A fisioterapia é um componente essencial no tratamento da escoliose, condição que afeta a curvatura lateral da coluna vertebral. Embora muitas pessoas tenham dúvidas sobre a eficácia dos tratamentos conservadores, evidências clínicas demonstram que abordagens não-cirúrgicas podem obter resultados significativos, especialmente quando iniciadas precocemente.
Na maioria dos casos, o tratamento conservador baseia-se em fisioterapia especializada, Reeducação Postural Global (RPG) e exercícios específicos. A intervenção cirúrgica geralmente é reservada para situações mais graves, quando outras abordagens não obtiveram resultados satisfatórios ou quando existem riscos para órgãos internos.
A escoliose pode ser tratada de forma eficaz quando diagnosticada precocemente, e existem medidas preventivas que podem reduzir seu desenvolvimento. Neste artigo, explicamos detalhadamente a condição e como as abordagens terapêuticas atuam para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Continue lendo para compreender melhor esta condição e suas opções de tratamento.
Afinal, o que é escoliose?

A escoliose é caracterizada por um desvio lateral anormal da coluna vertebral, que se afasta de seu alinhamento natural. Este desvio é acompanhado por uma rotação das vértebras, resultando em uma torção tridimensional da coluna. A coluna pode adquirir formatos em “C” (curva única) ou “S” (curvas múltiplas).
Consideramos uma curvatura patológica quando o ângulo medido (Ângulo de Cobb) ultrapassa 10 graus. Esta medição é realizada através de exames de imagem especializados.
A condição apresenta maior incidência durante a infância e adolescência, frequentemente associada a fases de crescimento acelerado. Outros fatores incluem predisposição genética, hábitos posturais inadequados e desequilíbrios musculares.
A localização da curvatura pode variar: região cervical (mais rara), torácica, lombar ou tóraco-lombar. A nomenclatura da escoliose considera tanto a localização quanto a direção da convexidade (parte mais saliente da curva). Por exemplo: escoliose torácica direita indica que a curvatura principal está na região torácica e a convexidade está voltada para o lado direito.
Do ponto de vista anatômico, o lado côncavo da curva geralmente apresenta músculos encurtados e tensos, enquanto o lado convexo pode apresentar músculos alongados e enfraquecidos. Esta desproporção muscular contribui para a progressão da curvatura quando não tratada adequadamente.
Diagrama da Coluna Vertebral: Normal vs. Escoliose
Coluna Normal
• Alinhamento vertical reto
• Curvas fisiológicas preservadas
• Simetria bilateral
Coluna com Escoliose
• Desvio lateral anormal
• Rotação vertebral associada
• Assimetria postural
Principais Diferenças
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Tipos de escoliose

A escoliose pode ser classificada em dois tipos principais: estrutural e funcional (não-estrutural).
A escoliose estrutural envolve alterações permanentes na arquitetura das vértebras. Este tipo inclui:
- Congênita: presente desde o nascimento devido a malformações vertebrais
- Neuromuscular: resultante de condições como paralisia cerebral, distrofia muscular ou espinha bífida
- Sindrômica: associada a síndromes genéticas como Marfan ou Ehlers-Danlos
Na escoliose estrutural, as vértebras apresentam rotação fixa e deformidades ósseas que não se corrigem completamente com mudanças de posição.
A escoliose funcional (não-estrutural) resulta de fatores externos à coluna e geralmente é mais responsiva ao tratamento. Inclui:
- Idiopática: a forma mais comum (80% dos casos), sem causa identificável, frequentemente diagnosticada na adolescência
- Postural: relacionada a hábitos posturais inadequados
- Compensatória: resultado de diferenças no comprimento dos membros inferiores
A escoliose idiopática é subdividida por idade: infantil (0-3 anos), juvenil (4-10 anos) e adolescente (11-18 anos). A forma adolescente é a mais prevalente, especialmente em meninas.
Fatores de risco

Embora a causa exata da escoliose idiopática permaneça desconhecida, vários fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento ou progressão da condição:
- Histórico familiar: risco aumentado quando parentes de primeiro grau apresentam a condição
- Sexo feminino: maior probabilidade de progressão da curvatura
- Idade: períodos de crescimento acelerado (infância e adolescência) são críticos
- Baixa densidade mineral óssea: pode facilitar deformidades vertebrais
- Fatores hormonais: envolvimento de melatonina e hormônios de crescimento
- Atividade física inadequada: desequilíbrios musculares persistentes
É importante notar que fatores como carregar mochilas pesadas ou má postura temporária não causam escoliose estrutural, mas podem agravar sintomas em indivíduos predispostos.
Guia de Autoavaliação Postural
Verifique possíveis sinais de escoliose em casa. Esta ferramenta não substitui avaliação médica.
Instruções para Autoexame
- Um ombro está mais alto
- Uma escápula é mais proeminente
- Quadris estão desnivelados
- Assimetria nas costas
- Gibosidade (protuberância) costal
- Desnivelamento da coluna
Sinais de Alerta
A autoavaliação detectou algum sinal?
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Sintomas
Os sintomas da escoliose variam conforme a gravidade da curvatura, idade do paciente e presença de condições associadas. Sinais e sintomas incluem:
- Alterações posturais visíveis: ombros desnivelados, cabeça não centralizada sobre a pelve, cintura assimétrica
- Gibosidade costal: proeminência das costelas em um lado ao inclinar o tronco para frente
- Sintomas dolorosos: dor nas costas (mais comum em adultos que em crianças), fadiga muscular após períodos prolongados em pé ou sentado
- Restrições funcionais: amplitude de movimento reduzida, dificuldade em certas atividades físicas
- Problemas respiratórios: em curvaturas torácicas graves (>70 graus), pode haver redução da capacidade pulmonar
Em crianças e adolescentes, a escoliose frequentemente é assintomática do ponto de vista doloroso, sendo detectada principalmente através das alterações posturais. Em adultos, a dor é um sintoma mais frequente, muitas vezes relacionada a processos degenerativos associados.
Diagnóstico para escoliose
O diagnóstico da escoliose envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui avaliação clínica e exames complementares.
Avaliação clínica inicial: o médico realiza uma inspeção detalhada do paciente em diferentes posições (de frente, de costas, de lado). Observa-se o alinhamento dos ombros, simetria das escápulas, nível dos quadris e qualquer assimetria da cintura.
Teste de Adams: o paciente inclina o tronco para frente com os joelhos estendidos. Esta posição torna mais evidente qualquer gibosidade costal ou assimetria torácica, indicando rotação vertebral característica da escoliose estrutural.
Avaliação neurológica: verifica-se força muscular, sensibilidade, reflexos e sinais de envolvimento neurológico, especialmente em escolioses não-idiopáticas.
Exames de imagem:
- Radiografias panorâmicas: permitem medir o Ângulo de Cobb (critério padrão para quantificar a curvatura) e avaliar a maturidade esquelética (sinal de Risser)
- Ressonância magnética: indicada quando há suspeita de causas não-idiopáticas, sintomas neurológicos ou para planejamento cirúrgico
- Tomografia computadorizada: útil para avaliação tridimensional detalhada em casos complexos
O diagnóstico diferencial é importante para excluir outras condições que podem simular escoliose, como diferenças no comprimento dos membros inferiores, contraturas musculares ou alterações posturais reversíveis.
Medidor Interativo de Ângulo de Cobb
O ângulo de Cobb é a medida padrão para quantificar a gravidade da escoliose. Ajuste o controle para entender as diferentes classificações.
Escoliose Leve (10°-25°)
Acompanhamento regular, exercícios específicos e possível fisioterapia.
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O tratamento da escoliose é individualizado, considerando idade do paciente, magnitude da curvatura, potencial de progressão e presença de sintomas. As opções terapêuticas incluem:
Observação e Monitoramento
Indicado para curvas menores (10-25 graus) em pacientes com baixo risco de progressão. Envolve reavaliações periódicas (a cada 6-12 meses) com exames clínicos e radiográficos para detectar qualquer aumento da curvatura.
Tratamento Conservador (Não-Cirúrgico)
Recomendado para curvas moderadas (25-40 graus) ou para pacientes sintomáticos com curvas menores. Inclui:
- Fisioterapia Especializada: exercícios específicos para fortalecimento muscular, alongamento de cadeias encurtadas e estabilização vertebral
- Reeducação Postural Global (RPG): método que visa reequilibrar as tensões musculares através de posturas mantidas
- Pilates: fortalece o core, melhora a consciência corporal e a postura
- Colete Ortopédico: indicado principalmente para crianças e adolescentes em crescimento com curvas entre 25-40 graus, para impedir progressão
- Tratamentos Complementares: acupuntura médica, dry needling, ondas de choque, laser de alta intensidade para controle da dor
Tratamento Cirúrgico
Considerado quando:
- Curvas superiores a 40-50 graus com potencial de progressão
- Curvas que não responderam ao tratamento conservador
- Presença de dor incapacitante não controlada por outras medidas
- Comprometimento cardiorrespiratório em curvas torácicas graves
As técnicas cirúrgicas incluem artrodese vertebral (fusão) com instrumentação, técnicas de crescimento guiado para crianças jovens, e técnicas minimamente invasivas.
O manejo da dor, quando presente, pode envolver analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares e intervenções como infiltrações ou bloqueios, sempre sob supervisão médica especializada.
Fluxograma de Opções de Tratamento para Escoliose
Baseado no ângulo de Cobb, idade do paciente e presença de sintomas.
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Clínica Dr. Hong Jin Pai • Especialistas em Dor • HC-FMUSP
Fisioterapia para escoliose
A fisioterapia especializada é fundamental no tratamento da escoliose, com objetivos específicos conforme cada caso:
Objetivos da Fisioterapia
- Estabilização da curvatura: impedir ou reduzir a progressão do desvio
- Alívio da dor: quando presente, através de técnicas manuais, eletroterapia e termoterapia
- Correção postural: melhora da consciência corporal e alinhamento
- Fortaleciamento muscular: ênfase nos músculos do core e estabilizadores da coluna
- Manutenção da função respiratória: especialmente em curvas torácicas
- Melhora da qualidade de vida: permitir atividades diárias sem limitações
Estudos demonstram que a fisioterapia regular pode reduzir a progressão da curvatura, especialmente quando iniciada precocemente. Pacientes até 15 anos geralmente apresentam melhor resposta devido à maior flexibilidade da coluna e potencial de remodelação.
As abordagens fisioterapêuticas modernas incluem métodos específicos como:
- Método Schroth: técnica alemã que utiliza exercícios de correção tridimensional, respiração rotacional e consciência postural
- SEAS (Scientific Exercise Approach to Scoliosis): exercícios autocorretivos e de estabilização ativa
- Método FITS: combinação de liberação miofascial, correções posturais e estabilização
A Reeducação Postural Global (RPG) é particularmente útil para pacientes com curvas menores (até 40 graus), focando no reequilíbrio das cadeias musculares. O Pilates, por sua vez, fortalece a musculatura profunda do abdômen e costas, melhorando a estabilidade vertebral.
Fisioterapia para escoliose: exercícios
Os exercícios para escoliose devem ser individualizados conforme o tipo e localização da curvatura. Seguem exemplos de exercícios que podem ser realizados com orientação profissional:
Exercícios de Alongamento
Alongamento para o teto
Sentado ou em pé, entrelace os dedos e estique os braços para cima, mantendo os ombros relaxados. Mantenha por 20-30 segundos, sentindo a extensão de toda a coluna. Repita 3-5 vezes. Este exercício ajuda a descomprimir as vértebras.
Alongamento de coluna e isquiotibiais
Sentado no chão com as pernas estendidas, incline o tronco para frente, tentando alcançar os pés. Mantenha por 20-30 segundos, sem forçar excessivamente. Este alongamento atua na cadeia posterior do corpo.
Alongamento lateral
Em pé ou sentado, eleve um braço sobre a cabeça e incline-se para o lado oposto, sentindo o alongamento do tronco. Mantenha 20-30 segundos de cada lado. Importante para alongar os músculos laterais encurtados na concavidade da curva.
Exercícios de Fortalecimento
Prancha abdominal
Em decúbito ventral, apoie-se nos cotovelos e pontas dos pés, mantendo o corpo alinhado. Comece com 10-20 segundos e aumente progressivamente. Fortalece toda a musculatura do core.
Ponte (glúteo)
Deitado de costas com joelhos flexionados, eleve o quadril até alinhar tronco e coxas. Mantenha 5 segundos e desça lentamente. Repita 10-15 vezes. Fortalece glúteos e região lombar.
Exercício de equilíbrio contralateral
Em posição de quatro apoios, estenda simultaneamente o braço direito e a perna esquerda, mantendo o alinhamento. Segure 5-10 segundos e alterne. Melhora a estabilização dinâmica da coluna.
Importante: estes exercícios são genéricos e não substituem uma prescrição individualizada. A execução incorreta pode ser prejudicial. Sempre consulte um profissional especializado antes de iniciar qualquer programa de exercícios.
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Prevenção da escoliose
Embora a escoliose idiopática não possa ser completamente prevenida devido a seu componente genético, algumas medidas podem reduzir o risco de desenvolvimento ou progressão, especialmente das formas funcionais:
- Estimular atividade física regular: desde a infância, para desenvolver musculatura equilibrada
- Promover consciência postural: atenção à postura durante atividades diárias, estudo e uso de dispositivos eletrônicos
- Realizar exames de triagem: especialmente durante os períodos de crescimento acelerado (10-14 anos)
- Manter peso adequado: a obesidade sobrecarrega a coluna e pode agravar desvios
- Evitar carregamento assimétrico: alternar o lado ao carregar mochilas ou bolsas pesadas
- Buscar tratamento precoce: ao primeiro sinal de alteração postural, procurar avaliação especializada
Para crianças e adolescentes com diagnóstico de escoliose leve, a prevenção da progressão é o objetivo principal, através do acompanhamento regular e exercícios específicos.
Conclusão
A abordagem da escoliose evoluiu significativamente nas últimas décadas, com ênfase crescente em tratamentos conservadores e personalizados. A fisioterapia especializada, quando baseada em métodos científicos e adaptada às características individuais do paciente, pode oferecer resultados significativos na estabilização da curvatura, alívio de sintomas e melhora da qualidade de vida.
O fortalecimento da musculatura do core, a correção de desequilíbrios musculares e a educação postural são componentes essenciais do tratamento. Para casos mais complexos, a combinação de diferentes modalidades terapêuticas (fisioterapia, RPG, Pilates, tratamentos complementares) geralmente oferece os melhores resultados.
O diagnóstico precoce permanece crucial, especialmente durante a infância e adolescência, quando a coluna apresenta maior potencial de resposta ao tratamento. A colaboração entre paciente, familiares e equipe multidisciplinar é fundamental para o sucesso terapêutico.
Na Clínica Dr. Hong Jin Pai, contamos com especialistas em dor e deformidades da coluna, integrando o conhecimento do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da FMUSP com abordagens modernas e personalizadas para cada paciente. Oferecemos desde avaliação diagnóstica detalhada até programas de tratamento completos, sempre priorizando abordagens não-cirúrgicas quando possível.
Cuide da saúde da sua coluna – ela é o pilar central do seu corpo e bem-estar.
















































