Conceitar o termo Impulsividade é amplamente valorizado por diferentes vertentes psicológicas. Cada linha teórica utiliza a concepção de um dado modo.
Dessa maneira, tanto essa dificuldade em nomeá-la como em abordá-la em um diagnóstico faz com que a mesma seja tratada como fator independente. É importante deixar claro que a Impulsividade faz parte do ser humano com ou sem um diagnóstico em psiquiatria.
O que é impulsividade?
A Impulsividade é a base subjacente do comportamento inibitório de vários problemas de saúde mental.
A Impulsividade é caracterizada pelo comportamento não planejado, onde avaliações acerca de possíveis consequências não são consideradas total ou parcialmente em cada situação, havendo uma preocupação apenas do indivíduo com o momento imediato.
Apresenta atitude rápida sem premeditações, condutada variável onde o pensamento pode ser inadequado e tendência a agir com a ausência se julgamento como a maioria das pessoas, portanto considerando riscos na tomada de decisões.
Impulsividade – desequilíbrio no comportamento
Sendo compreendida como um fenômeno dinâmico, a Impulsividade é descrita pelo desequilíbrio de funções inibitórias e condutoras do comportamento.
É sabido que impulsos e desejos não acarretam alterações significativas de intensidade, entretanto, as operações inibitórias são desestruturadas e isso fornece perda de controle periódico.
O contrário também pode ser verdadeiro, os impulsos são tão intensos de modo recorrente que acabam por superar o controle inibitório.
A ciência identifica a Impulsividade como componente hereditário podendo ser também um traço de
personalidade e quem sabe adquirida por meio de lesão do sistema nervoso central.
Componentes da impulsividade
Ela pode ser entendida como 3 componentes: o primeiro seria atividade motora, responsável pelo comportamento do impulso momentâneo; o segundo é atenção focada na atividade em si e a terceira diz respeito ao planejamento, a falta deste leva a tarefa cuidadosa realizada de fato.
Existem fases importantes descritas no processo: a fase de intenção quando a influência inicial de impulsos e desejos iniciais inconscientes tendem a influenciar o comportamento, já a fase de deliberação faz com que a pessoa aprecie as condições de cada alternativa, a fase de decisão implica a conduta propriamente dita inicial de ação e por último, a fase de execução, onde há uma confluência dinâmica de atitudes combinadas para alcançar o objetivo proposto.
Diagnóstico clínico de impulsividade
Quando se fala de diagnóstico na clínica, a Impulsividade pode ser encontrada nos transtornos de
personalidade antissocial, borderline, histriônico e narcisista, carregando sintomas dos transtornos explosivo intermitente, transtorno afetivo bipolar e dependências.
As perversões e parafilias sexuais se mostram como exceção de maneira qualitativa aos impulsos, pois há uma obsessão pelo objeto e estereotipificação de conduta fora das normas sociais de forma rígida.
A tricotilomania (arrancar cabelos e pêlos sem controle) e a dermatotilexomania (escarificação neurótica da pele) são comportamentos impulsivos preocupantes.
Sobre transtornos mentais, a Impulsividade estava contida em Transtornos do Controle do Impulso.
Estes são denominados pela literatura científica como: transtorno explosivo intermitente (comportamento com dificuldade para resistir a impulsos agressivos, resultando em agressões e destruições), piromania (comportamento caracterizado pela gratificação em incendiar, aliviando tensão), cleptomania (dificuldade para conter o impulso de roubo desnecessário ou sem valor momante algum) e jogo patológico (comportamento mal adaptativo para apostas e jogos de azar).
Para a psiquiatria a categoria nosológica dos Transtornos do Controle do Impulso pode ser considerada um espectro do diagnóstico do transtorno obsessivo-compulsivo.
Outras questões da impulsividade
Existem outros comportamentos mais brandos que acabam fugindo da clínica, se escondem nos cuidados matinais e diários: examinar o próprio rosto para retirar fios brancos ou cravos para espremer ou até colocar piercing na orelha para se sentir socialmente aceito.
Tais comportamentos tanto excessivos quanto menos causadores a priori de sofrimento são fornecedores de impacto e evidências substancial a sociedade e ciência.
É importante salientar que o conceito de Impulsividade é diferente do conceito de compulsividade, embora ambos pertençam a dimensão semelhantes.
Porém a diferenciação desse modelo se faz pela seguinte forma: na Impulsividade ocorre a redução a sensibilidade de consequências negativas ao comportamento, antes dos estímulos serem totalmente processados há reações imprevistas e mal planejadas e não há responsabilidades frente as consequências futuras.
Sintomas possíveis
Pacientes impulsivos são descritos como os quais vivenciam sintomas irresistíveis patologicamente mesmo diante de esforços defensivos. Esse perfil possui baixa tolerância a frustração e grande dificuldade para adiar ações prontamente.
Levam em conta apenas os sentimentos do presente e alegam não ter controle ou ordem superior para tal.
Ocorre uma elevação na excitação e tensão gerando a intensificação para o ato que culmina no sentimento de alívio e gratificação, infelizmente negativamente reforçador, havendo culpa e remoroso após o comportamento praticado.
Há notoriamente diminuição da instabilidade afetiva nesses pacientes juntamente a emoções negativas, dificuldade de planejamento e disfunção da atenção e execução também, e apresentam ausência de empatia e cm traços de conduta anti-social.
É bastante comum nos pacientes impulsivos fenômenos exacerbados de perda de controle sobre a agressividade e sobre os apetites e desejos.
O constructo de Impulsividade é complexo e sugere um fator multidimensional. Emoções básicas como
ansiedade, medo, tristeza e nojo estão contidos originalmente no curso da ação.
São refratários a ameaças e via de regra não se sentem desconfortáveis da presença de grandes riscos, usufruindo de atividades perigosas intensamente.
Há casos em que há alternância de afetos positivos e negativos auxiliando na organização do comportamento para reforçar ou inibir impulsos de memórias específicas de situações convenientes ao presente.
A espontaneidade tem um grau diferenciado assim como a velocidade para elaborar respostas na proporção que se é expressado o instinto por meio de ações em comparação as ações planejadas.
A cognição em detrimento da disfunção executiva mostra pacientes inteligentes, porém podem apresentar fracasso em alguns desafios da vida por não conseguirem responder de modo adequado.
Abordagem pela psicologia
Sobre o tratamento psicológico há indicações da terapia psicanalítica como forma de tratamento.
A abordagem deve conter traços solidários e expressivos, buscando promover a construção do ego, devido a estrutura egoica se fortalecer a partir da sabotagem de ataques ao funcionamento defensivo continuamente.
Já a terapia cognitivo comportamental se mostra eficaz para pacientes com Impulsividade trazendo mudanças no comportamento impulsivo.
A terapia comportamental dialética parece reduzir o número de episódios impulsivos. A gestão de contingências é um recurso utilizado também aliado ao processo de tratamento.
Simplesmente, envolvem tanto a avaliação das consequências positivas quanto a avaliação de consequências negativas para ponderar a ocorrência de um próximo comportamento alvo.
Esse procedimento acaba por ser relvante por incentivar a escolha da conduta menos imediatista possível do paciente.
Para a psiquiatria os Transtornos do Controle do Impulso são modulados por diversos neurotransmissores.
Nesses pacientes foram observados desregulação serotoninérgica e deficit pré-sináptico de serotonina.
O jogo patológico pode acarretar anomalias em receptores de dopamina e no sistema de recompensa cerebral, disfunção serotominérgica e noradrenérgica.
Na neurobiologia, a sensibilidade a saliência de estímulo denota maior ativação quando as pessoas preferem recompensas imediatas. Ainda sim, o córtex cingulado anterior dorsal e córtex préfrontal dorsolateral fazem parte de comparativos em alternativa e avaliação de desfechos.
O sistema frontal se mostra mais excitado quando há escolhas de recompensas atrasadas.
O uso medicamentoso também é bem-visto nos casos de Transtorno do Controle do Impulso. Tem-se como prescrição estabilizadores de humor, inibidores seletivos de recaptação de serotonina, anticonvulsivantes, psicoestimulantes e antagonistas β adrenérgicos.
Em quadros onde há evidências agressividade no paciente, o uso de antipsicóticos atípicos mostram-se úteis.
A motivação para o comportamento da Impulsividade deriva de dimensões controladoras influenciadas por questões genéricas ou específicas em cada situação.
Dada maleabilidade do conceito é plausível afirmar que o mecanismo não ocorre atividade compensatório ou adaptabilidade de comportamento.
Em quadros de uma síndrome impulsiva, possivelmente há um diagnóstico em particular predominante, no entanto, a perda de que controle é manifestada quando outra formas de Impulsividade secundária se manifesta também.
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