A ÓRTESE DENNIS BROWN, também conhecida como Órtese de Abdução de Pé, é recomendada para o tratamento de pé torto congênito, permitindo manter os pés em rotação externa. É um equipamento utilizado depois da fase de colocação de gessos do método Ponseti.
O método Ponseti consiste em manipulações e trocas de gessos seriadas, secção percutânea do calcâneo e a utilização de órteses de abdução, que é o caso da órtese de Dennis Brown. Esse método é preferencial para o tratamento de pé torto congênito em diversos países.
O que é pé torto congênito?
O pé torto congênito é uma condição médica retratada pelo mau alinhamento de partes moles e ósseas do pé, com deformações em cavo, supinação, adução do médio e antepé e varo do retropé.
Essa distorção é vista como uma deformidade formativa, não sendo uma alteração embrionária. Somente a partir do segundo trimestre da gravidez, um pé previamente normal adquire as alterações que caracterizam o pé torto.
O pé torto geralmente está presente desde o nascimento, no qual os tecidos que unem os músculos ao ossos são mais curtos do que o normal.
O bebê nasce com o pé invertido para o lado de dentro. Essa condição pode ser leve ou grave e cerca de 50% das crianças que nascem com o pé torto possuem a condição em ambos os pés.
Entre todas as patologias musculoesqueléticas congênitas, o pé torto não tratado é a principal causa de deficiência física. Além disso, é uma condição crítica que reduz a capacidade de trabalho, produzindo altos gastos financeiros.
Se a condição não for tratada, a criança terá dificuldades em andar normalmente. As consequências poderão afetar o movimento, comprimento da perna (já que uma perna será mais curta que a outra), tamanho da panturrilha e tamanho dos calçados (pois o pé afetado geralmente é menor do que o outro, influenciando nos sapatos que a criança utiliza).
O pé torto, se não tratado, também poderá causar problemas mais sérios, como artrite, problemas na marcha e torção do tornozelo, além de afetar a autoestima do indivíduo na adolescência.
Geralmente, o pé torto é tratado com sucesso sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Isso se dá através dos benefícios que a órtese Dennis Brown pode proporcionar para a qualidade de vida a longo prazo da criança.
Órtese Dennis Brown e seus benefícios
A órtese Dennis Brown é caracterizada por botas de couro com abertura frontal, conectadas por uma barra metálica com comprimento equivalente à distância entre os ombros, contendo uma curvatura de 5 a 10 graus, mantendo os pés em abdução e dorsiflexão, ou seja, abertos e apontados para cima.
Essa posição é exatamente oposta à deformidade do pé torto congênito, que se apresenta para dentro e para baixo.
Se a deformidade for em apenas um pé, é necessário realizar uma rotação externa entre 65 e 75 graus, mantendo o lado sem alteração com uma rotação de 30 graus. Quando a condição afeta os dois pés, ambos os lados sofrem rotação externa de 70 graus.
A recomendação é que a órtese Dennis Brown seja utilizada por três meses consecutivos durante 23 horas por dia.
Após esse tempo, o uso da órtese é apenas por 14 horas por dia, sendo 12 horas no período da noite e o restante do tempo no período diurno. Esse tratamento deve durar até os 3 ou 4 anos de idade da criança.
Geralmente, os pais da criança são orientados sobre como colocar e retirar a órtese Dennis Brown. O médico verifica se há a necessidade de algum ajuste nas órtese devido ao rápido desenvolvimento da criança nesse período.
O objetivo desse tratamento é alongar as estruturas retraídas que estão próximas do tendão calcâneo e do tendão muscular tibial posterior.
O tratamento com a órtese Dennis Brown tem como princípio corrigir o osso calcâneo, onde estão incluídos os três componentes da deformidade, que são o equino, o varo e a adução.
As recidivas ocorrem, na maioria dos casos, por uso inadequado da órtese. Neste caso, essa recidiva acontece por desbalanço da musculatura do pé e rigidez ligamentar.
Quando o tratamento é realizado da forma adequada, as taxas de sucesso chegam a 90%, sendo mais frequente que ocorra alguma falha no tratamento quando um dos pés é muito rígido, apresentando uma prega plantar profunda.
Pés sindrômicos também podem levar ao insucesso no tratamento com a órtese Dennis Brown, como é o caso da mielomeningocele. No entanto, em todos os casos tratados e com resultados satisfatórios, o pé não fica doloroso e adquire flexibilidade e uma boa força muscular.
É de suma importância que os pais e responsáveis sejam muito bem informados sobre o uso adequado da órtese Dennis Brown nos seus filhos, para que o tratamento seja concluído de forma eficaz.
O uso correto da órtese Dennis Brown é essencial para um excelente resultado na correção de pé torto congênito.
Em casos de dúvidas sobre a colocação correta da órtese, sempre procure seu médico e mantenha um contato próximo, para que o tratamento seja concluído com sucesso.
Referências
CURY, L. A. et al. Análise da eficácia do tratamento pelo método de Ponseti no pé torto congênito idiopático. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, v. 17, n. 1, p. 33-36. 2015.
FERREIRA, D. R. M. J. Análise cinemática do andar de crianças com pé torto congênito tratadas pelo método funcional francês adaptado. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências da Atividade Física) – Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
MARANHO, C. et al. Pé torto congênito. Acta Ortopédica Brasileira, v. 19, n. 3, p. 163-169. 2011.
Mayo Clinic. Clubfoot, 2021.Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/clubfoot/symptoms-causes/syc-20350860