A crioterapia é um método de reabilitação usado há mais de 100 anos¹ e que, por ser de fácil acesso, sempre foi muito utilizado não só por profissionais, mas como pela sociedade em geral.
Mesmo que muitas pessoas não saibam o seu real agir sobre o corpo, tem a concepção de que é eficaz para o tratamento de lesões e inchaços. Afinal, quem nunca falou para “colocar gelo” depois que bateu a perna ou caiu de algum lugar?
No campo profissional, ele é importante para o tratamento de lesões neurológicas e traumáticas. Nas duas disfunções, a crioterapia possui benefícios distintos, mas que serão explicados neste artigo.
Mesmo assim, os estudos científicos não estão totalmente terminados nessa área, não sendo 100% conclusivos sobre o uso do gelo para os mais variados traumas.
Entretanto, a resposta de alguns sistemas frente a aplicação da crioterapia são satisfatórias na maioria dos casos.
Sendo assim, abordaremos os aspectos mais importantes sobre esse tema a fim de que você entenda como o gelo age no organismo e qual a sua importância em um tratamento de trauma.
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História da Crioterapia
Não se tem uma data definida do surgimento da crioterapia, mas sabe-se que os gregos e romanos já usavam neve e gelo para tratar algumas lesões.
Dessa forma, temos relatos de que Hipócrates já usava a neve antes das suas cirurgias e que o médico de Napoleão Bonaparte realizava amputações menos dolorosas com temperaturas abaixo de zero².
As primeiras publicações só apareceram em 1800. Porém, os primeiros documentos relatando o uso da crioterapia como tratamento surgiu em 1946 com os relatos de Shaubel sobre as cirurgias de Fay e Henry.
Esses médicos usavam o gelo para evitar a gangrena e o choque em seus pacientes, conseguindo bons resultados.
Os estudos que comprovam a crioterapia estão datados apenas das décadas de 70, 80 e 90.
Afinal, O Que É Crioterapia?
A crioterapia é uma terapia do frio ou terapia fria. Assim, utiliza-se uma substância de alta temperatura para realizar o procedimento.
Portanto, pode ser aplicado gelo sobre uma lesão, imergir o membro em uma banheira gelada (muito usado por atletas após uma partida) e uso de sprays que podem atingir uma temperatura de -195ºC, por exemplo.
A utilização de géis e pomadas com cânfora ou mentol também dão essa sensação de resfriamento e auxiliam no conforto da região lesionada.
Apesar de parecer simples e proporcionar um fácil acesso de todas as pessoas, ela tem usos específicos que precisam ser respeitados.
Utilizar o gelo tem suas implicações e, se não usado com moderação e da forma correta, pode queimar a pele ou não realizar sua função com maestria.
Desse modo, é vital entender para que serve a crioterapia e como esse estímulo pode trabalhar no corpo.
Para Que Serve A Crioterapia?
O uso da crioterapia serve tanto para tratamento quanto para prevenção e fins estéticos. Dessa forma, podemos citar alguns para os quais o uso do frio é muito indicado e também extremamente eficaz:
Lesões musculares: Entorses, pancadas, recuperação de cirurgias, manchas roxas na pele são algumas das aplicações nesta categoria. Devido a sua ação vasoconstritora, o gelo é ideal para as primeiras 48 horas.
Lesões articulares: Devido aos tecidos adjacentes, todo tipo de entorse, cirurgia, pancada em locais como joelhos, tornozelos e até coluna, indica-se o uso de gelo nos primeiros dias.
Inflamação dos músculos e articulações: Algumas doenças ortopédicas são caracterizadas por inflamações como a bursite e a tendinite. Quando isso acontece, é vital que se use gelo no começo dos sintomas a fim de diminuir a inflamação local.
Dores musculares: O frio inibe as trocas sinápticas e “engana’ o cérebro, que acaba deixando a dor de lado e se concentrando nos estímulos que a hipotermia local causa.
Queimaduras leves: Apenas em queimaduras leves! Caso contrário, pode ajudar a piorar a lesão.
O seu uso em lesões neurológicas está ligado ao fato do tratamento diminuir a espasticidade. Isso ocorre porque a baixa temperatura diminui o ritmo dos impulsos involuntários que originam essa condição espástica.
O gelo é bom para o início do tratamento das lesões por restringir a passagem do fluxo sanguíneo. Em um primeiro momento, isso é necessário para diminuir a inflamação local.
Após um tempo, o uso deve ser o inverso: coloca-se calor para que chegue mais sangue ao local e, consequentemente, mais nutrientes para curar as células.
Além disso, o gelo possui fins estéticos. Como diminui a passagem de sangue local, ajuda a combater as rugas e linhas de expressão.
E para a eliminação de gordura, sua aplicação acelera o metabolismo e facilita o metabolismo da gordura pelo corpo.
Entretanto, vale lembrar que esses procedimentos estéticos devem ser feitos por profissionais e não em casa, já que o uso errado do frio pode acarretar queimaduras sérias na pele.
Como O Frio Age No Corpo?
Existem muitas alterações fisiológicas que ocorrem após a aplicação de gelo em alguma parte do corpo. O resfriamento causa, em primeiro lugar, a diminuição do metabolismo celular local.
A célula passa por isquemia e é obrigada a sobreviver com uma quantidade muito menor de oxigênio.
Por isso, a célula torna-se menor. Dessa forma, a extensão do tecido lesado perde tamanho, juntamente com a pressão oncótica e as proteínas livres. Assim, o edema diminui.
Portanto, para que o metabolismo altere sua aceleração, o CO2 (gás carbônico) torna-se escasso e o tônus vascular aumenta, causando a vasoconstrição sanguínea, Em seguida, temos a escassez de sangue chegando ao local, Por isso, as células precisam se ajustar para não morrerem.
Após o uso da crioterapia, teremos uma vasodilatação reflexa. Isso acontece um bom tempo depois da exposição. Os autores Mohrman e Heller afirmam:
“O mecanismo responsável pela vasodilatação pelo frio é desconhecido, mas se sugeriu que a norepinefrina pode perder sua capacidade de contrair os vasos quando a temperatura deles atinge 0ºC.
Seja qual for o mecanismo, a vasodilatação induzida pelo frio aparentemente serve para proteger os tecidos expostos à lesão pelo frio”.
Outro fato importante, é que a crioterapia aumenta o limiar de excitação das células nervosas em função do tempo de aplicação.
Dessa forma, quanto maior o tempo que o tecido se manter resfriado, menor é a transmissão dos impulsos, gerando analgesia e alívio da dor.
Diante disso, o gelo evita o extravasamento sanguíneo para o tecido lesionado e consequentemente, a fibrina também não se deposita em grande quantidade. Ela é responsável pelo excesso de colágeno que as lesões não tratadas podem acarretar.
Esse excesso promove a fibrose. Em suma, a crioterapia evita a aderência do tecido, tornando aquela articulação enrijecida.
Como Deve Ser Feita A Crioterapia?
A crioterapia deve ser feita por um fisioterapeuta ou dermatologista, dependendo do objetivo. A colocação do gelo é em cubos, bolsa térmica, gel, ou mergulhada em água fria. Para os fins estéticos, são geralmente usados aparelhos específicos.
A aplicação deve ser suspensa em caso de dor intensa ou perda de sensibilidade além da lesão tratada. Não se pode deixar o gelo em um único local por mais de 20 minutos por perigo de queimadura.
Em alguns estudos, recomenda-se a sua utilização até 48 horas após a lesão e intercalar o seu uso em um intervalo de duas em duas horas. Dessa forma, os resultados são eficientes e perceptíveis nas primeiras horas após o problema.
Contraindicações da Crioterapia
Tanto em tratamentos estéticos ou de lesões músculo-esqueléticas, existem algumas contraindicações que devem ser levadas em consideração a fim de se evitar problemas futuros. São elas:
- Feridas abertas;
- Infecções;
- Psoríase;
- Doenças vindas do frio como Síndrome de Reynolds e paniculite ao frio;
- Problemas de coagulação de sangue;
- Infecções bacterianas.
Cuidados Antes E Depois da Crioterapia
Os cuidados antes da crioterapia não são específicos. Além de se avaliar bem quem é o paciente e se ele pode realizar a sessão, sendo barrado caso exista algum fator citado nas contra indicações, não deve ter mais de 48 horas.
O pós, em casos de lesões, não possui nada em específico. É bom verificar se o gelo não ocasionou lesões na pele e se o paciente relata um alívio da dor.
Nos casos estéticos, não se pode tomar banho por pelo menos duas horas após o procedimento, além de evitar a prática de exercícios físicos pelas mesmas duas horas.
Conclusão
A crioterapia é um tratamento que envolve a diminuição da temperatura corporal utilizando o frio. Com resultados nítidos e os estudos são básicos na área, porém nada invalida os benefícios.
Utilizada como uma técnica que se aplica a quase todos os problemas referentes a pancadas e lesões, seu uso estético é um pouco mais recente.
Em suma, mesmo sendo algo simples e fácil de se utilizar em situações do dia a dia, o gelo pode machucar e, em alguns casos, dissipar infecções pelo corpo. Seu uso consciente é de extrema importância e sempre em uma janela de 48 horas.
Para diminuição de edemas, alívio de dor e controle de inflamação, a crioterapia torna-se essencial para que o corpo consiga se regenerar. Ela também evita a fibrose que pode limitar movimentos e trazer incômodos posteriores.
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