentos e à autoestima que ele tende a acarretar.

Não existe cura fácil para a hiperidrose, mas existe uma multitude de tratamentos que podem contribuir para reduzir o suor, com grande efetividade. A efetividade de cada tratamento, porém, tende a variar de uma pessoa para outra.

Os tratamentos mais recomendados são os minimamente invasivos, visto que envolvem menores riscos de possíveis complicações. A desvantagem, porém, é que o efeito deles é temporário, sendo necessário realizá-los novamente com certa frequência.

Em último caso, existem alguns tratamentos, com diferentes graus de invasibilidade, que apresentam capacidade de cessar permanentemente a sudorese excessiva nas regiões afetadas. Procure um dermatologia de sua confiança para avaliação.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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