Relaxantes Musculares para Dor nas Costas: Evidências e Opções no Brasil
A dor nas costas é uma das queixas de saúde mais comuns, capaz de limitar significativamente a mobilidade e a qualidade de vida. No manejo desse desconforto, os relaxantes musculares são frequentemente prescritos, especialmente quando há suspeita de espasmos ou contraturas musculares associadas. No entanto, sua eficácia e o lugar que ocupam no tratamento são temas de constante discussão na medicina baseada em evidências.
Este artigo tem como objetivo elucidar o que a ciência diz sobre a eficácia dos relaxantes musculares para a dor nas costas, detalhar as opções disponíveis no mercado brasileiro e apresentar as alternativas terapêuticas não medicamentosas que formam a base do tratamento. A informação clara é o melhor caminho para uma decisão compartilhada e segura entre paciente e médico.
O que Dizem as Evidências Científicas?
A comunidade médica avalia constantemente a eficácia dos tratamentos por meio de revisões sistemáticas e meta-análises, que reúnem e analisam os resultados de diversos estudos. Em relação aos relaxantes musculares para dor nas costas, o consenso aponta para um benefício limitado e de curta duração.
Mecanismo Grid: Como os Relaxantes Atuam no Corpo
A maioria age no sistema nervoso central, deprimindo a atividade neuronal para reduzir espasmos.
Não tratam a causa da dor, mas sim o sintoma do espasmo muscular doloroso.
O alívio da dor é considerado modesto e pode não ser clinicamente significativo para todos.
Uma ampla revisão da literatura publicada na revista científica BMJ em 2021 concluiu que, embora os relaxantes musculares possam proporcionar uma pequena redução da dor no curto prazo (até duas semanas), o efeito médio é provavelmente muito pequeno para ser considerado clinicamente importante para a maioria dos pacientes. Em outras palavras, muitas pessoas não sentiriam uma diferença significativa em comparação com um placebo.
Além disso, as evidências de eficácia consistem principalmente em estudos com concepção metodológica ruim, e análises de comparação não mostram que um relaxante muscular esquelético seja superior a outro. A escolha do medicamento, portanto, frequentemente recai sobre o perfil de efeitos adversos, o potencial de interações e o custo.
- Eficácia Modesta: O alívio da dor é geralmente pequeno e mais presente nos primeiros dias de tratamento.
- Curta Duração: Os benefícios são principalmente de curto prazo (até 2-3 semanas).
- Risco de Efeitos Adversos: Sonolência, tontura e outros efeitos colaterais são comuns, o que pode superar os benefícios.
- Não Superioridade: Nenhum relaxante muscular específico demonstrou ser consistentemente superior aos outros para dor nas costas.
Relaxantes Musculares Disponíveis no Brasil
No mercado brasileiro, existe uma variedade de relaxantes musculares, muitos deles disponíveis em formulações combinadas com analgésicos e anti-inflamatórios. Conhecer os princípios ativos e seus nomes comerciais é fundamental para uma compreensão clara do tratamento.
| Princípio Ativo | Nomes Comerciais (Marcas) | Observações sobre Eficácia e Uso |
|---|---|---|
| Ciclobenzaprina | Miosan, Mitrul, Mirtax, Musculare | Um dos mais estudados. Mostrou efeito modesto na dor lombar, mais presente nos primeiros dias. O tratamento não deve ultrapassar 2-3 semanas. |
| Orfenadrina | Dorflex, Dorilax, Miorrelax, Doricin, Neosaldina Muscular | Frequentemente associada a dipirona e cafeína. Comum para dores agudas nas costas e torcicolos. |
| Carisoprodol | Torsilax, Tandrilax, Mioflex, Beserol | Geralmente em combinações com outros fármacos. Pode causar dependência e seu uso requer cuidado extra. |
| Tizanidina | Sirdalud | Evidências mostram eficácia comparável a outros relaxantes. Requer monitorização devido a possíveis efeitos no fígado. |
| Baclofeno | Baclofeno (genérico) | Mais utilizado para espasticidade de origem neurológica. Parece ser eficaz comparado com placebo nesses casos. |
Checklist de Segurança: O Que Saber Antes de Usar
Abordagem Integrada do Tratamento Não-Cirúrgico
O tratamento eficaz da dor nas costas vai muito além dos medicamentos. As diretrizes médicas internacionais, como as do American College of Physicians, recomendam fortemente que as terapias não farmacológicas sejam a primeira escolha para a maioria dos pacientes com dor lombar aguda, subaguda e crônica.
Estatísticas Chave (Stat Cards)
~80%
das pessoas terão pelo menos um episódio de dor lombar na vida.
1ª Escolha
Terapias não-farmacológicas são a primeira linha nas diretrizes.
2-3 sem
Tempo máximo usual para uso de relaxantes musculares.
Terapias Não-Farmacológicas (Primeira Escolha)
Estas intervenções focam na causa mecânica da dor, no fortalecimento e na educação do paciente, com menor risco de efeitos adversos.
Exercícios e Atividade Física: Manter-se ativo é crucial. Diferente do repouso absoluto, que pode piorar a condição, a atividade física moderada promove a circulação, fortalece a musculatura de suporte da coluna (core) e melhora a flexibilidade. Programas de exercícios personalizados são altamente recomendados.
Terapias Manuais: Técnicas como massagem, acupuntura e manipulação vertebral (quiropraxia/osteopatia) demonstraram eficácia no alívio da dor e melhora da função para muitos pacientes.
Educação e Reassurança: Compreender que a dor nas costas, na maioria dos casos, não é sinal de uma doença grave é um poderoso aliado no tratamento. A educação sobre mecânica corporal, postura e a natureza autolimitada de muitos episódios de dor reduz a ansiedade e promove uma recuperação mais rápida.
Outros Medicamentos no Arsenal Terapêutico
Além dos relaxantes musculares, outros medicamentos podem ser utilizados, isoladamente ou em combinação, dependendo da causa e intensidade da dor.
Analgésicos Simples: O paracetamol (Tylenol) e a dipirona (Novalgina) são opções para dores leves a moderadas. A dipirona possui ainda uma leve ação antiespasmódica.
Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Medicamentos como o ibuprofeno (Alivium), naproxeno (Flanax) e diclofenaco (Voltaren) são frequentemente prescritos quando há um componente inflamatório, como em hérnias de disco ou artrose. Seu uso deve ser curto devido aos potenciais efeitos gastrointestinais e renais.
Medicamentos para Dor Neuropática: Em casos de dor crônica ou com compressão nervosa (como na ciática), neuromoduladores como a duloxetina, amitriptilina, gabapentina ou pregabalina podem ser mais eficazes do que os analgésicos convencionais.
| Modalidade de Tratamento | Descrição e Objetivo |
|---|---|
| Exercício e Fisioterapia | Fortalecimento muscular, melhora da flexibilidade e correção postural. Base do tratamento para prevenção de recidivas. |
| Analgésicos e AINEs | Controlam a dor e a inflamação. São preferíveis como primeira opção farmacológica em muitos casos. |
| Relaxantes Musculares | Uso de curto prazo para quebra do ciclo de espasmo-dor-espasmo. Efeito modesto e limitado no tempo. |
| Terapias Mente-Corpo | Yoga, tai chi e mindfulness ajudam no manejo da dor crônica, redução do estresse e melhora da consciência corporal. |
Segurança e Efeitos Colaterais
O uso de relaxantes musculares não é isento de riscos. Conhecer os efeitos adversos é fundamental para um uso seguro e para a tomada de decisão informada.
Efeitos Colaterais Comuns: A sonolência e a tontura são os efeitos mais frequentes, podendo comprometer a capacidade de dirigir veículos ou operar máquinas. Outros incluem boca seca, fadiga, dor de cabeça e distúrbios gastrointestinais.
Riscos em Populações Específicas: Idosos são particularmente susceptíveis aos efeitos sedativos e a complicações como confusão mental e risco de quedas. O uso durante a gravidez e amamentação geralmente não é recomendado, a menos que explicitamente indicado por um médico que avaliou a relação risco-benefício.
Interações Medicamentosas: Os relaxantes musculares podem potencializar os efeitos de outras substâncias que deprimem o sistema nervoso central, como o álcool, benzodiazepínicos e alguns analgésicos opioides. Sempre informe ao seu médico sobre todos os medicamentos que você está tomando.
Linha do Tempo da Abordagem Terapêutica Ideal
Analgésicos, AINEs, relaxantes (curto prazo)
Introdução de exercícios e terapias manuais
Atividade física regular, fortalecimento contínuo
Perguntas Frequentes (FAQ)
Tire suas principais dúvidas sobre relaxantes musculares e dor nas costas.
Qual é o relaxante muscular mais forte para dor nas costas?
Não há um consenso sobre qual é o “mais forte”, pois a resposta é muito individual. O carisoprodol tem efeito sedativo pronunciado, mas carrega alto risco de dependência. A ciclobenzaprina é um dos mais estudados. A escolha deve ser feita pelo médico com base no seu perfil e nas contraindicações.
Posso comprar relaxante muscular sem receita?
Alguns relaxantes musculares, como a orfenadrina (presente no Dorflex) e a ciclobenzaprina, estão disponíveis em formulações de venda livre. No entanto, isto não significa que sejam isentos de riscos. A automedicação é perigosa e a consulta com um médico para um diagnóstico correto é sempre a conduta mais segura.
Por quanto tempo posso tomar relaxante muscular?
O tratamento com relaxantes musculares não deve ser prolongado. Geralmente, é indicado por um período curto, de 2 a 3 semanas no máximo. O uso prolongado aumenta o risco de efeitos colaterais, dependência e pode mascarar problemas de saúde mais sérios que necessitam de outra abordagem.
Relaxante muscular pode viciar?
Sim, alguns relaxantes musculares, em especial o carisoprodol (presente no Torsilax e Tandrilax), possuem um potencial significativo de causar dependência física e psicológica. Por isso, seu uso deve ser muito criterioso, em baixas doses e por curto período, sempre sob estrita supervisão médica.
O que fazer se o relaxante muscular não fizer efeito?
Se a dor persistir mesmo com o uso do medicamento, é um sinal importante para retornar ao médico. Isso pode indicar que a causa da dor não é predominantemente muscular ou que existe uma condição subjacente que requer um tratamento diferente, como fisioterapia específica ou outros tipos de medicação.
Qual a diferença entre Dorflex e Torsilax?
O Dorflex contém orfenadrina (relaxante), dipirona (analgésico) e cafeína. O Torsilax contém carisoprodol (relaxante), diclofenaco (anti-inflamatório), paracetamol (analgésico) e cafeína. São formulações diferentes para perfis de dor distintos, e o Torsilax carrega um risco maior de dependência devido ao carisoprodol.
Relaxante muscular ajuda na hérnia de disco?
Pode ajudar de forma indireta, se a hérnia de disco estiver causando um espasmo muscular intenso na região. No entanto, o foco do tratamento da hérnia de disco são os anti-inflamatórios, analgésicos, neuromoduladores e, principalmente, a fisioterapia para fortalecimento e correção postural.
Posso beber álcool usando relaxante muscular?
Não. A combinação de álcool com relaxantes musculares potencializa drasticamente os efeitos sedativos de ambos, podendo causar sonolência extrema, tontura severa, dificuldade de concentração, prejuízo da coordenação motora e até depressão respiratória. É uma combinação perigosa que deve ser evitada.
Grávida pode tomar relaxante muscular?
O uso de relaxantes musculares durante a gravidez e amamentação é geralmente contraindicado, a menos que o médico avalie que os benefícios superam os riscos potenciais para o feto ou bebê. Nunca use nenhum medicamento nessa fase sem uma indicação médica explícita e bem fundamentada.
Sonolência é um efeito colateral normal?
Sim, a sonolência e a sedação estão entre os efeitos colaterais mais comuns relatados pelos usuários de relaxantes musculares. Por isso, é recomendado ter cautela ao realizar atividades que exigem alerta, como dirigir, especialmente no início do tratamento.
Existem alternativas naturais aos relaxantes musculares?
Sim, medidas como aplicação de calor local na área dolorida, massagem leve, alongamentos suaves (após a fase aguda) e técnicas de relaxamento podem ajudar a aliviar a tensão muscular. No entanto, para dores intensas ou persistentes, a avaliação médica é indispensável.
Quando devo procurar um médico para dor nas costas?
Procure um médico se a dor for intensa, não melhorar em alguns dias, vier acompanhada de febre, perda de peso inexplicada, fraqueza ou dormência nas pernas, ou perda de controle da bexiga/intestino. Estes podem ser sinais de condições mais sérias que exigem investigação.
Dor muscular é a causa mais comum de dor nas costas

Dosagens Recomendadas para Relaxantes Musculares
As dosagens devem ser individualizadas, considerando peso, idade e gravidade da dor. Sempre começo com a menor dose eficaz para minimizar efeitos colaterais, ajustando com base na resposta. No Brasil, bulas e guidelines da Anvisa orientam, mas monitoro pacientes para evitar uso prolongado.
Por exemplo, em um adulto saudável com dor aguda, uma dose inicial baixa pode aliviar sem sedação excessiva. Em idosos, reduzo pela metade para prevenir tonturas. Lembre-se: exceder pode causar dependência ou piorar a dor a longo prazo.
Aqui uma tabela com dosagens típicas para dor lombar, baseadas em recomendações padrão:
| Relaxante Muscular | Dosagem Inicial Recomendada | Dosagem Máxima Diária | Duração Típica de Tratamento | Observações |
|---|---|---|---|---|
| Ciclobenzaprina | 5-10 mg, 2-3 vezes ao dia | 40 mg | 1-2 semanas | Tomar à noite para evitar sonolência diurna |
| Carisoprodol | 350 mg, 3-4 vezes ao dia | 1400 mg | Até 7 dias | Evitar em histórico de abuso de substâncias |
| Orfenadrina | 100 mg, 2 vezes ao dia | 200 mg | 5-10 dias | Combinada com cafeína em alguns produtos para potencializar |
| Tizanidina | 2 mg, 3 vezes ao dia | 36 mg (dividida) | 1-3 semanas | Monitorar pressão arterial, pois pode baixar |















































