Prick test, o famoso e muito comum teste de alergia que descobre as maiores sensibilidades da pessoa
Talvez você já tenha visto imagens de um antebraço com anotações em caneta e pequenas marcas vermelhas parecidas com picadas de inseto, talvez, até mesmo já tenha realizado este exame característico para detectar algumas reações alérgicas[1]Frati F, Incorvaia C, Cavaliere C, Di Cara G, Marcucci F, Esposito S, Masieri S. The skin prick test. Journal of biological regulators and homeostatic agents. 2018 Jan 1;32(1 Suppl. 1):19-24..
O prick test é um exame cutâneo bem comum realizado por alergologistas – os médicos especializados no tratamento e no diagnóstico de doenças alérgicas, com o intuito de descobrir quais são as maiores sensibilidades alérgicas da pessoa na qual o exame está sendo realizado.
Mas como ele funciona? Quem deve realizá-lo e será que há alguma contraindicação?
Prick test, como funciona?
Primeiramente, para entender como os prick tests funcionam, precisamos entender o que são alergias IgE mediadas. Estas alergias são as que ocorrem entre alguns minutos e até duas horas após o contato com o alérgeno (substância que pode provocar alergia), e que portanto podem ser detectadas a partir do teste dentro de alguns minutos ou poucas horas após sua efetuação[2]Van der Valk JP, Gerth van Wijk R, Hoorn E, Groenendijk L, Groenendijk IM, De Jong NW. Measurement and interpretation of skin prick test results. Clinical and translational allergy. 2015 Dec;6(1):1-5..
Em contraposição, uma alergia não mediada por IgE, por exemplo, seriam aquelas que demoram horas ou até mesmo dias ou semanas para causar alguma reação alérgica ao organismo, como por exemplo algumas dermatites ou doenças gastrointestinais desencadeadas por alergias alimentares[3]Peeters KA, Koppelman SJ, Van Hoffen E, Van Der Tas CW, den Hartog Jager CF, Penninks AH, Hefle SL, Bruijnzeel‐Koomen CA, Knol EF, Knulst AC. Does skin prick test reactivity to purified allergens … Continue reading.
No caso, o prick test funciona para detectar quais são as substâncias que provocam alergias (os alérgenos) IgE mediadas, normalmente caracterizadas por alguns possíveis inalantes, insetos e alguns alimentos.
Vantagens | Desvantagens |
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Diagnóstico preciso de alergias | Leve risco de infecção |
Teste barato e rápido | Pode ser desconfortável para alguns pacientes |
Pode identificar facilmente muitos alérgenos de uma só vez | Os resultados podem não ser confiáveis para pessoas com sistema imunológico enfraquecido |
Como o prick test é realizado
Este é um teste relativamente simples de ser realizado, não necessitando de muitos equipamentos médicos para serem executados, e apresentando resultados extremamente efetivos e rápidos de serem analisados.
Para realizar o teste, primeiramente o especialista responsável higieniza a região do antebraço do paciente e faz marcações em caneta, representando quais alérgenos serão testados em cada local e onde serão feitos os controles positivos e negativos.
Após a preparação do antebraço do paciente, é gotejado no antebraço do paciente soluções que possuam os alérgenos, sendo depois realizado pequenos furinhos superficiais, normalmente realizados com agulhas[4]Hosseini S, Shoormasti RS, Akramian R, Movahedi M, Gharagozlou M, Foroughi N, Saboury B, Kazemnejad A, Rad MM, Mahdaviani A, Pourpak Z. Skin prick test reactivity to common aero and food allergens … Continue reading.
Após realizados os pequenos furos, é realizado os controles positivos e negativos do teste, o positivo sendo feito gotejando uma pequena gota de histamina no local e o controle negativo, com uma gota de água.
O resultado do teste se dá a partir das reações que ocorrerão, ou não, no local onde o teste foi realizado. De forma que, caso haja uma pápula (pequena bolinha vermelha, semelhante a uma picada de inseto) entende-se que a pessoa possui alergia a substância aplicada naquele ponto.
Quanto maior a reação apresentada por algum alérgeno, maior o grau de alergia que a pessoa possui a aquela substância.
Alguns casos comuns de alérgenos pesquisados nestes testes para observar se o paciente possui reação são ácaros, gramíneas, fungos, pelo de cães e gatos, leite, ovo, camarão, trigo e amendoim.
Etapa | Descrição |
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1 | Uma pequena quantidade do alérgeno é colocada na pele do paciente. |
2 | Uma lanceta estéril é então usada para picar a pele. |
3 | A lanceta faz com que a pele rompa e o alérgeno entre no corpo. |
4 | O corpo então reage ao alérgeno, resultando em uma erupção vermelha com coceira. |
5 | O paciente é então monitorado quanto a quaisquer outros sinais de reação alérgica. |
É incômodo realizar o prick test?
Este teste cutâneo de alergias não é considerado muito incômodo.
Não é um processo doloroso, havendo apenas uma sensação semelhante a de “picadas” devido aos pequenos furos realizados pela agulha durante o teste.
Após a realização do teste, dependendo das reações alérgicas que o paciente apresentar com as substâncias testadas, pode se apresentar uma certa coceira na região do antebraço. Não costuma ser uma reação muito grande, mas caso haja grandes incômodos, é interessante que o médico que realizou o teste seja consultado.
Quem pode realizar o exame?
O prick test pode ser realizado sem complicações ou problemas pela grande maioria das pessoas. As únicas contraindicações em relação ao exame são pacientes que possuam anafilaxia a algum dos componentes ou substâncias testadas, ou seja, que apresentem reações agudas e até mesmo potencialmente fatais a algum dos alérgenos testados no exame.
Algumas pessoas, por mais que possam realizar o exame, devem tomar alguns cuidados a mais e sempre informar o médico responsável da sua condição de saúde, como por exemplo pacientes que:
- Estejam com a asma não controlada
- Possuam doenças cardiovasculares específicas
- Usem alguns medicamentos específicos
Outros testes de alergia e quando são necessários
O prick test é muito recomendado para alergias IgE mediadas, porém, outros tipos de alergia podem necessitar de outros tipos de testes para serem identificadas.
Alguns outros tipos de testes que podem ser realizados em outros casos são:
- Teste epicutâneo ou de contato: normalmente realizado na região das costas, neste teste são coladas fitas adesivas apresentando uma pequena quantidade da substância alérgena, depois de 48, 72 ou 96 horas, é analisado se há reações locais. Este exame é comumente utilizado em casos de suspeitas de dermatites alérgicas.
- Provocação oral: Este teste é utilizado para possíveis alergias alimentares. Consistindo na ingestão de uma pequena amostra do alimento que quer se testar, com a observação médica das reações que a pessoa apresenta ou não.
- Teste intradérmico: também são indicados nos casos de alergias IgE mediadas e em casos de alergias medicamentosas, consistindo em pequenas injeções contendo a substância a ser testada, aumentando a concentração aplicada até se atingir a concentração máxima permitida ou então até alguma reação ser apresentada, constatando a substância que o paciente possui sensibilidade alérgica.
Orientações gerais para quem realiza o teste
Uma das principais recomendações é a de que o paciente evite usar remédios anti alérgicos e imunossupressores alguns dias antes do exame, para garantir que não haverá nenhuma alteração nos resultados causada pela ingestão destes remédios.
Caso o paciente use algum antialérgico ou imunossupressor antes do exame, é importante que o médico alergologista que realizará o prick test seja avisado.
Se possível, é interessante também que o paciente não passe nenhum produto químico sem enxágue ou creme tópico na região do antebraço que será utilizado para realizar o exame, como forma de garantir que não haverá nenhuma interação entre algum componente do produto com as substâncias utilizadas no exame.
Para realizar o exame, é necessário primeiramente fazer uma consulta com um médico especialista em alergias, um alergologista, e conforme indicado pelo médico, realizar o prick test ou então o exame que melhor se encaixar com seu quadro alérgico.
Referências Bibliográficas
↑1 | Frati F, Incorvaia C, Cavaliere C, Di Cara G, Marcucci F, Esposito S, Masieri S. The skin prick test. Journal of biological regulators and homeostatic agents. 2018 Jan 1;32(1 Suppl. 1):19-24. |
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↑2 | Van der Valk JP, Gerth van Wijk R, Hoorn E, Groenendijk L, Groenendijk IM, De Jong NW. Measurement and interpretation of skin prick test results. Clinical and translational allergy. 2015 Dec;6(1):1-5. |
↑3 | Peeters KA, Koppelman SJ, Van Hoffen E, Van Der Tas CW, den Hartog Jager CF, Penninks AH, Hefle SL, Bruijnzeel‐Koomen CA, Knol EF, Knulst AC. Does skin prick test reactivity to purified allergens correlate with clinical severity of peanut allergy?. Clinical & Experimental Allergy. 2007 Jan;37(1):108-15. |
↑4 | Hosseini S, Shoormasti RS, Akramian R, Movahedi M, Gharagozlou M, Foroughi N, Saboury B, Kazemnejad A, Rad MM, Mahdaviani A, Pourpak Z. Skin prick test reactivity to common aero and food allergens among children with allergy. Iranian journal of medical sciences. 2014 Jan;39(1):29. |