O ultrassom terapêutico tem uso a partir de ondas ultra sônicas que emitem uma vibração mecânica capaz de produzir efeitos nos tecidos. Existem os efeitos mecânicos por meio da agitação e efeitos térmicos devido ao calor gerado pelas partículas.
A energia ultrassônica é um dos recursos eletroterápicos mais utilizados na prática clínica do fisioterapeuta com o objetivo de reduzir a dor, diminuir os efeitos da inflamação e auxiliar na regeneração tecidual.
Os benefícios do ultrassom vão depender de um conjunto de práticas como a calibração correta do aparelho, uma avaliação dosimétrica da área que receberá o tratamento e na diferença das ondas, observando qual é a ideal para o tipo de lesão.
Tudo isso é planejado com o resultado que se espera em mente e de acordo com o paciente. Em casos de superexposição ou queimaduras, é necessário reavaliar se é bom continuar com esse tratamento ou buscar outros meios até as queimaduras cicatrizarem.
O ultrassom foi descoberto em 1880 pelo casal Pierre e Marie Curie, constatando uma vibração de alta frequência. Entretanto, só em 1917 que se construiu o primeiro aparelho piezoelétrico por Langevin, Tournier e Howeck¹.
Entretanto, somente em 1927 que se percebeu os benefícios no tecido biológico. Isso acontecia pelo aquecimento que o aparelho proporciona no tecido, garantindo resultados duradouros.
O que é ultrassom?
Podemos definir o ultrassom terapêutico como uma onda acústica que ultrapassa 20 KHz. Inicialmente, ele era usado como um método alternativo, sendo sempre usado com bolsas térmicas, micro-ondas e radiofrequência.
Seu uso era eficaz em tecidos moles, mas também eram usados para cicatrizar fraturas ósseas.Com o tempo, a potência utilizada no ultrassom terapêutico diminuiu, principalmente com a utilização no modo pulsado.
Benefícios do ultrassom
O ultrassom possui muitos benefícios. Dentre eles, podemos citar:
- Custo-benefício a longo prazo. Apesar de não ser um aparelho barato. Seu tempo de vida útil é bem grande, tornando-se ótimo para um benefício a longo prazo. Além disso, a manutenção é pouca, favorecendo a sua compra por fisioterapeutas.
- O seu uso é rápido e não causa incômodos no paciente se for usado com os cuidados e frequências corretas. Além disso, é pequeno, podendo ser carregado com facilidade.
- Ele é versátil, podendo contribuir no tratamento de muitos tecidos corporais. A única cautela precisa ser feita de acordo com a intenção e a técnica correta.
- Promove a regeneração muscular e óssea devido às suas frequências adaptáveis.
- Tem efeito analgésico, anti-inflamatório e anti espasmódico.
Características das ondas ultrassônicas
Por se tratar de uma onda sonora, existem quatro efeitos que precisam ser levados em consideração como período, velocidade, comprimento e amplitude.
Portanto, chamamos de comprimento o período mais longo entre a crista e a depressão de uma onda. Já a amplitude é o eixo entre a crista ou a depressão. Temos como período o tempo gasto para toda a oscilação da onda.
E a velocidade irá determinar como a onda irá propagar no meio fisiológico. No sangue temos 1560 m/s, no músculo 1570 m/s e no tecido adiposo 1580 m/s.
A velocidade será maior onde as moléculas se agrupam.
Outras variáveis das ondas são reflexão, refração, difração, absorção e bioimpedância, que determinam a frequência do tratamento, duração e assistência ao paciente.
A reflexão é o retorno ao meio original devido a obstáculos no caminho. Na aplicação do ultrassom terapêutico, o encaixe adequado entre o aparelho (cabeça) e a pele do paciente é fundamental, pois se entrar ar, o feixe apresentará uma interface refletiva, reduzindo a eficácia do tratamento.
Continuando
A absorção é outro fenômeno flutuante, entendido pela capacidade de retenção de um meio que é absorvido pelos tecidos e convertido em calor no organismo. Nesse sentido, o ultrassom aumenta a energia cinética das moléculas, levando a maiores vibrações e colisões.
A refração é a mudança na direção de uma onda devido a diferentes composições do meio através do qual a onda se propaga. Isso significa que ele mudará o comprimento e a velocidade, mas manterá a frequência.
De uma maneira geral, pode-se dizer que a intensidade é diretamente proporcional à frequência enquanto se torna inversamente proporcional ao comprimento da onda. Isso significa que a frequência de 3MHz terá uma absorção superficial maior que as frequências menores.
Por fim, para tratamentos de tecidos profundos, usa-se a frequência de 1MHz enquanto se usa a de 3MHz para tratamentos dermatofuncionais.
Quando usar o ultrassom terapêutico?
Usa-se o ultrassom terapêutico na reparação tissular. Esse tipo de regeneração passa por três fases e nessas três fases existem uma aplicação da técnica, como:
- Inflamação: Acelera o processo inflamatório;
- Proliferativa: o ultrassom favorece a proliferação e motilidade dos fibroblastos;
- Remodelagem: Ele favorece a reparação dos tecidos, reorganização e aumenta a quantidade de fibras colágenas.
Desde os anos 50, o ultrassom de baixa frequência atua no tratamento de tendinite e bursite. Mas a partir dos anos 80, suas ondas também começaram a ser utilizadas para quebrar pedras nos rins e assim, facilitar para o corpo expelir de forma natural.
Atualmente, temos muitos outros usos para o ultrassom como a dissolução de trombos, auxílio na cura das fraturas ósseas, controle bacteriano, higiene bucal, cicatrização e remoção de catarata,
Quando se fala dos efeitos térmicos que o ultrassom terapêutico é capaz de fazer no corpo humano, nós temos:
- Aumento da taxa metabólica local;
- Vasodilatação;
- Liberação de histamina;
- Aumento da permeabilidade da membrana;
- Analgesia;
- Aumento da síntese e elasticidade do colágeno;
- Aumento da taxa de síntese de proteínas;
- Facilita a condução nervosa;
- Angiogênese;
- Facilitação da penetração de agentes farmacológicos;
- Tixotropia.
Após uma cirurgia de mama, o ultrassom é útil para aumentar o fluxo sanguíneo e linfático. Portanto, isso melhora a nutrição das células e ajuda a reduzir a formação de hematomas. O ultra-som também ajuda na cicatrização do tecido, fazendo com que os leucócitos possam aderir às células endoteliais danificadas.
Este efeito é visto no período pós-operatório. Quando usado durante a fase proliferativa, o ultrassom pode causar divisão celular e tornar as células mais capazes de produzir e liberar material fibroblástico.
Os efeitos do ultrassom terapêutico
Efeitos térmicos
Um dos principais acontecimentos com a utilização do ultrassom é a extensão das fibras de colágeno dos tendões. Isso é importante, principalmente, para atletas que necessitam de regeneração dos tendões devido aos impactos causados pelo esporte.
Os ligamentos tornam-se muito resistentes devido essa produção maior de colágeno. Assim, tal técnica auxilia em uma maior flexibilidade.
A rigidez muscular também é diminuída com o efeito térmico. Dessa forma, a qualidade de vida se recupera após transtornos neurológicos e musculares.
O calor ultrassônico proporciona a extensibilidade muscular, facilitando a flexibilidade e consequentemente os movimentos. Além disso, este efeito promove a circulação sanguínea, diminuindo a inflamação e assim, aliviando a dor.
Sendo assim, as fraturas ósseas são regeneradas em menos tempo com a utilização do ultrassom terapêutico. Já o alívio da dor acontece para pacientes que possuem doenças crônicas e que os sintomas são intermitentes.
Efeitos atérmicos
Os feixes ultrassônicos possuem efeitos diferentes quando a temperatura não sofre alteração. O primeiro efeito é aumentar a permeabilidade das membranas celulares e a difusão das células, o que é bom em casos de edemas e outros problemas inflamatórios.
Também pode contribuir para os liberadores químicos. Os feixes também causam um aumento no transporte de íons cálcio, assim como a liberação de histamina e outros agentes quimiotáticos.
O aumento do cálcio intracelular também pode ajudar na contração muscular, pois esse íon se liga à proteína troponina, causando o deslizamento dos filamentos de miosina e actina.
Existem muitos outros efeitos dos raios ultrassônicos na pele. Os feixes aumentam o metabolismo das células, produzem colágeno e proteínas, alteram a atividade elétrica do tecido e afetam o fluxo sanguíneo nos vasos. Além disso, os feixes causam vibração nos tecidos.
Contra Indicações do ultrassom terapêutico
Em casos de pacientes com pouca ou nenhuma sensibilidade na área a ser tratada, deve-se ter um cuidado redobrado, já que ele não sentirá as alterações térmicas que podem causar queimaduras.
Em caso de implantes metálicos, o ultrassom é contraindicado já que o material acaba refletindo o calor para os tecidos vizinhos, podendo comprometê-los.
Se o ultrassom passar por um local com epífises férteis, pode estimular a ossificação ainda precoce e prejudicar qualquer crescimento.
Além disso, pode alterar a insulina nos períodos em que se é aplicado, desse modo, sua utilização em diabéticos deve ser feita com cautela.
Não pode se colocar diretamente sobre um marca-passo, pois assim as ondas interferem em seu funcionamento. Já em feridas abertas existe o risco de infecção.
Conclusão
Em suma, o ultrassom terapêutico pode auxiliar em muitos tratamentos como traumatismos, distensões, luxações, fraturas, espasmos, transtornos circulatórios, reparos de lesões, edema, cicatrização de feridas (não abertas) e distúrbios do Sistema Nervoso Simpático.
Dessa forma, sua utilização é de grande ajuda para profissionais da fisioterapia que precisam de métodos eficazes e de longa duração.
O tempo de duração da sessão e todas as técnicas empregadas para se atingir o objetivo traçado, depende de cada paciente e o que se precisa alcançar no tratamento.
Portanto, em um tratamento fisioterápico, talvez algumas pessoas não façam uso do ultrassom enquanto outras a possuem em todas as sessões. Cabe ao profissional saber quais as técnicas mais eficazes em cada caso.