O eczema disidrótico, comumente chamado de disidrose (ou desidrose), é uma doença de pele rara, que às vezes é confundida com outra dermatite. Manifesta-se como pequenas bolhas com líquido em seu interior semelhante à água que surgem na palma das mãos, lateral dos dedos ou sola dos pés[1]Sarmiento PM, Azanza JJ. Dyshidrotic eczema: a common cause of palmar dermatitis. Cureus. 2020 Oct 7;12(10)..
Embora não evolua para algo mais grave, as lesões coçam muito e perduram por até três semanas. Não há causas conhecidas, no entanto, alguns fatores funcionam como catalisadores para a manifestação da doença[2]Leung AK, Barankin B, Hon KL. Dyshidrotic eczema..
Sintoma | Descrição |
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Coceira na pele | Um forte desejo de coçar a pele |
Pequenas bolhas | Bolhas pequenas e transparentes que podem ser preenchidas com um líquido transparente |
Pele rachada e seca | Pele seca, rachada e escamosa |
Vermelhidão | Pele inflamada e avermelhada |
Pele inchada | Inchaço anormal ou inchaço da pele |
Erupção cutânea | Uma mancha vermelha e elevada na pele que pode causar coceira |
Ao notar quaisquer lesões múltiplas, sinais que mudam de tamanho ou outros sintomas, é importante consultar o dermatologista para confirmar o diagnóstico e dar início ao tratamento. Entenda mais no post.
O que é eczema disidrótico?
O eczema disidrótico, ou disidrose, é uma doença de pele decorrente de alguma reação alérgica. Geralmente é um quadro de dermatite em que pequenas vesículas surgem nas mãos e pés[3]Agarwal US, Besarwal RK, Gupta R, Agarwal P, Napalia S. Hand eczema. Indian journal of dermatology. 2014 May;59(3):213..
As vesículas são pequenas bolhas cheias de líquido, chamado fluido corporal (formado por linfa, soro, plasma, às vezes sangue ou pus). Cada uma costuma ter entre cinco a dez milímetros de largura e se rompem facilmente. Quando isso acontece o fluido sai e escorre pela pele, e ao secar pode formar crostas amarelas pelo corpo[4]Shin YJ, Lee JW. Clinical Analysis on the 219 cases of Dyshidrotic Eczema. The Journal of Korean Medicine Ophthalmology and Otolaryngology and Dermatology. 2014;27(4):58-66..
Na maioria dos casos, as bolhas aparecem na sola dos pés e na lateral dos dedos, sendo muito incomum surgirem em outras partes do corpo. Cada surto dura em média três semanas. Durante esse período, as vesículas secam e a pele retorna ao estado normal.
Sintomas da disidrose
Os surtos de eczema disidrótico começam com coceira nas mãos, seguida do aparecimento das bolhas, que são muitas vezes pruriginosas ou dolorosas.
Entre 70% e 80% dos casos, somente as mãos são acometidas pela dermatite. Nos casos mais leves, as bolhas ocorrem apenas na face dos dedos ou nas laterais, ocupando uma região limitada. Somente em 10% das incidências, as lesões ocorrem exclusivamente nos pés.
As bolhas ficam agrupadas, formando um aspecto de “tapioca” ou se juntam para formar bolhas maiores. Devido às atividades rotineiras do paciente, as lesões se tornam pruriginosas, podendo atrapalhar seu cotidiano.
Os episódios de eczema disidrótico podem ser recorrentes, com recaídas mensais ou em períodos maiores.
Gatilhos da disidrose
Gatilhos comuns incluem
Acionador | Descrição |
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Estresse | Os surtos de eczema disidrótico geralmente são desencadeados pelo estresse. |
Calor e umidade | Altas temperaturas e umidade podem causar aumento da transpiração, o que pode irritar a pele e levar a uma erupção cutânea. |
Alérgenos | Alérgenos como pólen, ácaros e mofo podem desencadear uma crise. |
Irritantes | Substâncias como sabões, detergentes e até mesmo água podem irritar a pele e causar uma erupção cutânea. |
Certos metais | Níquel e cobalto são dois metais comumente encontrados em joias e outros itens que podem causar uma reação em pessoas com eczema disidrótico. |
Quais as causas do eczema disidrótico?
Não se sabe a causa exata. Por muito tempo acreditava-se que as lesões surgiam por conta de alguma deficiência nas glândulas presentes nas mãos e pés, mas hoje as causas mais aceitas estão associadas à alguma alergia, que pode ser por:
- Contato com algum produto ou substância que cause a reação, como cosméticos, perfumes, cremes, entre outros, mesmo que estes não tenham sido usados na mãos ou pés;
- Reação por inalantes, como cheiro de tinta, solventes, etc;
- Reação a determinados alimentos considerados invasores pelo organismo;
- Reação a medicamentos;
- Histórico familiar de dermatite atópica, dermatite de contato, rinite alérgica ou asma;
- Exposição a determinados metais causadores de reações alérgicas, como níquel ou cobalto;
- Infecção por fungos, mesmo que estes tenham acometido uma região diferente das mãos e pés (exemplo: micose de virilha);
- Hiperidrose (suor em excesso) não tratada;
- Uso de imunoglobulina por via intravenosa;
- Tabagismo ou álcool em excesso;
- Exposição ao sol sem a devida proteção;
- Predisposição genética;
- Infecção pelo HIV.
A incidência de disidrose também está relacionada ao estresse emocional, depressão e outros distúrbios psicológicos, dessa forma se torna mais recorrente em épocas de maior estresse na vida do portador.
Por vezes, as reações podem ser crônicas, ou seja, com os sintomas recorrentes mesmo com o tratamento, o que geralmente sugere que não foi identificado o catalisador, e como a pessoa entrou em contato com ela novamente, a reação retornou.
Causa | Descrição |
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Contato direto da pele com alérgenos | Contato direto com substâncias como fragrâncias, sabonetes, detergentes e outras substâncias que podem causar uma reação alérgica |
Estresse | O estresse pode tornar a pele mais sensível e desencadear um surto de eczema disidrótico |
Alterações hormonais | Durante a puberdade, gravidez ou menopausa, as alterações hormonais podem tornar a pele mais sensível e desencadear um surto de eczema disidrótico |
Genética | Fatores genéticos podem tornar uma pessoa mais suscetível ao eczema disidrótico |
Clima | Condições climáticas extremas, como temperaturas frias ou quentes, podem tornar a pele mais sensível e desencadear um surto de eczema disidrótico |
Diagnóstico da desidrose
O diagnóstico de eczema disidrótico começa com a análise clínica das lesões e do histórico do paciente. O dermatologista avalia a natureza das vesículas, bem como a severidade dos sintomas, a quantidade de bolhas e a extensão da área afetada.
Em geral, não é necessário testes laboratoriais para o diagnóstico, no entanto, se houver dúvidas, o médico pode solicitar exames para excluir outros problemas de saúde. Entre os exames estão biópsia e a raspagem da pele afetada para verificar a presença de fungos.
Diagnóstico diferencial
Diagnóstico Diferencial | Descrição |
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Dermatite de contato | Alergia, em que a pele fica vermelha, com coceira e irritada após o contato com uma substância específica. |
Dermatite Atópica | Uma patologia crônica da pele que causa vermelhidão, coceira e descamação da pele. |
Psoríase | Uma inflamação crônica da pele caracterizada por manchas vermelhas e escamosas na pele. |
Dermatite Seborreica | Uma doença de pele que causa manchas escamosas e vermelhas no couro cabeludo, rosto e outras partes do corpo. |
Tinea Pedis | Infecção fúngica da pele que afeta os pés, causando vermelhidão, coceira e rachaduras na pele. |
Tratamento da desidrose
O tratamento do eczema disidrótico é feito conforme a gravidade das lesões e como isso afeta o cotidiano do paciente[5]De León FJ, Berbegal L, Silvestre JF. Management of chronic hand eczema. Actas Dermo-Sifiliográficas (English Edition). 2015 Sep 1;106(7):533-44.. Em geral, eles podem sofrer surtos por muito anos, mas conforme a idade avança, os episódios tendem a ser menos recorrentes.
Quando é mais grave, com sintomas mais intensos, como dor, coceira, ou ainda quando a doença é mais frequente, podem ser indicados medicamentos, que incluem:
- Anti-alérgicos orais, a exemplo da difenidramina ou loratadina. Eles ajudam a aliviar o prurido e a vermelhidão da pele afetada;
- Cremes com corticoide, a exemplo da mometasona ou betametasona. São aplicados na área afetada para reduzir a inflamação e secar as bolhas, assim é possível acelerar seu desaparecimento;
- Cremes imunossupressores, a exemplo do tacrolimo ou pimecrolimo. Geralmente são receitados quando os cremes com corticóides não surtiram o efeito desejado. Impede o surgimento de novas bolhas e o risco de infecções de pele;
- Compressas ou banhos de permanganato de potássio, ou água boricada para reduzir as bolhas;
Quando a doença não responde aos tratamentos acima mencionados, o dermatologista pode indicar outros medicamentos, como azatioprina, metotrexato, micofenolato ou etanercept.
Hábitos gerais
Quando o paciente apresenta lesões recorrentes, algumas medidas podem ser indicadas para evitar o surgimento, como:
- Identificar e evitar as substâncias irritantes ou catalisadoras é fundamental para a maioria dos pacientes, uma vez que ele pode evitar o contato com essas substâncias;
- Lavar as mãos com água morna e produtos de limpeza sem sabão e secar bem após a lavagem;
- Aplicar cremes hidratantes nas mãos após o banho;
- Usar luvas de vinil para as tarefas domésticas que exigem o uso de água;
- Evitar o uso de anéis, relógios, bijuterias antes de molhar as mãos.
Quais dermatites são confundidas com eczema disidrótico?
As mais comuns são as dermatites atópicas e dermatite de contato. A diferença maior aqui está nas feridas, que costumam ser mais recorrentes nesses tipos de dermatites e não na disidrose.
Outra manifestação que é comumente confundida com o eczema disidrótico é a psoríase palmar, um tipo de psoríase que acomete a palma das mãos e a planta dos pés. As lesões são muito secas, espessas, capazes de criar uma fissura na derme que sangra. Em alguns casos, as lesões são pustulosas, ou seja, cobertas de pequenas bolhas.
Além delas, as infecções fúngicas também apresentam reações inflamatórias semelhantes, causando prurido e descamação. As vesículas podem ou não aparecer.
O Eczema disidrótico é contagioso?
O Eczema disidrótico não é uma doença contagiosa, assim não há ameaça de contrair a condição por meio de um contato de pele ou uso de objeto de algum portador.
Mesmo sendo uma condição que pode ficar crônica, em fases que os sintomas aparecem repetidas vezes mesmo com o tratamento, não se trata de um risco para as pessoas próximas ao portador.
Referências Bibliográficas
↑1 | Sarmiento PM, Azanza JJ. Dyshidrotic eczema: a common cause of palmar dermatitis. Cureus. 2020 Oct 7;12(10). |
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↑2 | Leung AK, Barankin B, Hon KL. Dyshidrotic eczema. |
↑3 | Agarwal US, Besarwal RK, Gupta R, Agarwal P, Napalia S. Hand eczema. Indian journal of dermatology. 2014 May;59(3):213. |
↑4 | Shin YJ, Lee JW. Clinical Analysis on the 219 cases of Dyshidrotic Eczema. The Journal of Korean Medicine Ophthalmology and Otolaryngology and Dermatology. 2014;27(4):58-66. |
↑5 | De León FJ, Berbegal L, Silvestre JF. Management of chronic hand eczema. Actas Dermo-Sifiliográficas (English Edition). 2015 Sep 1;106(7):533-44. |