A presença de deficiência em Vitamina D pode ser encontrada nos indivíduos que se expõem pouco ao sol e naqueles com problemas no metabolismo de lipídeos.
As evidências científicas observaram uma associação da deficiência em vitamina D tanto com problemas ósseos (osteomalácia, osteopenia, osteoporose e raquitismo), como também a um risco maior para o aparecimento de diversos tipos de câncer, de diabetes mellitus, de esclerose múltipla e de hipertensão arterial1,4,8.
Nosso corpo precisa de vitamina D. Seu principal trabalho é ajudar o corpo a absorver o cálcio dos intestinos. Este cálcio é necessário para ajudar a “mineralizar os ossos” ao longo de sua vida e é um mineral crítico para formar o osso endurecido que o mantém forte e saudável.
Sinais da deficiência de vitamina D
Existem muitas pessoas assintomáticas com deficiência de vitamina D.
No entanto, a deficiência pode resultar nos seguintes problemas:
1. Infecções frequentes
A deficiência de vitamina D pode tornar recorrente o aparecimento de doenças ou contrair infecções. Isso acontece porque o receptor de vitamina D (VDR) foi encontrado no sistema imunológico: linfócitos, monócitos e células dendríticas3,8. Então, essa vitamina fortalece o sistema imune, auxiliando no combate de invasores estranhos ao organismo humano.
2. Cansaço e sonolência
O cansaço está relacionado a grande parte das deficiências de vitaminas, inclusive da vitamina D. Não é caracterizada pelo cansaço físico depois de um dia puxado, mas sim da fadiga constante, mesmo após uma boa noite de sono.
Deficiência em vitamina D pode levar a uma série de problemas de sono, incluindo interrupção do sono, insônia e má qualidade geral do sono.
3. Fraqueza e dor nos ossos e na musculação
A deficiência de vitamina D é caracterizada pela falha na mineralização da matriz orgânica dos ossos4. Consequentemente, os ossos se tornam fracos e sensíveis à pressão, além do aparecimento de fraqueza nos músculos proximais e frequência aumentada de fraturas.
4. Espasmos musculares
As causas de espasmos musculares podem ser diversas e costumam passar despercebidos os sintomas. Porém, é fundamental levar em consideração o contexto e a duração deles. Caso os espasmos permaneçam após vários dias, é possível que seja a deficiência de vitamina D. Nesse caso, o recomendado é procurar um médico.
5. Depressão
A nossa saúde mental parece estar relacionada com os níveis de vitamina D no sangue. Isso acontece porque, a vitamina D auxilia em muitos processos cerebrais, incluindo neuroimunomodulação, neuroproteção, neuroplasticidade e desenvolvimento do cérebro2. Além disso, ajuda a produzir hormônios como serotonina, endorfina e dopamina. Como consequência da deficiência dessa vitamina é observado o desânimo e a desmotivação.
6. Dificuldade de cicatrização
A vitamina D desempenha um importante papel na saúde da pele. Ela atua na modulação de diferentes processos celulares ligadas a homeostase epidérmica e cicatrização adequada de feridas5. A falta de vitamina D ocasiona infecções, devido a queda na imunidade, logo sua deficiência prejudica a cicatrização de feridas.
7. Queda de cabelo
A vitamina D também é conhecida por atuar como a vitamina da beleza, isso porque a saúde do cabelo pode mudar dependendo da quantidade de absorção dessa vitamina. Logo, a queda de cabelos pode estar associada à falta dela.
8. Atraso no crescimento de crianças
Todo criança precisa consumir alimentos ricos em cálcio, como os leites e derivados, para crescer adequadamente. Porém o cálcio só consegue ser melhor absorvido pelo corpo, mediante o auxílio de quantidades suficientes de vitamina D sanguínea4. Por isso, existem casos de atraso no crescimento, justamente associados à deficiência dessa vitamina.
Fatores de risco para a deficiência de vitamina D
A deficiência de vitamina D é normalmente definida como abaixo de 20 ng/mL e a deficiência grave como abaixo 12 ng/mL6.
O risco para deficiência de vitamina D pode ser manifestado mediante circunstâncias subjacentes ou condições de estilo de vida.
Alguns dos fatores de risco mais comuns são:
Síntese inadequada de vitamina D cutânea
- Pele escura
- Idade (bebês, adolescentes e idosos)
- Ter sobrepeso ou obesidade
- Barreira física da exposição ultravioleta B (vestimenta, uso de protetor solar)
- Fatores geográficos (regiões com pouca luz solar, temporada de inverno)
Ingestão inadequada de vitamina D
- Dieta desequilibrada
- Vegetarianos, distúrbios alimentares (anorexia e bulimia nervosa)
- Má absorção intestinal (doença celíaca, doença de Crohn, retocolite ulcerativa)
- Insuficiência pancreática (fibrose cística)
- Síndrome de colestase (atresia biliar)
- Após a ressecção intestinal (síndrome do intestino curto)
Fatores perinatais
- Deficiência materna de vitamina D durante a gravidez
- Prematuridade
Distúrbios genéticos ou endócrinos
- Doenças crônicas hepáticas/renais
- Hiperparatireoidismo, deficiência do hormônio de crescimento, diabetes mellitus
- Resistência hereditária da vitamina D
Medicamentos que alteram o metabolismo da vitamina D
- Anticonvulsivantes (Carbamazepina, fenitoína, fenobarbital, topiramato)
- Agentes anti-retrovirais para tratamento de vírus da imunodeficiência
- Agentes antifúngicos (Ketoconazole)
- Glicocorticóides
Como tratar a deficiência de vitamina D?
O tratamento da deficiência de vitamina D é geralmente realizado com suplementação.
As seguintes opções são:
Suplementos
Vários tipos de preparações de suplementos orais de vitamina D estão disponíveis nas farmácias para o tratamento da deficiência de vitamina D.
As duas formas de suplementos de vitamina D normalmente utilizadas são ergocalciferol (vitamina D2) e colecalciferol (vitamina D3), no entanto a vitamina D3 pode aumentar de forma mais eficaz os níveis de vitamina D.
É importante seguir as recomendações de dosagem sugeridas pelo seu médico, pois ela varia de acordo com a gravidade da deficiência.
Para uma deficiência grave, o médico pode prescrever um suplemento oral de vitamina D de até 50.000 UI, uma ou duas vezes por semana, durante seis a oito semanas7.
Nas pessoas que apresentam doenças ou problemas metabólicos que as impedem de produzir ou absorver a vitamina D normalmente, a dosagem recomendada de vitamina D será definida de maneira individual.
Durante o tratamento da deficiência de vitamina D, é fundamental a ingestão de aproximadamente 1.000 mg de cálcio por dia para as mulheres na pré-menopausa e homens, e 1.200 mg por dia para mulheres na pós-menopausa7.
Fontes de alimentos
Embora cerca de 50% a 90% da vitamina D seja absorvida pela pele, o restante é proveniente da dieta.
O aumento no consumo de alimentos ricos em vitamina D também pode subir suas concentrações sanguíneas. As principais fontes alimentares são4:
- Peixes
- Carnes e vísceras
- Ostras
- Ovos
- Leites e derivados
- Fígado bovino
Observação: Como a luz solar é uma fonte natural que influencia a produção da vitamina D, seu médico também pode recomendar tomar sol com mais frequência, entre 10h e 15h, durante 10 a 15 minutos.
No entanto, lembre-se que a exposição excessiva aos raios ultravioleta traz efeitos negativos à saúde (por exemplo, aumenta o risco para câncer de pele), por isso é importante a aplicação do protetor solar após esse tempo de 15 minutos.
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Referências Bibliográficas:
1. Amrein K, Scherkl M, Hoffmann M, Neuwersch-Sommeregger S, Köstenberger M, Tmava Berisha A, et al. Vitamin D deficiency 2.0: an update on the current status worldwide. European Journal of Clinical Nutrition [Internet]. 2020 Jan 20;74:1–16.
2. Anglin RES, Samaan Z, Walter SD, McDonald SD. Vitamin D deficiency and depression in adults: systematic review and meta-analysis. British Journal of Psychiatry [Internet]. 2013 Feb;202(2):100–7.
3. Chang S-W, Lee H-C. Vitamin D and health – The missing vitamin in humans. Pediatrics & Neonatology [Internet]. 2019 Jun 1;60(3):237–44.
4. Cozzolino, SMF. Biodisponibilidade de Nutrientes. 4ª edição. São Paulo: Manole, 2012,1334p.
5. Guttmann-Gruber C, Piñón Hofbauer J, Tockner B, Reichl V, Klausegger A, Hofbauer P, et al. Impact of low-dose calcipotriol ointment on wound healing, pruritus and pain in patients with dystrophic epidermolysis bullosa: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Orphanet Journal of Rare Diseases. 2021 Nov 8;16(1).
6. Institute of Medicine. Dietary reference intakes for calcium and vitamin D. Washington, DC: The National Academies Press; 2011.
7. UpToDate. Patient education: Vitamin D deficiency (Beyond the Basics), 2021.
8. Pludowski P, Holick MF, Pilz S, Wagner CL, Hollis BW, Grant WB, et al. Vitamin D effects on musculoskeletal health, immunity, autoimmunity, cardiovascular disease, cancer, fertility, pregnancy, dementia and mortality—A review of recent evidence. Autoimmunity Reviews. 2013 Aug;12(10):976–89.