Ondas de Choque para Fascite Plantar

• Ondas de Choque é um tratamento não invasivo, o que significa que nenhuma cirurgia é necessária.
• A redução da dor ocorre pelo inibição dos nociceptores, que são os nervos que detectam a dor e transmitem os impulsos dolorosos.
• A produção de colágeno é estimulada, ajudando os músculos, tendões e estruturas de tecidos moles a cicatrizar e reparar.
• A formação de novos vasos sanguíneos ocorre na área porque as ondas de choque promovem um processo chamado angiogênese. Isso significa que mais oxigênio e nutrientes conseguem ajudar a reparar lesões.

O que é fascite plantar?

Fascite plantar é uma condição dolorosa do pé causada por esforços repetitivos esforço para a fáscia plantar. Esta é uma banda fibrosa de tecido mole que liga o osso do calcanhar aos dedos dos pés. Ajuda a reforçar o arco do pé e age como uma ‘corda de arco’ para enrijecer o pé quando você anda.

Acredita-se que a fascite plantar seja o resultado de uma tensão excessiva através a fáscia plantar, que causa dor na parte inferior do calcanhar, almofada ou sola do pé, principalmente ao levantar.

O sintoma clássico é uma dor aguda na base do calcanhar, especialmente sentida nos primeiros passos da manhã ou após longos períodos em repouso. Essa dor pode aliviar ao longo do dia, mas tende a retornar após atividades prolongadas. Em casos mais severos, a dor persiste o dia todo, dificultando caminhar ou ficar em pé por muito tempo.

A causa exata da fascite plantar não é conhecida.

Devido à dor crônica, a fascite plantar pode ter um impacto significativo na qualidade de vida. Tarefas simples como levantar da cama, subir escadas ou caminhar até o trabalho tornam-se desafiadoras. Pessoas afetadas frequentemente adaptam sua rotina, evitando exercícios físicos e ficando mais sedentárias por causa do desconforto.

Além disso, alterações na maneira de pisar para compensar a dor podem gerar outros problemas musculoesqueléticos.

Tratamento inicial

O tratamento da fascite plantar visa reduzir a dor e restaurar a função.

As opções de tratamento mais comuns são conservadoras, como gelo, alongamento, anti-inflamatórios, órteses, fisioterapia e exercícios.

Esses tratamentos conservadores podem ajudar a aliviar os sintomas em boa parte dos pacientes, após vários meses.

No entanto, alguns pacientes podem não responder bem aos tratamentos conservadores ou podem apresentar sintomas recorrentes. Nesses casos, tratamentos alternativos podem ser considerados, como tratamento por ondas de choque extracorpóreas (ESWT) ou cirurgia.

Ondas de Choque para Fascite Plantar

A terapia por ondas de choque extracorpóreas é um tratamento médico não invasivo que utiliza ondas acústicas de alta energia – as chamadas ondas de choque – para estimular a cura de tecidos lesionados. “Extracorpórea” significa que as ondas são geradas fora do corpo e direcionadas para a área a ser tratada.

Essa técnica foi inicialmente desenvolvida para quebrar cálculos renais (litotripsia), mas, desde então, encontrou aplicações na Ortopedia e Fisiatria para tratar problemas nos tendões, músculos e ossos.

O tratamento por ondas de choque é indicado quando outros métodos de tratamento conservador, como repouso, medicamentos, fisioterapia, talas noturnas, sapatos de apoio e órteses, não apresentam melhora mesmo quando usados por um período de 6 meses.

O tratamento por ondas de choque é usado como uma modalidade de tratamento alternativa à cirurgia. A maioria dos pacientes submetidos à terapia por ondas de choque apresenta redução significativa da dor e melhora dos movimentos em comparação com outras opções de tratamento conservador.

Como é o Tratamento por Ondas de Choque?

No caso da fascite plantar, a terapia por ondas de choque consiste em aplicar essas ondas sonoras diretamente no calcanhar dolorido. O funcionamento é simples: um aparelho especial encostado na sola do pé emite pulsos curtos de energia mecânica (vibrações de alta intensidade) que penetram nos tecidos.

No caso da fascite plantar, a terapia por ondas de choque consiste em aplicar essas ondas sonoras diretamente no calcanhar dolorido.

O funcionamento é simples : um aparelho especial encostado na sola do pé emite pulsos curtos de energia mecânica (vibrações de alta intensidade) que penetram nos tecidos. Essas ondas alcançam a região da fáscia plantar lesionada e desencadeiam reações biológicas de reparo. Importante destacar que não se trata de um procedimento cirúrgico – não há cortes nem necessidade de internação.

O tratamento é realizado em nível ambulatorial (clínica ou consultório), e o paciente permanece acordado o tempo todo, normalmente sem necessidade de anestesia.

Aprenda mais sobre Ondas de Choque neste guia completo.

Evidências

Ao longo dos últimos anos, diversos estudos científicos avaliaram a eficácia da terapia por ondas de choque no tratamento da fascite plantar.

Os resultados, de modo geral, têm demonstrado benefícios significativos dessa abordagem, especialmente em casos crônicos (dor há vários meses) que não responderam bem a tratamentos convencionais.

Um estudo recente publicado no The American Journal of Sports Medicine avaliou os resultados a longo prazo da terapia por ondas de choque para fascite plantar^[1]Wang CJ, Wang FS, Yang KD, Weng LH, Ko JY. Long-term results of extracorporeal shockwave treatment for plantar fasciitis. The American journal of sports medicine. 2006 Apr;34(4):592-6.. O estudo envolveu 149 pacientes com fascite plantar crônica que foram aleatoriamente designados para receber tratamento com ondas de choque ou tratamento conservador. Os pacientes foram acompanhados por 5 a 6 anos e avaliados quanto à dor e função usando um sistema de pontuação de 100 pontos.

O estudo descobriu que o tratamento por ondas de choque foi significativamente mais eficaz do que o tratamento conservador na melhora dos escores de dor e função. Os resultados gerais foram 69,1% excelentes, 13,6% bons, 6,2% regulares e 11,1% ruins para o grupo de ondas de choque; e 0% excelente, 55% bom, 36% regular e 9% ruim para o grupo de tratamento conservador.

A taxa de recorrência de lesões e dor também foi menor para o grupo das ondas de choque (11%) do que para o grupo de tratamento conservador (55%). Não houve complicações graves ou efeitos adversos do tratamento.

O estudo concluiu que o tratamento com ondas de choque é seguro e eficaz para fascite plantar, com bons resultados a longo prazo, podendo ser uma opção viável para pacientes que não respondem a tratamentos conservadores ou que desejam evitar a cirurgia.

Estudo com 245 pacientes

Um dos marcos na pesquisa foi um estudo clínico multicêntrico, randomizado e controlado por placebo, envolvendo 245 pacientes com fascite plantar crônica​. Nesse estudo, um grupo de pacientes recebeu três sessões de ondas de choque e outro grupo recebeu um tratamento simulado (placebo).

Após 12 semanas, os pacientes tratados com ondas de choque apresentaram uma melhora muito maior: cerca de 72% de redução na intensidade da dor (medida por escala visual analógica) em comparação a aproximadamente 45% de redução no grupo placebo​. Além disso, 61% dos pacientes do grupo tratado alcançaram sucesso clínico significativo (alívio importante da dor e melhora da função), contra 42% no grupo placebo.

Essa diferença favorável ao tratamento ativo se mostrou ainda mais pronunciada quando os pacientes foram reavaliados 12 meses depois, indicando que os efeitos positivos das ondas de choque podem ser duradouros.

Revisões Sistemáticas

Uma revisão sistemática e meta-análise de 13 estudos (com quase 1200 pacientes no total) publicado em 2020 comparou a eficácia e a segurança do tratamento com ondas de choque com outras terapias para fascite plantar crônica^[2]Sun K, Zhou H, Jiang W. Extracorporeal shock wave therapy versus other therapeutic methods for chronic plantar fasciitis. Foot and Ankle Surgery. 2020 Jan 1;26(1):33-8..

As outras terapias incluíram anti-inflamatórios não esteróides, protetores de calcanhar, órteses, fisioterapia, exercícios de alongamento e injeções de corticosteróides.

A meta-análise encontrou que os pacientes que receberam ondas de choque tiveram melhores resultados do que aqueles que receberam outras terapias em termos de sucesso ou taxas de melhora, redução da dor, melhora funcional, retorno ao trabalho e taxas de complicações.

Segundo os autores, a terapia por ondas de choque para fascite plantar crônica pode ser mais eficaz do que outros tratamentos e oferecer uma alternativa segura para tratar a fascite plantar crônica.

Outros Estudos Comparativos

Uma revisão sistemática recente avaliou 236 estudos (com mais de 15 mil pacientes) e investigou o uso de diversos tratamentos para a dor e, principalmente, sua eficácia no curto, médio e longo prazo^[3]Guimarães JD, Arcanjo FL, Leporace G, Metsavaht LF, Conceição CS, Moreno MV, Vieira TE, Moraes CC, Gomes Neto M. Effects of therapeutic interventions on pain due to plantar fasciitis: A systematic … Continue reading.

Os tratamentos investigados incluíram toxina botulínica, agulhamento seco, bandagem com baixo corante, terapia a laser de baixa intensidade, liberações miofasciais, rico em plaquetas plasma, radiofrequência e alongamento.

Os resultados da revisão sistemática sugerem que esses tratamentos resultaram em tratamentos eficazes para a dor quando comparados ao controle no curto prazo.

No médio e longo prazo, apenas a terapia por ondas de choque extracorpórea foi eficaz na melhora da dor da fascite plantar quando comparado ao controle.

Riscos e complicações

A terapia por ondas de choque é um procedimento relativamente seguro; no entanto, como em qualquer procedimento, existem riscos e complicações que podem ocorrer na região do calcanhar, como:

• Dor – leve dor por 24-48 horas após o procedimento
• Inchaço – mínimo inchaço local, sensibilidade na pele após estimulação
• Vermelhidão da pele – leve e passageira
• Hematomas – raro
• Dormência – local, leve sensibilidade ao toque

Complicações raras

A literatura médica, incluindo estudos com milhares de aplicações, não identificou complicações graves frequentes associadas à terapia por ondas de choque na fascite plantar​. Eventos adversos sérios são extremamente incomuns.

Em uma revisão ampla de segurança, envolvendo quase 2500 pacientes, não se observaram danos permanentes nos tecidos tratados​. Houve relato isolado de um caso de dor pré-cordial (dor na região do tórax) durante a aplicação – possivelmente pelo reflexo vagal de dor ou ansiedade – que foi transitório e não deixou seqüelas​.

Outro caso raro foi de infecção superficial na pele, associada ao uso de anestesia regional antes da terapia (uma circunstância não rotineira)​. Fora essas raridades, não se espera nenhuma lesão estrutural no pé nem agravamento da condição com o tratamento adequado.

Conclusão

A terapia por ondas de choque representa uma esperança real de alívio para quem convive com a fascite plantar. Com ela, é possível retomar a qualidade de vida, voltar a caminhar sem dor e recuperar a confiança para realizar atividades antes limitadas pelo incômodo nos pés.

Sempre busque orientação especializada e informe-se sobre as opções disponíveis – a saúde dos seus pés agradece!