Radiação do Celular Pode Contribuir Para Infertilidade Masculina

Na sociedade atual, o homem moderno está se tornando cada vez mais prático e eficiente. O ritmo acelerado em que vivemos trouxe vastas inovações tecnológicas como a Internet, o e-mail e o celular. Antigamente, o celular era um artigo de luxo, hoje é questão de necessidade.

Os telefones celulares tornaram-se uma parte necessária de nossas vidas e, à medida que as pressões sociais por eficiência aumentam, as capacidades tecnológicas dos telefones celulares também são aperfeiçoadas.

Uma questão, muitas vezes ignorada e esquecida, relacionada às recentes inovações na tecnologia de telefonia celular, é o impacto desses dispositivos na saúde humana, especialmente na fertilidade masculina. Inovações tecnológicas no ramo de telefonia celular podem ter um efeito nocivo, contribuindo para a infertilidade masculina.

O rápido avanço tecnológico resulta na emissão de radiações eletromagnéticas que afetam o ser humano biológica e geneticamente, e os dispositivos celulares fazem parte de uma das principais fontes de exposição.

Os dispositivos celulares emitem ondas eletromagnéticas de radiofrequência para estações de rádio base ou antenas de retransmissão. Nossos corpos atuam como antenas que podem absorver a radiação e alterá-la em correntes alternadas.

torre

O mecanismo fisiopatológico dos impactos na saúde associados ao celular não é totalmente conhecido. Porém, existem duas hipóteses de efeitos biológicos nas células relacionados ao contato com o telefone celular no corpo humano.

A primeira hipótese refere-se ao “efeito térmico” que ocorre em frequências particularmente altas, onde a radiação possui propriedades de aquecimento que podem acarretar a um aumento na temperatura do tecido ou do corpo, causando a interrupção da função e do desenvolvimento das células.

O corpo não é capaz de dissipar o calor excessivo que afeta o dano no tecido.

A segunda hipótese é chamada de “efeito não térmico” que envolve a ruptura da integridade da membrana celular devido à passagem de correntes eletricamente agitadas formadas a partir da absorção corporal de ondas eletromagnéticas de radiofrequência, efeitos no sistema imunológico e defeitos na sensibilidade do sistema nervoso.

Quando se fala em infertilidade, essa condição é bastante comum e afeta entre 17 e 25% dos casais. Destes, a infertilidade masculina é responsável por quase 50% dos casos de impossibilidade de gerar filhos.

Existem inúmeras pesquisas evidenciando que os telefones celulares agem como causadores da contribuição masculina para a infertilidade.

São pesquisas que descrevem a consequência prejudicial da radiação nos parâmetros fisiológicos do sistema reprodutor masculino, envolvendo os parâmetros espermáticos, que são a contagem de espermatozoides, morfologia, motilidade e viabilidade, além da instabilidade genômica.

Um estudo publicado pela Archives of Andrology determinou uma possível relação entre o uso regular de telefone celular e diferentes atributos do sêmen humano.

Um total de 371 homens em idade reprodutiva foram analisados. A duração do uso de telefones celulares demonstrou uma correlação negativa significativa com a proporção de espermatozoides móveis progressivos e rápidos, bem como uma correlação positiva significativa com espermatozoides de motilidade lenta.

Esses resultados indicaram que o uso prolongado de celulares pode ter efeitos negativos nas características de motilidade espermática. 

Em outro estudo publicado pela Annals of Agricultural and Environmental Medicine, foi realizada uma pesquisa experimental envolvendo 304 homens em idade reprodutiva, na qual observou-se uma diminuição significativa na porcentagem de espermatozóides com motilidade progressiva normal em correlação com a frequência de uso do telefone celular.

Os resultados desse estudo mostraram que 65,7% dos pacientes que não utilizavam celular com frequência tinham mais de 50% de espermatozoides com motilidade progressiva rápida, enquanto apenas 17% dos pacientes que, frequentemente, usavam celulares tinham mais de 50% de espermatozoides com motilidade progressiva rápida.

Em um estudo piloto in vitro, realizado por Agarwal e colaboradores, os autores expuseram 32 amostras de sêmen puro à radiação de ondas eletromagnéticas de radiofrequência, e com isso, ocorreu uma redução significativa na motilidade e viabilidade dos espermatozoides, em comparação com o grupo de amostras não expostos à radiação.

Sendo assim, concluiu-se que a radiação emitida por telefones celulares leva a um aumento do estresse oxidativo em espermatozoides humanos, resultando em diminuição das características de motilidade e viabilidade.

testes

Estudos realizados com animais também indicam os mesmos resultados. Quando ratos foram expostos à radiação por meio de telefones celulares, os animais apresentaram um valor diminuído da contagem total de espermatozoides e uma porcentagem aumentada de células apoptóticas.

Essa interessante pesquisa foi publicada pelo periódico Indian Journal of Experimental Biology.

Outros estudos em animais também examinaram as alterações testiculares histopatológicas devido à radiação de telefones celulares. Foi observada a redução do tamanho testicular em várias pesquisas experimentais.

Outros estudos ainda enfatizam as alterações do diâmetro dos tubos seminíferos, células de Leydig e espermátides testiculares.

Visto que o testículo é um órgão superficial, ele tende a absorver mais energia eletromagnética do que outros órgãos.

Os testículos humanos precisam de uma temperatura fisiológica inferior a 2ºC abaixo da nossa temperatura corporal, para que ocorra a espermatogênese ideal.

No entanto, uma elevação da temperatura testicular pode ser um fator prejudicial para a produção de espermatozoides.

Além desses estudos citados, muitos outros sugerem uma forte relação negativa entre o uso do telefone celular e uma diminuição significativa nas características normais dos espermatozoides, resultando em infertilidade masculina.

Esses dispositivos emitem ondas eletromagnéticas de radiofrequência que podem prejudicar a qualidade dos espermatozóides e prejudicar as funções corporais normais.

Se você tem o costume de colocar o dispositivo celular no bolso da sua calça, repense e mude esse hábito.

Procure limitar sua exposição a dispositivos que emitem radiações, incluindo os telefones celulares. Evite manter esses dispositivos nos bolsos das suas calças por um longo período de tempo, devido ao efeito térmico e aproximação com a área testicular.

Homens em idade reprodutiva devem utilizar essa tecnologia com moderação e bom senso. Os recursos tecnológicos são benéficos em várias áreas do cotidiano, mas o uso inadequado pode torná-los uma ameaça à saúde.

Referências

AGARWAL, A. et al. Cell phones and male infertility: a review of recent innovations in technology and consequences. International Brazilian Journal of Urology, v. 37, n. 4, p. 432-454. 2011.

AGARWAL, A. et al. Effects of radiofrequency electromagnetic waves (RF-EMW) from cellular phones on human ejaculated semen: an in vitro pilot study. Fertility and Sterility, v. 92, n. 4, p. 1318-1325. 2009.

FEJES, I. et al. Is there a relationship between cell phone use and semen quality? Archives of Andrology, v. 51, n. 5, p. 385-393. 2005.

GAUTAM, R. et al. Impact of nonionizing electromagnetic radiation on male infertility: an assessment of the mechanism and consequences. International Journal of Radiation Biology, v. 98, n. 6, p. 1063-1073. 2022.

KESARI, K. K. et al. Mobile phone usage and male infertility in Wistar rats. Indian Journal of Experimental Biology, v. 48, n. 10, p. 987-992. 2010.

WDOWIAK, A. et al. Evaluation of the effect of using mobile phones on male fertility. Annals of Agricultural and Environmental Medicine, v. 14, n. 1, p. 169-172. 2007.

Thiago Moretti F.

Jornalista pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Colabora com o Blog da Saúde na revisão e criação de conteúdo juntamente com a equipe de médicos editores.

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