Quem apresenta o Transtorno de Personalidade Borderline tende a agir de forma compulsiva, sem levar em consideração as consequências e, juntamente a isso, manifesta grande instabilidade afetiva.
Existem outros elementos fundamentais que são analisados para o diagnóstico desse quadro, incluindo: ansiedade crônica; obsessões; hipocondria; tendências paranoides; tendências sexuais perversas; impulsividade; tendência a diversos tipos de drogadição; necessidades exibicionistas e de dependência; e sentimentos de vazio.
Os 10 sintomas mais evidentes no Transtorno de Personalidade Borderline são:
- Rigidez psíquica;
- Sentimentos de inferioridade;
- Narcisismo;
- Sangramento psíquico;
- Hipersensibilidade desordenada;
- Masoquismo;
- Insegurança “somática”;
- Tendência a reações terapêuticas negativas;
- Mecanismos de projeção;
- Dificuldades para testar a realidade.
As características de instabilidade afetiva, impulsividade e agressividade ficam ainda mais acentuadas quando os borderlines apresentam ideação ou tentativas de suicídio. Além disso, os portadores desse quadro cruzam fronteiras como a do tempo.
Vivem o presente intensamente, embora não consigam integrar seu passado e planos futuros. Essa intensidade com que o indivíduo precisa vivenciar suas relações está associada aos seus sentimentos de inferioridade, que são invasores e abrangem quase toda a sua personalidade.
Embora a ansiedade geralmente esteja presente nos borderlines, isso não é uma característica constante e perturbadora nesses indivíduos. Pelo contrário, aparentemente, muitos aparentam uma tranquilidade física e mental, até mesmo impressionando os demais por não se perturbarem tanto em situações difíceis.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), em média, a prevalência de indivíduos com Transtorno da Personalidade Borderline é estimada em 1,6%, podendo chegar a 5,9%.
O diagnóstico é predominante em mulheres. No entanto, a prevalência tende a diminuir nas faixas etárias mais altas.
Devido aos diversos sintomas e tipos de manifestações, é importante diferenciar o Transtorno de Personalidade Borderline de outras psicopatologias. Quando os sintomas se centram na presença de comportamentos mais próximos da psicose, geralmente o diagnóstico não é mais de transtorno borderline, mas sim de transtorno esquizotípico da personalidade. Desse modo, é importante investigar de forma adequada os traços do transtorno borderline, para se realizar o diagnóstico correto. Então, quando há a suspeita de que um indivíduo tenha o Transtorno de Personalidade Borderline, ele deve passar por um processo de avaliação psicológica.
A avaliação psicológica fornece um entendimento mais claro e específico a respeito do funcionamento psíquico de um indivíduo, buscando identificar e avaliar diversos aspectos para classificar o caso e prever o seu direcionamento, além de comunicar os resultados através de uma devolutiva e propor soluções. Porém, a avaliação psicológica de pessoas que têm Transtorno de Personalidade Borderline é dificultada devido aos diversos mecanismos de defesa que são comuns nesses indivíduos.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5), existem alguns critérios, cinco dos quais precisam estar presentes para que seja realizado o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline. Esses critérios são:
- Um padrão generalizado de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, autoimagem e afetos, além de impulsividade acentuada que se inicia no início da vida adulta e se mostra presente em diversos contextos, conforme indicado por 5 (ou mais) dos seguintes:
- Esforços intensos em evitar o abandono real ou imaginário.
- Instabilidade e intensidade nos relacionamentos interpessoais caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
- Distúrbios de identidade relacionados a autoimagem ou senso de si persistentemente instável.
- Impulsividade em pelo menos 2 áreas que são potencialmente autodestrutivas, por exemplo, abuso de substâncias, compulsão alimentar, gastos, sexo e direção irresponsável.
- Frequentes comportamentos suicidas, em forma de gestos ou ameaças, ou comportamento automutilante.
- Instabilidade afetiva associada ao humor, como por exemplo, disforia episódica intensa ou irritabilidade que pode durar algumas horas e, raramente, mais do que alguns dias.
- Sentimentos crônicos de vazio.
- Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlar a raiva.
- Ideação paranoide transitória associada ao estresse.
Como o Transtorno de Personalidade Borderline é diagnosticado?
O diagnóstico é baseado em sintomas que estão presentes desde a adolescência ou no início da idade adulta e aparecem em diversos contextos. Não existem exames laboratoriais ou de imagem que possam auxiliar nesse diagnóstico.
Entrevistas estruturadas e semiestruturadas podem ajudar no diagnóstico, embora muitas vezes exijam treinamento especializado para serem aplicadas. A Entrevista de Diagnóstico para Borderlines (Diagnostic Interview for Borderlines – Revised) é atualmente uma ferramenta validada e muito usada, considerada “padrão ouro”, podendo levar de 30 a 60 minutos para ser realizada.
O diagnóstico também requer que, pelo menos, 5 dos 9 critérios específicos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5) sejam atendidos.
Na entrevista aos pacientes, diferentes domínios de sintomas devem ser explorados, incluindo relacionamentos interpessoais, afetividade, cognição e controle de impulsos.
Como os pacientes devem ser informados sobre seu diagnóstico?
Estabelecido o diagnóstico de borderline, é importante informar o paciente sobre o diagnóstico e discutir as implicações para as opções de tratamento e resultados. Não há evidências que indiquem que informar os pacientes sobre o diagnóstico cause problemas. Pelo contrário, é aconselhável não omitir.
Ao informar o paciente sobre a suspeita diagnóstica, é importante mostrar a lista de critérios diagnósticos e explicar os motivos de o diagnóstico estar sendo considerado.
Conscientizar os pacientes sobre o número crescente de tratamentos específicos e o bom prognóstico com resolução gradual dos sintomas também pode ajudá-los a reduzir sua ansiedade sobre um diagnóstico altamente estigmatizado no sistema médico e na população em geral.
Depois que o diagnóstico é fechado e o paciente é informado, pode-se definir o tratamento mais adequado, geralmente incluindo psicoterapia e medicação. Antigamente, o tratamento era considerado desafiador, mas algumas intervenções foram desenvolvidas nas últimas décadas que mudaram drasticamente a vida dos pacientes com esse transtorno.