SANGRAR durante uma relação sexual pode ser angustiante. Na realidade, é mais comum do que você imagina, pois não é um sinal alarmante de alguma doença grave[1]Gray SH, Emans SJ. Abnormal vaginal bleeding in adolescents. Pediatrics in Review. 2007 May 1;28(5):175..
Mas, em outras situações, o sangramento pode ser um sinal de um problema mais sério que precisa ser investigado.
A seguir, listamos algumas razões pelas quais uma mulher pode sangrar durante o ato sexual.
Rompimento do Hímen
O hímen é uma película de tecido localizado na abertura vaginal. Durante a primeira relação sexual, algumas mulheres sentem dor quando o hímen se rompe, enquanto outras não sentem esse desconforto.
É natural algumas mulheres sangrarem na primeira relação sexual, pois como o hímen possui pequenos vasos sanguíneos, quando se rompe pode gerar um pequeno sangramento. Mas, é importante destacar que nem sempre ocorrerá esse sangramento na primeira relação sexual.
Em alguns casos, a quantidade de sangue é tão mínima que pode passar despercebido quando os fluidos seminais se misturam.
Gravidez
Fazer sexo durante a gravidez é perfeitamente normal, seguro e saudável. Com os hormônios à flor da pele, o sexo pode até ser mais prazeroso do que de costume.
A relação sexual não está associada ao sangramento vaginal na gravidez. No entanto, em alguns casos, pode acontecer alguns sangramentos durante ou após a relação sexual.
Visto que o corpo da mulher está passando por mudanças significativas durante a gravidez, o colo do útero naturalmente se torna mais sensível, fazendo com que, durante uma penetração profunda ou relações sexuais ásperas, ocorra uma pequena quantidade de sangramento.
Mas fique atenta, pois o sangramento durante ou logo após a relação sexual na gravidez pode também indicar problemas mais sérios.
O periódico Health Science Journal de 2012 citou que no segundo e terceiro trimestres, o sangramento durante o sexo na gravidez pode estar relacionado ao deslocamento da placenta ou hemorragia anteparto.
Menopausa
A menopausa, caracterizada pelo fim dos períodos menstruais, consiste em um processo biológico natural que ocorre na vida de toda mulher.
A idade média em que as mulheres atingem a menopausa é entre os 40 aos 58 anos, que pode também ocorrer precocemente.
A interrupção das menstruações ocorre devido à redução da atividade dos ovários, que deixam, com o tempo, de liberar óvulos mensalmente.
Além disso, ocorrem alterações hormonais importantes, principalmente relacionado ao estrogênio, que começa a ser secretado em menor quantidade.
Quando essa condição se instala – condição esta, que é inevitável e biologicamente natural –, alguns sintomas são manifestados pela mulher, como:
- Secura vaginal;
- Sudorese;
- Aumento de peso;
- Dor e desconforto durante as relações sexuais, bem como sangramentos;
- Alterações da libido;
- Perda da capacidade reprodutiva; e
- Em alguns casos, depressão.
IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis)
Existem diversas infecções sexualmente transmissíveis, como gonorreia, sífilis e clamídia. Essas infecções estão associadas a sintomas diferentes, que podem envolver coceira, queimação e corrimento vaginal.
Em 2001, um estudo publicado pelo Sexually transmitted diseases demonstrou que a inflamação causada por qualquer uma dessas infecções sexualmente transmissíveis pode causar sangramentos durante ou após o ato sexual[2]Røttingen JA, Cameron DW, Garnett GP. A Systematic Review of the Epidemiologie Interactions Between Classic Sexually Transmitted Diseases and HIV: How Much Really Is Known?. Sexually transmitted … Continue reading.
Vaginismo
O vaginismo consiste em um distúrbio sexual caracterizado por contrações involuntárias dos músculos perineais durante as tentativas de relações sexuais.
A mulher quando possui vaginismo, dependendo do grau em que se encontra, apresenta dificuldade persistente em receber qualquer tipo de penetração, seja de um pênis ou da introdução de um dedo e outros objetos pequenos.
Mesmo sentindo o desejo de ser penetrada, ocorre uma fobia. A maiorias das mulheres com essa condição não conseguem realizar exames ginecológicos e nem utilizar absorventes internos[3]Dubinsky TJ. Value of sonography in the diagnosis of abnormal vaginal bleeding. Journal of Clinical Ultrasound. 2004 Sep;32(7):348-53..
É comum as causas estarem associadas a crenças religiosas rígidas, passando a ideia desde cedo de que o sexo é algo errado e que a penetração causará dor.
Uma criação muito rígida também pode possibilitar o vaginismo na vida adulta.
Outras causas incluem: temer uma gravidez, ou a desejar muito; histórico de abuso sexual; traumas na região vaginal; e doenças orgânicas como anormalidade do hímen, traumas associados ao parto natural ou alguma cirurgia genital, entre outros.
Essa condição impede total ou parcialmente a penetração da vagina, tornando difícil o ato sexual, que por sua vez, pode causar dificuldade na relação sexual, sangramento e sentimentos como frustração e depressão.
Por estar associada a fatores emocionais e psicológicos, o vaginismo é considerado uma doença psicossomática.
Endometriose
A endometriose é uma doença benigna que acomete uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva.
Essa condição ocorre quando o endométrio, tecido que reveste o interior do útero, cresce fora da cavidade uterina, fixando-se em outros órgãos da pelve, o que causa, por sua vez, um processo inflamatório.
Essa inflamação pode ser a causa de dor pélvica e sangramento durante a relação sexual. Outros sintomas associados são: infertilidade, dor na ovulação, fadiga crônica e até mesmo alterações urinárias e intestinais associadas ao ciclo menstrual.
Câncer de Colo de Útero
Depois do câncer de mama, o câncer de colo de útero é a segunda anomalia mais comum na população feminina no Brasil, responsável por 15% das ocorrências de tumores malignos em mulheres.
A principal causa do câncer de colo uterino é definida por uma infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV).
Outros fatores incluem:
- Hábitos de vida e de higiene inadequados;
- Início precoce da atividade sexual, que consequentemente promove a pluralidade de parceiros sexuais; e
- Uso prologando de contraceptivos orais.
No estágio inicial, o câncer de colo uterino é assintomático, sendo descoberto geralmente por meio de exame citopatológico (Papanicolaou).
À medida que o câncer avança, os sintomas podem incluir: sangramento vaginal incomum, que pode acontecer durante ou após a relação sexual; dor durante o ato sexual; aumento do corrimento vaginal; dor pélvica ou nas costas, sem motivo aparente e persistente.
Quando Você Deve Procurar Um Médico?
Você deve procurar atendimento médico quando o sangramento for intenso, frequente e permanecer por muitas horas ou dias após a relação sexual.
Alguns sintomas associados ao sangramento vaginal, também demandam uma consulta ginecológica, como dor pélvica intensa, fraqueza inexplicável, náuseas e vômitos, dores de cabeça e outros sinais incomuns.
A causa do sangramento determinará o tratamento adequado.
Referências
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BERWALD, N. et al. The rate of sexually transmitted infections in ED patients with vaginal bleeding. The American Journal of Emergency Medicine, v. 27, n. 5, p. 563-569. 2009.
CREMA, I. L.; TILIO, R. Repercussões da menopausa para a sexualidade de idosas: revisão integrativa da literatura. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 37, n. 3, p. 753-769. 2017.
FRIGATO, S.; HOGA, L. A. K. Assistência à mulher com câncer de colo uterino: o papel da enfermagem. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 49, n. 4, p. 209-214. 2003.
KONTOYANNIS, M. et al. Sexual intercourse during pregnancy. Health Science Journal, v. 6, n. 1, 2012.
SAADAT, S. H. Vaginismus: a review of literature and recent updated treatments. International Journal of Medical Reviews, v. 1, n. 3, p. 97-100. 2014.
SIVINI, G. B. A.; VELOSO, L. G. Pesquisa em endometriose: atenção às causas e tratamento da dispaurenia. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-graduação em Saúde da Mulher) – Faculdade Pernambucana de Saúde, Recife, 2016.
Referências Bibliográficas
↑1 | Gray SH, Emans SJ. Abnormal vaginal bleeding in adolescents. Pediatrics in Review. 2007 May 1;28(5):175. |
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↑2 | Røttingen JA, Cameron DW, Garnett GP. A Systematic Review of the Epidemiologie Interactions Between Classic Sexually Transmitted Diseases and HIV: How Much Really Is Known?. Sexually transmitted diseases. 2001 Oct 1:579-97. |
↑3 | Dubinsky TJ. Value of sonography in the diagnosis of abnormal vaginal bleeding. Journal of Clinical Ultrasound. 2004 Sep;32(7):348-53. |