Sífilis na Boca – Úlcera na boca é sintoma de sífilis? Aprenda mais

sífilis na boca

Há diversas doenças transmitidas sexualmente, abreviadas como DSTs. Uma delas é a sífilis. Essa doença, que tinha sido bem controlada até um tempo atrás, voltou a aumentar os níveis de contágio recentemente.

Especialistas da área acreditam que esse aumento significativo esteja ligado a dois fatos: o sucesso no tratamento da aids, que teria tirado de cena um medo que antes estimulava o maior cuidado contra as DSTs e o maior acesso aos testes rápidos no SUS (Sistema Único de Saúde) que permite identificar episódios da doença que antes passavam despercebidos.

Clinicamente, a Sífilis apresenta diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária) e diversos tipos de manifestações, inclusive na cavidade bucal. Portanto, considerando o maior índice de novos casos, é muito importante que os cirurgiões dentistas e os médicos tenham conhecimento e saibam diagnosticar as manifestações bucais associadas a sífilis[1]Singh AE, Romanowski B. Syphilis: review with emphasis on clinical, epidemiologic, and some biologic features. Clinical microbiology reviews. 1999 Apr 1;12(2):187-209..

Confira abaixo mais informações sobre sífilis na boca.


O que é sífilis?

A sífilis é uma DST causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios[2]LaFond RE, Lukehart SA. Biological basis for syphilis. Clinical microbiology reviews. 2006 Jan;19(1):29-49..


Como ocorre a infecção da sífilis na boca

Isso por acontecer através do contato entre a cavidade oral e a área infectada, ou seja, contato direto sobre a lesão causada pela bactéria no parceiro, ou através da infecção pela mãe ao feto durante o período de gestação[3]Mattei PL, Beachkofsky TM, Gilson RT, Wisco OJ. Syphilis: a reemerging infection. American family physician. 2012 Sep 1;86(5):433-40..

sífilis na boca


Estágios da sífilis na boca

A sífilis apresenta três estágios: primário, secundário e terciário[4]Goh BT. Syphilis in adults. Sexually transmitted infections. 2005 Dec 1;81(6):448-52..

Sífilis primária

Na sífilis primária é possível notar o desenvolvimento de uma única úlcera indolor, também chamada de cancro. Essa lesão ocorre no local do contato, sendo mais comum na língua e no céu da boca. Nesse momento da doença, a concentração de bactérias é alta e, portanto, é há maior risco de contaminar outras pessoas.

Esse primeiro estágio da doença costuma ocorrer entre 3 e 90 dias após a infecção. Se não tratada, a doença evolui para a sífilis secundária. Apesar de, mesmo quando não tratada, essas lesões cicatrizam dentro de 3 a 8 semanas.

Sífilis secundária

Já na sífilis secundária, geralmente surgem manchas esbranquiçadas na boca, e lesões múltiplas (com uma aparência verrucosa). 

Nesse estágio, o paciente começa apresentar dor de garganta, inchaço nos linfonodos, dor de cabeça, perda de peso, febre e dores musculares. Este estágio geralmente acontece entre 4 e 10 semanas após o contato.

Sífilis terciária

O terceiro estágio também pode ser chamado de sífilis latente. Esse estágio pode durar entre 1 e 30 anos se não tratado.  

Os sintomas são áreas inchadas e endurecidas na boca que pode destruir os tecidos e levar a perfurações. É o estágio mais grave da doença, podendo levar a morte.


Transmissão

Além do contato entre os parceiros, a sífilis pode ser adquirida através de contato com locais úmidos que garantam a sobrevivência da bactéria, como por exemplo escova de dentes.

Como se prevenir

É fundamental que as pessoas utilizem preservativo durante a relação sexual. Somente ele é capaz de prevenir em até 99% as chances de infecção durante o sexo vaginal ou oral.

utilizem preservativo

Além disso, é importante manter a região limpa após o sexo, seja genital, anal ou oral. Lavar bem as áreas com água e sabão e no caso da boca escove os dentes, higienize a língua e as áreas de tecido mole com um pano limpo ou gaze úmida.

No caso da sífilis congênita, o acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade contribui para o controle da doença.

É importante mencionar que, uma pessoa pode não saber que tem sífilis porque ela pode estar latente no organismo. Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar corretamente.


Como é feito o diagnóstico da sífilis?

O diagnóstico de sífilis é feito através do teste rápido (TR) que é disponibilizado gratuitamente no serviços de saúde do SUS.

O resultado desse exame sai dentro de 30 minutos. Caso do resultado positivo no TR, deve-se coletar uma amostra de sangue do paciente para realização de um teste laboratorial (não treponêmico) para confirmação do diagnóstico.

teste rápido


Como é feito o tratamento da sífilis?

Geralmente, a sífilis é tratada com a penicilina benzatina (benzetacil), que poderá ser aplicada também no SUS.  No caso da sífilis em gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê.

Por conta da gravidade dessa doença, é fundamental que as pessoas façam sexos protegidas com o uso de preservativos, seja ele feminino ou masculino. Essa é a melhor forma de evitar a transmissão da sífilis. Caso seja diagnosticado positivamente para sífilis, informe imediatamente seu parceiro ou parceira para que façam o teste e iniciem o tratamento o quanto antes.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Singh AE, Romanowski B. Syphilis: review with emphasis on clinical, epidemiologic, and some biologic features. Clinical microbiology reviews. 1999 Apr 1;12(2):187-209.
2 LaFond RE, Lukehart SA. Biological basis for syphilis. Clinical microbiology reviews. 2006 Jan;19(1):29-49.
3 Mattei PL, Beachkofsky TM, Gilson RT, Wisco OJ. Syphilis: a reemerging infection. American family physician. 2012 Sep 1;86(5):433-40.
4 Goh BT. Syphilis in adults. Sexually transmitted infections. 2005 Dec 1;81(6):448-52.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

Compartilhe Esse Conteúdo
Facebook
Twitter
LinkedIn
Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

Últimos Posts

newsletter

Receba Novidades Por E-mail

Deixe um Comentário

Postagens Relacionadas

Anosognosia: tudo sobre o assunto

Anosognosia: o que é, sintomas e principais causas

Anosognosia é uma condição neurológica caracterizada por uma falta de consciência ou negação de uma doença ou deficiência, mais comumente observada em pacientes com danos cerebrais ou distúrbios neurológicos.  Esquecimentos são comuns,

Continue Lendo
categorias

Pesquise por Categoria

Urologia

Sintomas

Reumatologia

Radiologia

Psiquiatria

Psicologia

Pediatria

Otorrinolarigonlogia

Ortopedia

Oncologia

Oftalmologia

Nutrição

Notícias

Neurologia

Neurocirurgia

Nefrologia

Medicina Esportiva

Mastologia

Infectologia

Ginecologia e Obstetrícia

Gerontologia

Geriatria

Gastroenterologia

Fisioterapia

Fisiatria

Farmácia

Endocrinologia

Educação Física

Dor

Doenças

Dermatologia

Curiosidades

Clínica Médica

Cirurgia Vascular

Cirurgia Plástica

Canabidiol

Biomedicina

Artigos

Alergia

Acupuntura

newsletter

Receba Novidades Por E-mail