Problemas de aprendizagem e memória, dificuldade em prestar atenção e incapacidade de controlar os movimentos são os problemas cognitivos que os pacientes com fibromialgia mais sentem, relata um estudo.
A disfunção é pior quando os pacientes estão ansiosos ou depressivos, de acordo com uma equipe cujo estudo envolveu uma revisão de pesquisas anteriores.
O estudo em questão: “Cognitive impairment in fibromyalgia: A meta-analysis of case–control studies”[1], apareceu na revista Psychosomatic Medicine.
Muitos pacientes com fibromialgia queixam-se névoa mental, ou problemas com memória, atenção e fala. E comprometimento cognitivo foi relatado em até 80 por cento dos pacientes com fibromialgia.
Mas os testes neuropsicológicos da função cognitiva produziram resultados inconsistentes. As razões prováveis, segundo os pesquisadores que fizeram a revisão, foram as amostras pequenas e o uso de múltiplos testes neuropsicológicos, que dificultam a comparação.
A equipe reuniu informações de 23 projetos de pesquisa e estudos de caso com um total de 2.096 participantes de modo a tentar identificar quais problemas cognitivos foram os mais prevalentes na fibromialgia.
Os estudos utilizaram diferentes testes neuropsicológicos para comparar o desempenho cognitivo de pacientes com fibromialgia e dos grupos-controle. Alguns estudos incluíram pesquisas que avaliaram a dor, ansiedade e depressão dos pacientes. Como esperado, os pesquisadores descobriram que os pacientes com fibromialgia tinham mais problemas cognitivos do que os participantes dos grupos-controles. A pior disfunção estava no aprendizado e na memória, atenção e controle dos movimentos.
Dor e problemas sensoriais são os principais sintomas da fibromialgia. As vias neurais envolvidas na cognição e no processamento da dor estão ligadas de forma intrínseca e podem influenciar umas às outras, disseram os cientistas.
De acordo com os pesquisadores responsáveis pela revisão, os poucos estudos que procuraram por ligações entre a gravidade da dor dos pacientes e o grau de sua disfunção cognitiva não encontraram uma correlação. Por exemplo, descobriram que memória, atenção e processamento de informações não foram associados aos níveis de dor de forma significativa. A equipe descobriu que pacientes com mais sofrimento emocional, incluindo ansiedade e depressão, tinham mais disfunção cognitiva.
Isso significa que “a avaliação da função cognitiva de pacientes com fibromialgia deve considerar o estado do humor e outros sintomas”, escreveu a equipe. De fato, ansiedade e depressão, podem ajudar a explicar as diferenças nos resultados de pesquisa relacionados à disfunção, escreveram.
As manifestações clínicas da fibromialgia, incluindo a função física, social e psicológica, em conjunto com a fadiga e a qualidade do sono, também estão associadas à função cognitiva”, adicionaram.
Eles também encontraram ligações entre a idade dos pacientes e o número de anos desde o diagnóstico da fibromialgia e seus níveis de disfunção cognitiva.
“Pesquisas experimentais futuras devem considerar essas descobertas e limitações para explorar intervenções eficazes para melhorar ou prevenir a disfunção cognitiva na fibromialgia”, afirmaram.
A equipe disse que uma das principais limitações de suas pesquisas é que diferentes testes neuropsicológicos foram usados nos estudos que eles revisaram. Além disso, o esforço dos pacientes durante os testes neuropsicológicos e a motivação podem ter afetado seus resultados de desempenho cognitivo.
E ainda suspeitam que outra limitação potencial foi que nenhum dos estudos comparou os resultados dos testes neuropsicológicos com a visão subjetiva dos pacientes sobre seus problemas cognitivos.