O mês de maio realça uma luta bastante importante: a prevenção do câncer de bexiga. A iniciativa começou nas redes sociais após o interesse da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU-SP) em conscientizar a população referente aos sintomas e causas da doença.
Além disso, maio foi escolhido por também ser o período em que ocorre a conscientização contra o tabaco, um dos grandes vilões do câncer de bexiga.
Segundo Fabrizio Messetti, urologista e membro da SBU-SP, a doença é agressiva e pode atingir tanto homens quanto mulheres. No entanto, a maior incidência deste tipo de câncer é o público masculino.
Além disso, segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de bexiga atinge as células que cobrem o órgão, e é classificado de acordo com a célula atingida:
- A carcinoma de células de transição representa a maioria dos casos e começa nas células do tecido interno da bexiga;
- Carcinoma de células escamosas afeta as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecções ou irritações prolongadas;
- Adenocarcinoma, que se inicia nas células glandulares de secreção, e que podem se formar na bexiga depois de um longo tempo de irritação ou inflamação.
Ao todo, a estimativa é que esse tipo de câncer atingiu, até 2020, cerca de 10.640 pessoas, sendo 7.590 homens e 3.050 mulheres.
Desses, 4.595 indivíduos morreram, sendo 3.097 homens e 1.498 mulheres, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer.
Sintomas do câncer de bexiga
De acordo com Fabrizio Messetti, o principal sintoma deste tipo de câncer é o sangramento visível na urina, mas para se obter uma resposta o indivíduo deve procurar ajuda médica e passar por um exame de imagem, preferencialmente a tomografia abdominal com contraste.
“Para evoluir um pouco no diagnóstico, fazemos a cistoscopia, que é uma câmera inserida no canal da uretra para olhar dentro da bexiga e identificar a lesão. Também fazemos biópsia”, explicou o médico.
Além do sangue, dor ao fazer xixi e uma necessidade frequente de urinar também devem despertar a atenção neste caso.
Tratamento e cura
A chance de cura de um câncer de bexiga depende do estágio em que o paciente é diagnosticado, e se a doença se trata de um câncer invasivo ou não.
Se o câncer não for invasivo, ou seja, se não tiver atingido o músculo da bexiga, as chances de cura são bem mais altas. Entre as opções de cirurgia para tratar a doença estão três tipos:
- Ressecção transuretral – quando o médico remove o tumor por via uretral;
- Cistotectomia parcial – retirada de parte da bexiga;
- Cistotectomia radical – remoção completa da bexiga + construção de um novo órgão para armazenar a urina.
Em alguns casos, o médico Fabrizio Messetti afirma que é possível ressecar o tumor com um aparelho endoscópico, e posteriormente fazer quimioterapia e radioterapia.
Fique longe do cigarro!
Alguns fatores contribuem para aumentar a incidência do câncer de bexiga, e o tabagismo ativo e passivo é apenas um deles.
Segundo Massetti, o cigarro é o principal fator de risco para o aparecimento do câncer de bexiga. Estatisticamente falando, 70% dos tumores ocorrem em pessoas que fumam. Dessa forma, o indivíduo que fuma tem de três a cinco vezes mais chances de desenvolver a doença.
“Lógico que isso depende também da quantidade de cigarros que ele consome. Então, quando falamos de câncer de bexiga é importante também aderirmos às campanhas contra o tabagismo, estimulando a população a parar de fumar”, declarou o médico.
Além disso, no cigarro são diversos componentes que podem ajudar a induzir o câncer. De acordo com Massetti, após fumar um cigarro, os carcinógenos caem na corrente sanguínea, passam pelo rim, e em seguida vão parar na bexiga.
“A parte interna da bexiga fica em contato íntimo com esses agentes cancerígenos por mais tempo, porque ficam armazenados até a pessoa urinar”, acentuou.
Idade, raça e outros fatores
A idade e raça de um indivíduo também podem influenciar nesse tipo de câncer, pois segundo o INCA, a doença atinge mais homens brancos de idade avançada entre 65 e 70 anos.
Outro fator que aumenta o risco são os indivíduos expostos a diversos compostos químicos como aminas aromáticas, azocorantes, benzeno, benzidina, cromo/cromatos, fumo e poeira de metais, agrotóxico, HPA, óleos, petróleo, droga antineoplásica, tintas, 2-naftalina e 4-aminobifenil.
Por fim, o INCA afirma que trabalhadores da agricultura, construção, fundição, extração de óleos e gorduras animais e vegetais, sapatos, manufatura de eletroeletrônicos, mineração, siderurgia, indústria têxtil, de alimentos, alumínio, borracha e plásticos, sintéticos, tinturas, corantes, couro, gráfica, de metais, petróleo, química e farmacêutica, cabeleireiros e barbeiros, maquinistas, motorista de caminhão e de locomotiva, pintor, trabalhador de ferrovias, trabalho no forno de coque e tecelão, podem apresentar maiores chances de desenvolver o câncer de bexiga.