A dengue, assim como a Zika e a Chikungunya, é uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e afeta diversos países. Por isso, pesquisadores procuram há décadas formas de evitar a transmissão dessas doenças, bem como impedir a reprodução dos mosquitos.
Mas esses esforços muitas vezes têm se mostrado ineficazes, já que, ano após ano, o número de casos aumenta.
E é justamente dessa dificuldade para controlar a quantidade de mosquitos com os métodos tradicionais que surgiu a ideia de utilizar espécies transgênicas para tentar resolver o problema, uma técnica que tem gerado grandes debates, mas que, como veremos a seguir, é promissora.
O QUE É O AEDES TRANSGÊNICO?
Criado pela empresa britânica de biotecnologia Oxitec, o Aedes aegypti transgênico é mais uma das tentativas de combater a dengue, uma das doenças endêmicas em nosso país transmitidas por este mosquito.
De acordo com os pesquisadores esses insetos, todos machos, irão cruzar com as fêmeas selvagens e produzir larvas programadas para morrer cedo.
Assim, a pretensão é que a população desses mosquitos diminua com o passar do tempo, reduzindo também a incidência da dengue.
RESULTADOS DO EXPERIMENTO
O experimento com os mosquitos ocorreu entre junho de 2013 e setembro de 2015, e seus resultados têm sido alvo de discussões, uma vez que:
- Apesar da morte da maioria das larvas do mosquito da dengue, uma pequena parte sobrevive, carregando uma mistura do DNA da espécie natural e da transgênica. Assim, alguns pesquisadores temem que esses mosquitos híbridos sejam mais resistentes à inseticidas;
- Por outro lado, outros pesquisadores afirmam que não existem evidências que embasem esse temor.
Entretanto, mesmo com as controvérsias, o experimento foi considerado por muitos como um sucesso, já que durante o período do estudo houve uma redução drástica na quantidade de Aedes aegypti no município teste, chegando a 95%.
USO FUTURO
Recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um guia para o desenvolvimento e uso de mosquitos transgênicos, com o objetivo de incentivar pesquisas na área e assim reduzir a incidência de doenças como a Dengue, a Chikungunya e a Zika, transmitidas pelo Aedes aegypti, e da malária, que é transmitida pelo Anopheles.
Para a agência, o uso de mosquitos transgênicos seria uma boa opção para controlar a população de mosquitos, uma vez que as alternativas atuais, como o uso de inseticidas e larvicidas, não conseguem reduzir significativamente a transmissão das doenças carregadas por esses vetores.
Mas, também de acordo com a agência, esse tipo de técnica ainda precisa ser melhor estudada, tanto por questões éticas como pela segurança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Guidance framework for testing genetically modified mosquitoes, second edition, 2021 – World Health Organization