A Hemoglobina Glicada Na Avaliação de Diabetes Mellitus

O exame de hemoglobina glicada (HbA1c) pode ser pedido pelo médico em várias ocasiões, para controle de glicemia, avaliação, confirmar uma suspeita ou uma rotina de exames de saúde.

Pelo fato do teste de glicemia comum ser passivo de mudanças em seus resultados rapidamente pois não mostra em seu resultado uma análise longa do quadro de glicemia.

E sim a glicemia em jejum no momento da coleta. A HbA1c é um recurso seguro e muito utilizado para a análise da glicemia em longo período.


Qual A Diferença Entre Hemoglobina Glicada e Glicose?

A glicose é nossa principal fonte de energia. Após a sua ingestão através dos alimentos em forma de açúcar, a glicose chega ao sangue e deve fornecer energia para o funcionamento das vias metabólicas.

Seus níveis intra e extra celulares são modulados por dois principais hormônios chamados de glucagon que é secretado com níveis baixos de açúcar no sangue e a insulina que será secretada quando os níveis de açúcar no sangue estiverem altos, ou seja, o açúcar a nível celular é a glicose, fruto da quebra de sacarose (açúcar refinado disponível no mercado), por enzimas digestivas.

Existem duas vias metabólicas para a formação de energia, uma quando estamos em jejum que é a gliconeogenese, e a outra quando estamos alimentados, que é a glicólise.

A gliconeogenese tem como objetivo quebrar a gordura (transformar o glicogênio) em glicose. E a glicólise é a quebra de açúcares ingeridos na alimentação, como, por exemplo, o amido para a formação da glicose.

O hormônio que sensibiliza a célula a receber a glicose é a insulina produzida no pâncreas. Sem esta sinalização (falta de insulina ou de sensibilidade à ela) a glicose permanece em excesso no sangue, sem ser utilizada pelos tecidos e células que precisam dessa energia, e se liga as hemácias circulantes, formando a hemoglobina glicada (HbA1c).


E O Exame de Hemoglobina Glicada, Como É Feito?

sangue teste

O princípio consiste no fato de que a glicose em excesso no sangue, liga-se a alguns tipos de hemoglobina específicos presentes nas hemácias.

O exame de hemoglobina glicada consegue dosar a hemoglobina, que é a pigmentação das hemácias composta por grupamento Heme com capacidade de se ligar ao oxigênio e fazer o seu transporte, mas, também podem, eventualmente, se ligar a glicose através de outro tipo de reação química.

 As hemoglobinas presentes nas hemácias detectadas no exame são chamadas de hemoglobinas rápidas, suas características são um pouco diferentes das outras hemoglobinas em relação a sua  morfologia e composição química que permite que açucares reajam com a parte proteica chamada valina, (um aminoácido) produzindo uma função cetona, a quantidade formada é paralela a quantidade disponível de açúcar no sangue, ou seja, quanto maior a quantidade de açúcar no sangue, maior será a formação da hemoglobina glicada.

Esta informação continuará, pois, a hemoglobina glicada (HbA1c) não é capaz de retornar ao estado inicial. O fato é que esse teste pode mostrar como estavam os níveis de glicemia em até, aproximadamente, 120 dias correspondentes ao período que as hemácias sobrevivem.

Sendo assim, esse exame é uma ferramenta de ajuda ao diagnóstico de diabetes em pacientes que não estão, necessariamente, com a glicemia alta no momento da coleta de amostra, mas, ainda apresentam os sintomas de diabetes.

O exame é feito com a coleta de amostra de sangue do paciente, que não precisa estar em jejum. O sangue é colocado no tubo de sangue total com EDTA.

A técnica usada nos laboratórios de bioquímica, mais clássica, é a de reação em látex que consiste em reagir a hemoglobina da amostra com anticorpos para formação do aglutinogeno medido em unidades de absorbância em um aparelho especifico.

E em seguida é feita uma equação linear padrão para obter-se um valor e o resultado.

Muitos pacientes procuram o médico quando sentem sintomas de diabetes, como: fraqueza, tontura, diurese em excesso, fome em excesso e pé disposição genética.

Existem dois tipos de diabetes melittus:

  • Tipo 1- o pâncreas sessa a secreção de insulina. Ocorre por alguns motivos como, questões autoimunes.
  • Tipo 2- a célula perde a sensibilidade nos seus receptores de insulina, ou a insulina secretada torna-se insuficiente.

Nestes casos para diabetes do tipo 1 o paciente devera administrar periodicamente insulina via subcutânea.

No caso de diabetes tipo 2 deverá tomar medicamentos que irão ajudar a sensibilidade à insulina.

Para o diagnostico destes casos, muitas veze os sintomas não são suficientes, partindo assim a necessidade de fazer exames laboratoriais.

Existem, ainda, outros tipos de diabetes, como a diabetes gestacional que é uma condição, geralmente temporária na qual o corpo da mulher gestante não consegue diminuir sua glicemia em adaptação às mudanças hormonais.


Valores de Referência de Hemoglobina Glicada Para Diabetes Mellitus:

  • Para indivíduos não diabéticos: até 6,0%.
  • Para indivíduos diabéticos que fazem controle de glicemia:
  • Adultos: até 7,0%
  • Criança até 8,0%
  • Idosos: até 8,0%


Existe Como Baixar A Hemoglobina Glicada?

Vale ressaltar que não tem como o paciente “enganar” o exame de hemoglobina glicada, pois ele faz a análise retroativamente em hemácias que já estão no organismo com até 3 meses antes da coleta ser feita.

Para obter um resultado dentro dos valores de referência o paciente teria que, por exemplo, começar uma dieta saudável, fazer o uso regular do medicamento, e realizar o exame em 3 meses a partir dos novos hábitos.

Porém, vale ressaltar que as recomendações do médico devem ser aderidas sempre, em muitos casos de diabéticos apenas a dieta não traz resolução à doença é necessário o uso de medicamentos e de tratamento adequado.

Lembramos que o excesso de açúcar no sangue, pode gerar diversas complicações, a diabetes não tratada causa danos irreversíveis como dificuldades em enxergar e até cegueira, insuficiência renal, hipertensão, aterosclerose, pode culminar em necrose do musculo cardíaco, aumento geral do estresse oxidativo das células, dislipidemia, pé diabético e dificuldades em cicatrizações e cura de feridas.

Uma dieta balanceada e exercícios físicos devem ser hábitos comuns para evitar complicações futuras, principalmente para aqueles que já possuem fatores genéticos ao desenvolvimento da doença.

Fabíola Tavares Lemos

CRBM: 35430

Biomédica de formação, habilitada como analista clínica. Pós-Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde. Atualmente trabalha como Pesquisadora Auxiliar e cursa Pós-Graduação no nível de Mestrado no Laboratório de Biologia do Estresse da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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Fabíola Tavares Lemos

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Biomédica de formação, habilitada como analista clínica. Pós-Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde. Atualmente trabalha como Pesquisadora Auxiliar e cursa Pós-Graduação no nível de Mestrado no Laboratório de Biologia do Estresse da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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