O exame de catecolaminas é utilizado para medir os níveis de adrenalina, noradrenalina e dopamina no sangue ou na urina. Essas substâncias são hormônios e neurotransmissores produzidos principalmente pelas glândulas suprarrenais, localizadas sobre os rins, e têm papel fundamental no controle da pressão arterial, frequência cardíaca, metabolismo e resposta ao estresse.
A análise de catecolaminas é fundamental no diagnóstico de distúrbios do sistema nervoso autônomo e na investigação de tumores produtores de hormônios, como feocromocitomas e paragangliomas, que causam produção excessiva dessas substâncias.
Principais Indicações Clínicas
O exame de catecolaminas serve fundamentalmente para investigar distúrbios relacionados à produção excessiva ou inadequada desses hormônios. As principais indicações incluem:
- Diagnóstico de feocromocitoma, um tumor raro das células cromafins da medula adrenal que produz quantidades excessivas de catecolaminas. Este é considerado o uso clínico mais importante do exame, pois o feocromocitoma pode causar hipertensão severa, crises hipertensivas e complicações cardiovasculares graves.
- Investigação de paragangliomas, tumores que se originam fora das glândulas adrenais no sistema nervoso simpático e também secretam catecolaminas. Estes tumores podem ser funcionantes ou não funcionantes dependendo da produção de catecolaminas.
- Diagnóstico de neuroblastoma, especialmente em crianças, já que este é o tumor sólido maligno mais comum na infância. O neuroblastoma frequentemente produz catecolaminas e seus metabólitos, sendo que cerca de 90% dos pacientes apresentam níveis elevados de catecolaminas ou seus derivados na urina.
Além do diagnóstico, o exame pode ser usado no acompanhamento de pacientes após cirurgia de remoção de feocromocitoma, para garantir que não há produção hormonal residual.
Como é feito o exame?

O exame pode ser realizado de duas formas principais:
- Dosagem no sangue: uma coleta de sangue venoso é feita, preferencialmente com o paciente em repouso por pelo menos 20 a 30 minutos antes da coleta, para evitar elevação transitória das catecolaminas devido ao estresse.
- Dosagem na urina de 24 horas: consiste na coleta de toda a urina excretada ao longo de 24 horas. É considerada a forma mais confiável, pois reflete melhor a produção diária das catecolaminas e reduz as variações momentâneas.
O médico decidirá qual método é mais indicado dependendo do quadro clínico.
Preparo para o exame
Para garantir resultados confiáveis, recomenda-se:
- Suspender cafeína, bebidas alcoólicas e cigarro pelo menos 24 horas antes do exame, pois essas substâncias alteram os níveis de catecolaminas.
- Evitar alimentos ricos em aminas (como banana, chocolate, baunilha, café, chá, queijos envelhecidos) antes da coleta, especialmente no caso de exame de urina de 24 horas.
- Informar ao médico sobre o uso de medicamentos (antidepressivos tricíclicos, descongestionantes, inibidores de MAO, entre outros), pois podem interferir nos resultados.
- Reduzir o estresse e esforço físico na véspera do exame, já que exercícios e emoções intensas aumentam a produção de adrenalina e noradrenalina.
Valores de referência
Os valores podem variar conforme o método laboratorial e se a dosagem é feita no sangue ou na urina. Abaixo, valores aproximados para a urina de 24 horas (podem variar entre laboratórios):
Substância | Valor de Referência (Urina 24h) | Unidade |
---|---|---|
Adrenalina | < 20 | µg/24h |
Noradrenalina | 15 – 80 | µg/24h |
Dopamina | 65 – 400 | µg/24h |
Valores acima do normal podem indicar presença de feocromocitoma, paraganglioma ou outros tumores neuroendócrinos. No entanto, fatores como estresse, cafeína, medicamentos e exercícios físicos podem elevar temporariamente as catecolaminas, levando a resultados falsamente altos.
Metabólitos das Catecolaminas
Além das catecolaminas propriamente ditas, frequentemente são dosados seus metabólitos, que podem ser ainda mais específicos para o diagnóstico:
- Metanefrinas (metanefrina e normetanefrina) são produtos do metabolismo das catecolaminas que apresentam maior sensibilidade diagnóstica que as próprias catecolaminas, pois são produzidas continuamente pelos tumores, enquanto as catecolaminas são liberadas de forma intermitente.
- Ácido vanilmandélico (VMA) e ácido homovanílico (HVA) são metabólitos finais das catecolaminas, sendo especialmente úteis no diagnóstico de neuroblastoma em crianças. O VMA é metabólito comum da adrenalina e noradrenalina, enquanto o HVA é principal metabólito da dopamina.
O que significa resultado alterado?
Níveis elevados: podem sugerir tumores produtores de catecolaminas, hipertireoidismo, uso de drogas estimulantes, estresse agudo ou hipertensão severa.
Níveis baixos: são menos comuns e geralmente não têm relevância clínica isoladamente, podendo ocorrer em insuficiência adrenal ou uso de determinados medicamentos.
É importante reconhecer que níveis elevados de catecolaminas não são exclusivos de tumores. Situações como estresse severo, trauma, pós-operatórios, doenças graves, ansiedade e uso de certas substâncias podem causar elevações fisiológicas
Conclusão
O exame de catecolaminas é uma ferramenta essencial para diagnosticar condições relacionadas ao sistema nervoso simpático e glândulas suprarrenais, especialmente tumores raros como o feocromocitoma. É um exame sensível, mas que exige preparo rigoroso para evitar resultados falsos. A interpretação deve sempre ser feita por um médico, que avaliará os valores em conjunto com sintomas, histórico clínico e outros exames complementares.