A principal doença que acomete o coração com grande chance de morte repentina é o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), que se caracteriza por uma obstrução na artéria coronária que leva sangue com oxigênio ao coração é considerado um quadro de alto risco e pode e ser muito grave.
Se o indivíduo reconhecer os sintomas, deve procurar atendimento prontamente para minimizar as chances de injuria como a necrose do miocárdio, pois, a falta de sangue no tecido cardíaco pode levar a morte dessas células.
O Que São Marcadores Bioquímicos Cardíacos?
Para um diagnóstico rápido de IAM, são feitos alguns exames como eletrocardiograma (ECG) e a dosagem de algumas enzimas conhecidas como enzimas marcadoras de necrose miocárdica, que indicam dano à região do músculo cardíaco, que não está com irrigação sanguínea adequada.
Os marcadores bioquímico de lesão miocárdica que se elevam mais rapidamente no IAM são as enzimas. Elas costumam elevar seus níveis em apenas algumas horas após o início dos sintomas, desta maneira, devem ser as primeiras pesquisas bioquímicas a serem feitas.
Quais São Os Principais Marcadores Proteicos do IAM?
Mioglobina e Troponina Cardíaca
Mioglobina é uma proteína de baixo peso molécula e com estrutura que se assemelha a da hemoglobina, pois, tem também a capacidade de se ligar ao oxigênio. Ela se altera precocemente no infarto agudo do miocárdio
É feita a sua dosagem juntamente com a troponina, para o diagnóstico de IAM. A elevação da mioglobina no sangue começa em 2 horas desde o início da isquemia atinge seu máximo em 8 horas, voltando ao normal em um dia.
O ganho em se analisar a mioglobina entre os outros marcadores cardíacos é que ela aumenta mais rápido, mas, ela não é característica de lesão cardía, pois, também se encontra em músculos e esqueléticos.
Já a troponina é característica. Existem três tipos: troponina C, troponina I cardíaca (cTnI) e troponina T cardíaca (cTnT), estão presentes em pequenas quantidades no sangue em pessoas sadias, quando ocorre a lesão do miocárdio, as troponinas são difundidas na corrente sanguínea em quantidade análoga ao dano causado no tecido cardíaco.
Segundo o protocolo mais utilizado é feito o exame de mioglobina, se positivo deve ser confirmado com o exame de troponina.
A troponina demonstra melhor resuldado porque suas taxas ficam altas durante um tempo maior e sua presença é característica do músculo cardíaco, outros marcadores podem mostrar resultado duvidoso por estarem ligados a tecidos musculares no geral.
Uma grande diferença entre as troponinas e a isoenzima CK-MB é que esta só se eleva em casos graves de isquemia, enquanto aquelas, por serem leves e por estarem soltas no citoplasma, são liberadas mesmo em situação de isquemia leve, e podem caracterizar um quadro cardíaco instável.
A troponina é utilizada para o diagnóstico de IAM, em caso de lesão cardíaca branda e grave ela distingue dores musculares na região do peito de outras causas que não cardíacas.
Em pacientes com dor no peito ou outras questões que estão ligadas com doenças cardíacas, e que demoram alguns dias para procurar ajuda médica, a troponina será o exame que indicará a lesão devido a sua durabilidade maior com taxa alta.
As taxas de troponina ficam aumentadas em casos mais graves em infecções, insuficiência, e inflamações do coração e doenças renais. Problemas inflamatórios persistentes no geral, musculares ou não, podem causar também a troponina aumentada.
Valor de referência da mioglobina em uma pessoa saudável deve ser igual ou inferior a 0,15 mcg/dL. O das troponinas deve ser em torno de:
Troponina T: 0,0 a 0,04 ng/mL; Troponina I: 0,0 a 0,1 ng/mL.
Quando o paciente pratica exercícios físicos de alta intensidade ou tem uma lesão muscular, até mesmo causada por administração de medicamento intramuscular a mioglobina pode acusar no exame.
E, sem ser excretada pelo rim, se um paciente estiver com insuficiência, provavelmente a mioglobina também estará aumentada.
Enzima CK-MB (Creatina Quinase)
Encontrada predominantemente no miocárdio e em menor quantidade nos outros músculos em geral. Também é muito utilizada para diagnostico de IAM, seu valor sobe em 4 horas após o início do IAM, atinge o máximo em 12 horas e volta ao normal em dois dias.
Valores de Referência
Homens e Mulheres: 0 – 25 U/L
AST / TGO (Aspartato Aminotransferase)
Pode ser conhecida como transaminase glutâmico oxalacética (TGO). Compõe fibras do coração e outros músculos. Está tornando-se obsoleto seu uso devido a marcadores mais modernos. A TGO pode variar em média entre 5 a 40 U/L
Lactato Desidrogenase
Uma enzima que catalisa reações de quebra de glicose em energia. O valor de referência pode variar de acordo com a técnica utilizada para sua detecção.
Alguns casos nos quais os marcadores podem estar elevados:
- AVC, hemorragia subaracnóide
- Valvulopatia Aórtica
- Insuficiência cardíaca aguda e edema crônico pulmonar
- Miocardite inflamatória aguda, endocardite/pericardite
- Embolia pulmonar aguda
- Dissecção da aorta
- Drogas cardiotóxicas
- Bradiarritmia, bloqueio cardíaco
- Exercício difícil/esforço excessivo
- Contusão cardíaca
- Cirurgia cardíaca, como: pós-intervenção coronária percutânea, biópsia endomiocárdica
- Doença cardíaca crítica não aguda
- Cardioversão
- Cardiomiopatia hipertrófica
- Trauma miocárdico
- Taquicardia/taquiarritmia
Muitos peptídeos e proteínas teciduais cardíacas, musculares, foram descobertos ao longo dos últimos anos, devido aos grandes avanços nas técnicas de biologia molecular e de bioquímica.
Mas, o objetivo principal na busca para novos marcadores continua movendo pesquisadores para fazer o mais cedo possível o diagnóstico e eliminar quaisquer consequências indesejáveis.
O IAM apresenta alta taxa de mortalidade em todo o mundo, mas o diagnóstico rápido e confiável pode reduzir esse índice de mortalidade.
Sabemos também que um biomarcador que atende a definição de um biomarcador cardíaco ideal ainda não foi descoberto Temos certeza de que com o avanço tecnológico sempre surgirá um melhor. Por hora, a análise de um único biomarcador não é recomendada, pois não existe um único ideal e específico.
Devemos notar também que os biomarcadores cardíacos não fazem o diagnóstico, mas ajudam a chegar a um.
Referências
Aydin S, Ugur K, Aydin S, Sahin İ, Yardim M. Biomarkers in acute myocardial infarction: current perspectives. Vasc Health Risk Manag. 2019;15:1-10. Published 2019 Jan 17. doi:10.2147/VHRM.S166157