Rinite Medicamentosa – Causa comum de Obstrução Nasal

Rinite Medicamentosa

A rinite medicamentosa, conhecida também como congestão rebote, é a inflamação da mucosa nasal provocada pelo uso excessivo de descongestionantes nasais tópicos. 

Esse tipo de rinite é classificado como um subconjunto de rinite induzida por drogas. Geralmente, descongestionantes nasais são utilizados para o alívio da congestão nasal devido a rinite alérgica, rinossinusite aguda ou crônica, pólipos nasais ou infecção do trato respiratório superior.

Os primeiros descongestionantes nasais originaram-se principalmente da efedrina, onde houve relatos de congestão rebote depois do seu uso prolongado. Desde então, observou-se que essa condição se desenvolve em 3 dias e até 4 a 6 semanas de uso.

A causa dessa condição é devido ao uso prolongado de mais de 7 a 10 dias.

Fisiologia da congestão nasal

O sistema vascular da mucosa nasal é dividido em vasos de resistência, que são as arteríolas, e vasos de capacitância, que são os plexos venosos. Esses vasos são regulados por receptores específicos. A estimulação desses receptores causa o efeito descongestionante, levando à diminuição do fluxo sanguíneo e, consequentemente, a diminuição do edema nasal e rinorreia (corrimento nasal).

Existem alguns fatores que contribuem para a congestão nasal, incluindo a estimulação do sistema nervoso parassimpático, a liberação de mediadores locais e o estímulo da liberação de histamina, triptase, cininas, prostaglandinas e leucotrienos, induzindo uma mudança geral na resistência nasal e na capacitância dos vasos. 

A rinite medicamentosa é um dos possíveis efeitos da aplicação excessiva de descongestionantes nasais.

Descongestionantes nasais

Os descongestionantes nasais podem ser classificados como derivados de beta-feniletilamina ou derivados de imidazolina. Os derivados da beta-feniletilamina imitam os efeitos da estimulação do sistema nervoso simpático, ajudando a produzir vasoconstrição através da ativação de determinados receptores, que são os adrenoreceptores alfa-1.

Já as imidazolinas produzem seu efeito principalmente por outra via de receptores, sendo os adrenoreceptores alfa-2. Essa diferença na sensibilidade dos receptores torna os agentes imidazolina mais eficazes na redução do fluxo sanguíneo da mucosa devido ao seu efeito vasoconstritor tanto para os vasos de capacitância quanto para os de resistência na mucosa nasal.

Descongestionantes com derivados de imidazolina demonstram um efeito mais potente e de ação mais longa. Por exemplo, o cloridrato de xilometazolina a 0,1%, que é um derivado de imidazolina, atua em poucos minutos e dura até 10 horas, enquanto a fenilefrina a 1% atua em 15 a 20 minutos, com efeitos que duram de 2 a 4 horas.

Tipos de descongestionantes nasais

Os principais tipos de descongestionantes nasais que causam rinite medicamentosa são aqueles derivados de beta-feniletilamina, incluindo efedrina e fenilefrina. E os derivados de imidazolina que incluem nafazolina, oximetazolina, xilometazolina e cloreto de benzalcônio.

O cloreto de benzalcônio, utilizado nas preparações de descongestionantes nasais, possui associação com a exacerbação de rinite medicamentosa, já que aumenta o risco de desenvolver este tipo de rinite por induzir inchaço da mucosa.

Epidemiologia

Rinite Medicamentosa 1

A rinite medicamentosa é mais comum em adultos jovens e de meia-idade, apresentando uma taxa semelhante tanto em homens quanto em mulheres.

Há relatos de que a incidência varia de 1% a 9% nas clínicas de otorrinolaringologia. Isso pode ser explicado pela disponibilidade dos descongestionantes nasais vendidos em farmácias sem a necessidade de receita médica.

Sintomas da rinite medicamentosa

Geralmente, os pacientes relatam uma recorrência de congestão nasal, particularmente sem rinorreia (corrimento nasal). Durante a anamnese, é comum revelarem o uso prolongado de algum descongestionante nasal.

Rinite Medicamentosa 2 1

Quando a congestão nasal é grave, isso pode causar respiração oral, boca seca e ronco. Durante o exame clínico, o médico poderá observar edema da mucosa nasal, aspecto eritematoso e granular, além de aparências pálidas e edematosas.

À medida que a rinite medicamentosa progride, a membrana nasal se torna atrófica e com crostas.

Como é o diagnóstico da rinite medicamentosa?

O diagnóstico da rinite medicamentosa é clínico. Não existem testes bioquímicos definitivos ou estudos de imagem que possam confirmar essa condição. Então, é importante que o médico realize uma avaliação cuidadosa dos sintomas e do histórico do paciente para formular um diagnóstico preciso. 

Também é vital reconhecer que outras condições nasossinusais podem coexistir com a rinite medicamentosa.

Tratamento da rinite medicamentosa

O tratamento da rinite medicamentosa é baseado na suspensão do causador do problema, que é o descongestionante nasal.

Rinite Medicamentosa 3 1

Os pacientes devem ser orientados de que a congestão nasal pode piorar temporariamente com a descontinuação do descongestionante, para não considerarem que está havendo uma falha do tratamento. É importante que o paciente entenda que parar abruptamente pode piorar os sintomas. Então, o médico dará instruções para que o paciente realize o desmame lentamente dos medicamentos.

Quando o paciente não estiver mais usando os descongestionantes nasais, o médico recomendará outros tratamentos para aliviar a congestão nasal, incluindo:

  • Sprays nasais de glicocorticóides, contendo esteroides para reduzir a inflamação. O uso de corticosteroides intranasais reduzem os sintomas de congestão rebote, e isso já foi comprovado em estudos com animais e em pequenos testes em humanos;
  • Descongestionantes orais, que são aqueles medicamentos que o paciente toma por via oral para reduzir o inchaço e a congestão;
  • Sprays salinos, que não contêm produtos químicos em sua composição.

Quanto tempo leva para se recuperar da rinite medicamentosa?

Leva aproximadamente um ano para que uma pessoa se recupere completamente da rinite medicamentosa, em casos de uso excessivo a longo prazo.

Uma boa notícia é que a rinite medicamentosa é reversível. Grande parte dos pacientes não apresentam mais sintomas após reduzir a frequência do uso de descongestionantes nasais.

Cuidados

Você pode reduzir o risco de desenvolver rinite medicamentosa usando descongestionantes nasais apenas conforme as instruções. Leia atentamente a embalagem se você for utilizar descongestionantes de venda livre, prestando bastante atenção no quanto usar e com que frequência.

Usar esse tipo de medicamento é desafiador, já que geralmente estão disponíveis sem receita.

Consulte um médico caso os descongestionantes nasais não reduzam o congestionamento. Ele poderá indicar outros tratamentos que não levem à rinite medicamentosa.

É importante que os pacientes recebam do médico informações sobre os efeitos colaterais do uso excessivo de descongestionantes nasais, antes dele prescrever a medicação. Os pacientes devem ser alertados de que o uso repetido a curto prazo de um descongestionante nasal, mesmo após um ano de descontinuação, pode levar à rinite medicamentosa.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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Dra. Juliana Toma

Dra. Juliana Toma

CRM-SP: 156490 / RQE: 65521.
Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Residência Médica em Dermatologia pela UNIFESP. Pós-Graduação em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês (SP).
Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA (Principles and Practice of Clinical Research).

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