Cisto de Baker – Dor e Inchaço atrás do joelho

O cisto de Baker, também chamado de cisto poplíteo, é um inchaço cheio de líquido que se desenvolve na parte de trás do joelho[1]Herman AM, Marzo JM. Popliteal cysts: a current review. Orthopedics. 2014 Aug 1;37(8):e678-84..

O cisto é causado por um acúmulo de líquido sinovial, o líquido que lubrifica as articulações. Os sintomas do cisto de Baker podem incluir aperto, dor e inchaço atrás do joelho.

O tratamento pode envolver a drenagem do fluido do cisto, fisioterapia, medicamentos ou outros tratamentos. Em raros casos é necessário cirurgia, pois há uma chance da lesão retornar.

Anatomia do Joelho

O JOELHO é uma articulação complexa composta por três ossos que se encontram: fêmur, tíbia e patela. Ao redor da articulação, existe uma cápsula resistente cheia de fluido lubrificante, o líquido sinovial, possibilitando que o joelho se mova livremente[2]Flandry F, Hommel G. Normal anatomy and biomechanics of the knee. Sports medicine and arthroscopy review. 2011 Jun 1;19(2):82-92..

Quando o joelho produz muito líquido sinovial, o excesso produz uma bolsa atrás do joelho, que se expande. É quando surge, então, o cisto de Baker.


O Que É O Cisto de Baker?

Cisto de Baker

O cisto de Baker, também chamado de cisto poplíteo, corresponde a um aumento de volume na região posterior do joelho.

Apesar de esses cistos terem sido descritos pela primeira vez em 1840 por Adams, apenas se tornou realmente conhecido em 1877, por Baker, daí o nome: cisto de Baker[3]Saylik M, Gökkuş K. Treatment of baker cyst, by using open posterior cystectomy and supine arthroscopy on recalcitrant cases (103 knees). BMC Musculoskeletal Disorders. 2016 Dec;17(1):1-0..

Baker descreveu que o aparecimento desse cisto acontece pelo acúmulo de líquido na bursa do tendão do semimembranoso, comunicando este e a articulação, com fluxo unilateral, em direção ao cisto.


Prevalência dos Cistos de Baker

O cisto de Baker pode acontecer na infância e na idade adulta. Na infância é raro e, quando acontece, é geralmente descoberto ao acaso em alguma consulta de rotina.

Nessa fase da vida, geralmente não há antecedente traumático para o surgimento de cistos de Baker, ocorrendo com mais frequência em crianças de 4 a 7 anos.

No entanto, nos adultos, geralmente há relação destes cistos com lesões intra-articulares, como lesões meniscais e a osteoartrite.

Estudos com ressonância magnética revelam que os cistos de Baker acontecem em 5% da população adulta, especialmente os que tem doenças articulares inflamatórias, como artrite reumatoide e gota, com prevalência em pacientes mais velhos.

Comumente, ocorre em adultos de 35 a 70 anos. A prevalência vai progredindo de acordo com a idade, provavelmente devido ao aumento da comunicação da bursa do joelho com a idade.

Anatomicamente, o líquido presente no cisto é viscoso e concentrado em fibrina. No interior do cisto, encontram-se lobulações e suas paredes podem variar de 2 a 8mm.


Sintomas

Como já dito anteriormente, nas crianças, os cistos de Baker são assintomáticos, sendo achados, na grande maioria das vezes, ao acaso, em exames físicos.

Já nos adultos, os pacientes podem se queixar de sentir a presença de uma massa ou tumoração na área posterior do joelho.

joelho

Os cistos podem causar dor e sensação de pressão nessa região, com agravamento dos sintomas ao estender a articulação e durante a prática de atividades físicas.

É comum as queixas estarem associadas, não exatamente ao cisto, mas a patologias relacionadas a ele, como a osteoartrite. O quadro pode, muitas vezes, ser confundido com trombose venosa profunda.

Quais são os sintomas do cisto de Baker?

  • Inchaço e dor atrás do joelho – Um cisto de Baker é causado por inchaço no joelho. O inchaço ocorre devido a um aumento do líquido sinovial. Este fluido lubrifica a articulação do joelho. Quando a pressão aumenta, o fluido se espreme na parte de trás do joelho.
  • Rigidez no joelho – Pode ser causado por inflamação da articulação, que pode limitar o movimento. A dor pode limitar a flexão e extensão do joelho, além de dificultar a marcha.
  • Sensação de aperto na parte de trás do joelho – Isso pode ser causado por inchaço na área, o que pode levar a uma sensação de aperto. Pode ocorrer uma sensação de pressão local.
  • Vermelhidão ou calor na área afetada – Pela inflamação do cisto, que pode causar vermelhidão e calor na área.
  • Limitação da amplitude de movimento – Pelo inchaço na articulação, que pode limitar o movimento.
  • Dificuldade em ficar em pé ou andar – Pode ser causado por dor e rigidez na articulação, o que pode limitar a mobilidade. Inicialmente, exercitar-se com um cisto de Baker não é recomendado. Infelizmente, o exercício apenas coloca mais estresse na lesão, agravando a condição.
  • Dor ou aperto na panturrilha – Isso pode ser causado por inchaço na articulação, que pode causar dor e aperto na panturrilha.


Como Ocorre O Diagnóstico? Quais São Os Exames Utilizados Para Diagnosticar Os Cistos de Baker?

O diagnóstico consiste em exame físico, avaliando o paciente em decúbito ventral. O médico especialista realiza a palpação do joelho em extensão e flexão de 90 graus.

Deve-se encontrar uma massa arredondada e móvel, com sensação de líquido e bordas bem delimitadas. Geralmente, o cisto some ou reduz com a flexão de 45 graus do joelho.

Esse é um teste importante para o diagnóstico, como forma de diferenciar os cistos de Baker de massas sólidas e fixas.


Exames de imagem para diagnóstico do Cisto de Baker

A ultrassonografia possibilita delimitar o tamanho e a localização do cisto. Essa forma de diagnóstico apresenta algumas vantagens como baixo custo, método não invasivo e ausência de radiação[4]Torreggiani WC, Al-Ismail K, Munk PL, Roche C, Keogh C, Nicolaou S, Marchinkow LO. The imaging spectrum of Baker’s (popliteal) cysts. Clinical radiology. 2002 Aug 1;57(8):681-91..

Porém, a ultrassonografia pode não ser capaz de diferenciar especificamente o cisto de Baker de outras massas poplíteas, como cistos meniscais ou tumores mixoides.

Outra opção é o exame de ressonância magnética, considerado padrão ouro para o diagnóstico de cisto de Baker, útil também na suspeita de lesões nos cistos[5]Vasilevska V, Szeimies U, Staebler A. MRI diagnosis of Baker cyst and significance of associated medial compartment knee osteoarthritis. Radiology and Oncology. 2008 Jun 1;42(2)..

Esse exame diferencia os cistos de Baker dos cistos parameniscais, visto que estes últimos, geralmente localizam-se nas extremidades dos meniscos, apresentando comunicação com a lesão meniscal. Sua desvantagem é o alto custo quando comparado aos outros exames de imagem. 

O exame de radiografia do joelho pode ser útil no diagnóstico de osteoartrite, não do cisto de Baker em si.

Antigamente, a artrografia era utilizada como recurso diagnóstico, demonstrando a comunicação entre o cisto e a articulação em até 40% dos pacientes, mas hoje em dia, esse recurso já não é mais utilizado para o diagnóstico.


Diagnóstico diferencial

Diagnóstico Diferencial de dor posterior no joelho
Hemartrose
Cisto sinovial
Condromatose sinovial
Artrite
Aprisionamento de nervo periférico
Tumor
Linfadenopatia
Cisto ganglionar
Bursite
Tendinopatia


Como É O Tratamento Para Quem Tem Cisto de Baker em crianças?

Normalmente, os cistos de Baker não requerem tratamento. Quando é detectado na infância, é primordial explicar aos pais da criança para que diminuam a ansiedade em relação à essa condição de seu filho.

No tratamento conservador em crianças, metade dos pacientes experimentam uma remissão parcial ou até mesmo total da tumoração. Em crianças que apresentam sintomas dolorosos persistentes, a cirurgia pode ser necessária.



Como É O Tratamento Para Quem Tem Cisto de Baker em crianças?

As opções de tratamento geralmente dependem da causa, mas quase todos os casos devem ser tratados de forma não cirúrgica.

Essas opções incluem:

  • gelo para o cisto inchado e articulação do joelho
  • comprimidos anti-inflamatórios orais
  • compressão da articulação do joelho usando uma bandagem de compressão
  • drenagem do cisto usando uma agulha e seringa

Em adultos, muitas vezes o tratamento não demanda excisão cirúrgica.

O tratamento inicial sempre é de natureza não cirúrgica, podendo incluir algumas medidas, como observação, aspiração e infiltração de corticosteroides (que consiste em uma medida temporária, por apresentar alta taxa de recorrência do cisto) e modificação de hábitos, como redução de certas atividades que possam irritar o joelho.

Posso fazer exercícios com Cisto de Baker?

Exercitar-se enquanto sofre de um cisto de Baker não é recomendado. Infelizmente, o exercício apenas aumenta o estresse da lesão, agravando a situação.

É fundamental, no entanto, mover-se normalmente e não ficar acamado. Ouça o seu corpo e evite qualquer atividade que cause dor ou sobrecarregue os joelhos.

A jardinagem é um exemplo de atividade que requer ajoelhamento.

Quando possível, evite qualquer tipo de estresse repetitivo. Mesmo pequenos movimentos repetitivos, se realizados repetidamente ao longo do tempo, podem causar irritação.

Cistos de Baker crônicos e a formação de tecido cicatricial fibroso podem resultar de irritação contínua causada por exercícios ou outro estresse repetitivo.

O ponto principal é que, se você gosta de exercícios, esportes ou qualquer outra atividade física, recomendamos que se abstenha de fazê-lo até que a condição seja resolvida.

Pode ser benéfico reconstruir qualquer massa muscular e força perdidas após a resolução do Cisto de Baker. Se houver perda muscular após a resolução da condição, um fisioterapeuta qualificado pode ajudar.



Vou precisar de cirurgia para cisto de Baker?

Quando o tratamento conservador não funciona e os sintomas são dolorosos, o tratamento cirúrgico se torna necessário. Nesse caso, é realizada a artroscopia.

Esse procedimento consiste em pequenas incisões sob anestesia, seguido de inserção de uma pequena câmera chamada de artroscópio na articulação do joelho. Quando o cisto não regride e o desconforto persiste, o médico irá considerar a ressecção aberta.

No período de recuperação, a fisioterapia pode ser indicada.


É necessário drenar o cisto de Baker?

A drenagem do cisto de Baker é apropriada para cistos que se tornam mais extensos ou mais dolorosos, sem resposta ao tratamento conservador.

É importante obter imagens como um ultra-som para confirmar um cisto simples. Além disso, o ultrassom permite inserir a agulha no local certo e drenar todo o cisto. Muitas vezes, a agulha é inserida no meio do cisto para garantir que a maior parte do fluido seja removida. Em alguns casos, uma injeção de cortisona no saco impede que o cisto volte.

Além disso, se o excesso de líquido for produzido pela artrite ou por um menisco rompido, pode-se injetar uma pequena dose de cortisona na articulação simultaneamente.


Drenar um cisto de Baker é doloroso?

Se um cisto de Baker for doloroso ou persistente, seu médico pode drenar o fluido com uma agulha.

É um procedimento bastante indolor – apenas uma leve picada quando a agulha penetra na pele. Você também pode receber uma injeção de esteróides para reduzir o inchaço.

Em até 50% dos casos, o cisto pode retornar.


O que faz com que o cisto de um Baker se rompa?

Inchaço excessivo ou pressão na bursa pode causar a ruptura de um cisto de Baker.

Quando o cisto de Baker se rompe, o fluido penetra na panturrilha causando uma dor aguda na panturrilha.

A panturrilha também pode ficar vermelha, inchada e tensa. Um cisto poplíteo rompido pode ser bem doloroso.


Quando Consultar Um Médico?

Consulte seu médico se perceber um inchaço atrás do joelho que se torna doloroso.

Se perceber também inchaço atrás da panturrilha e falta de ar, fique atento e procure atendimento imediato, pois pode ser sinal de coágulos sanguíneos.


Referências

DEMANGE, M. K. Cisto de Baker. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 46, n. 6, p. 630-633. 2011.

MARCO, R. L. Cisto de Baker e trombose venosa profunda: um diagnóstico diferencial – relato de caso. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 8, p. 85309-85315. 2021.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Herman AM, Marzo JM. Popliteal cysts: a current review. Orthopedics. 2014 Aug 1;37(8):e678-84.
2 Flandry F, Hommel G. Normal anatomy and biomechanics of the knee. Sports medicine and arthroscopy review. 2011 Jun 1;19(2):82-92.
3 Saylik M, Gökkuş K. Treatment of baker cyst, by using open posterior cystectomy and supine arthroscopy on recalcitrant cases (103 knees). BMC Musculoskeletal Disorders. 2016 Dec;17(1):1-0.
4 Torreggiani WC, Al-Ismail K, Munk PL, Roche C, Keogh C, Nicolaou S, Marchinkow LO. The imaging spectrum of Baker’s (popliteal) cysts. Clinical radiology. 2002 Aug 1;57(8):681-91.
5 Vasilevska V, Szeimies U, Staebler A. MRI diagnosis of Baker cyst and significance of associated medial compartment knee osteoarthritis. Radiology and Oncology. 2008 Jun 1;42(2).

Dr. Carlos Roberto Babá

CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

Atuação na Área Clínica e de Ensino Médico.

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Dr. Carlos Roberto Babá

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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925.

Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura.

Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

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