É impossível ouvir falar da talidomida e não associá-la automaticamente às má formações que o medicamento causou em milhares de bebês.
Mas, como veremos a seguir, ela pode ser usada no tratamento de algumas doenças, e, devido ao seu risco para gestantes, seu uso é fortemente regulado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O QUE É A TALIDOMIDA?
A talidomida é um medicamento com ação sedativa, anti-inflamatória e antiemética, usado no tratamento de alguns problemas de saúde. São eles:
- Hanseníase;
- Úlceras aftóides idiopáticas em pacientes portadores de HIV/AIDS;
- Algumas doenças crônico-degenerativas, como lúpus e a doença enxerto contra hospedeiro;
- Mieloma Múltiplo;
- Síndrome Mielodisplásica.
Entretanto, nas décadas de 1950 e 1960 ela começou a ser utilizada para o alívio das náuseas em mulheres grávidas, o que acabou levando ao desenvolvimento de más formações fetais bastante características.
QUAIS OS EFEITOS QUE ELA PODE CAUSAR EM BEBÊS?
No início de sua utilização, não existiam informações sobre os possíveis efeitos teratogênicos da talidomida, uma vez que os testes de medicamentos eram bem menos rígidos na época.
Assim, após o início de seu uso por gestantes, começaram a aparecer casos de crianças nascendo com focomelia, um problema que impede a formação normal de braços e pernas. Entretanto, inicialmente os médicos não associaram as más-formações ao uso do medicamento.
Só após o nascimento de mais de 10 mil crianças com focomelia é que a ligação com o uso da talidomida foi notada, e o medicamento foi então retirado da lista de recomendações para gestantes, e teve seu uso proscrito em alguns locais.
POR QUE É NECESSÁRIA UM MAIOR CONTROLE?
Como se trata de um medicamento bastante perigoso para mulheres grávidas, devido às má formações causadas em seus bebês, a prescrição e a dispensação da talidomida é rigorosamente controlada.
Além disso, apesar dos riscos, o medicamento é muito útil no tratamento de algumas doenças, além de ser alvo de pesquisas, principalmente na área da oncologia.
Assim, o uso da talidomida não pode ser proibido, mas deve ser feito com cautela e sob grande controle e supervisão médica, evitando assim que problemas ocorram.
COMO É FEITO O CONTROLE DO USO DA TALIDOMIDA?
Por fim, devido aos riscos de más-formações congênitas, o uso da talidomida é regulamentado pela Anvisa, através da Resolução da Diretoria Colegiada – RDC/Anvisa nº 11 e de sua atualização, publicada em 2015.
De acordo com esses documentos, a talidomida pode ser prescrita apenas para as condições clínicas citadas acima, através da Notificação de Receita de Talidomida acompanhada do Termo de Responsabilidade/Esclarecimento.
Além disso, a talidomida tem seu uso proibido em gestantes, e mulheres em idade fértil que necessitem utilizar o medicamento devem usar ao menos dois métodos contraceptivos distintos, tudo sob um rigoroso acompanhamento médico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Resolução da Diretoria Colegiada – RDC/Anvisa nº 11, de 22 de março de 2011 – Ministério da Saúde.
Resolução da Diretoria Colegiada – RDC/Anvisa nº 50, de 11 de novembro de 2015 – Ministério da Saúde.