A Coenzima Q10 no alívio dos sintomas da Fibromialgia: uma análise aprofundada

Fibromialgia exames

A Coenzima Q10 tem duas funções principais: é um poderoso antioxidante no organismo, protegendo as células contra danos, e desempenha um papel importante no metabolismo.

A Coenzima Q10 é um nutriente que vem ganhando destaque nas pesquisas científicas nos últimos 10 anos. Isso porque se descobriu que ela possui importantes funções antioxidantes e protetoras no organismo, atuando em estruturas fundamentais para a nossa vitalidade. A Coenzima Q10 protege as mitocôndrias celulares, responsáveis por gerar energia, e também protege as membranas celulares.

Caracterizada por dor generalizada no corpo, a fibromialgia pode afetar negativamente o sono, causando fadiga física e mental, além de dores de cabeça, rigidez muscular matinal e sintomas depressivos ou de ansiedade.

Mais sobre a Coenzima Q10

A Coenzima Q10 é produzida naturalmente pelo nosso corpo. No entanto, após os 30 anos, começamos a apresentar declínio na síntese desse nutriente, principalmente em indivíduos com hábitos não saudáveis.

A suplementação com Coenzima Q10 pode ser benéfica para algumas situações:

A suplementação ajuda a restaurar os níveis de vitamina C e E, melhorando o funcionamento do sistema imunológico. As dosagens eficientes variam de 90 a 300 mg ao dia.

Apesar dos benefícios, é importante ressaltar que nem toda pessoa precisa consumir suplementos de Coenzima Q10. Eles devem ser recomendados por profissionais da saúde apenas nos casos necessários, com dosagens adequadas. O consumo indiscriminado e sem orientação pode não surtir os efeitos esperados.

A CoQ10 existe naturalmente em duas formas químicas: ubiquinona e ubiquinol. Nosso corpo fabrica e recicla essas duas formas, usando cada uma onde for mais necessária. De modo geral, a forma ubiquinona atua protegendo as mitocôndrias, enquanto a ubiquinol protege as membranas celulares. Mas não adianta consumir uma forma específica, pois o corpo usará a que precisa.

Sintomas da deficiência de Coenzima Q10

Se você apresenta uma diminuição nos níveis de coenzima Q10, seu coração bombeia com menos eficácia, seus pulmões funcionam com menor capacidade, você se cansa mais rápido ao se exercitar e experimenta fraqueza e dor muscular.

Além disso, seus níveis de colesterol podem ser afetados se o coenzima Q10 estiver baixo. Curiosamente, outra consequência é que os nervos não funcionam tão bem, pois não recebem os benefícios neuroprotetores da coenzima Q10, o que leva a danos no DNA mitocondrial e nas próprias mitocôndrias.

A falta de CoQ10 pode levar a problemas mitocondriais, como fadiga crônica, estresse físico e mental. Também aumenta a mortalidade em cardiopatas. A longo prazo, pode favorecer doenças neurodegenerativas e inflamatórias sistêmicas, por danos às membranas celulares. Além disso, medicamentos para colesterol (estatinas) diminuem a produção natural de CoQ10.

A suplementação de CoQ10 é recomendada principalmente para cardiopatas, portadores de doenças mitocondriais e inflamatórias sistêmicas. Também pode ser útil em casos de estresse crônico, quando a produção natural não atende à demanda. A dose diária eficaz é de 90 a 300 mg.

Estudos sobre Coenzima Q10 e Fibromialgia

Vamos analisar dois estudos relevantes sobre o assunto. O primeiro, realizado em 2013, buscou avaliar se a coenzima Q10 é efetiva na redução dos sintomas da fibromialgia. Foi um estudo placebo-controlado, duplo-cego e randomizado, mas com uma amostra pequena de apenas 20 participantes. Nele, o grupo controle utilizou coenzima Q10 por 40 dias. A análise foi realizada por meio de questionários cientificamente validados para a fibromialgia, uma escala visual de dor e avaliação do sono.

Os resultados mostraram que o grupo que utilizou a coenzima Q10 apresentou melhorias significativas em diversos sintomas, como dor, fadiga, rigidez matinal, ansiedade e depressão. Entretanto, não houve diferença significativa no sono entre os grupos placebo e controle.

O segundo estudo, de 2019, investigou se a coenzima Q10 é efetiva na redução de sintomas em pacientes já tratados com pregabalina, um medicamento comumente utilizado no tratamento da fibromialgia. Também foi um estudo placebo-controlado, duplo-cego e randomizado, porém, todos os participantes estavam em uso de pregabalina. A amostra foi ainda menor, com 11 participantes divididos em dois grupos.

Os resultados mostraram que ambos os grupos apresentaram redução na dor, ansiedade e depressão, e um aumento no limiar de dor. Avaliações adicionais demonstraram que a coenzima Q10 melhorou a função mitocondrial, aumentou o nível de antioxidantes e reduziu a inflamação.

As conclusões de ambos os estudos sugerem que a coenzima Q10 pode ajudar a aliviar os sintomas da fibromialgia, seja isoladamente ou em combinação com pregabalina. No entanto, é importante ressaltar as limitações desses estudos, como o pequeno número de participantes. A coenzima Q10 é considerada segura e pode ser benéfica para melhorar a função mitocondrial, proporcionando mais energia durante a prática de atividades físicas.

Como tomar Coenzima Q10

Um dos estudos que mostrou efeitos benéficos também indicou a dosagem exata de Coenzima Q10 a ser utilizada: 400 mg de Coenzima Q10, em comparação com um placebo. Isso resultou na diminuição dos sintomas de dor e formigamento e na melhora do funcionamento e da velocidade de condução nervosa.

Portanto, a Coenzima Q10 pode ser benéfica para a neuropatia periférica, diminuindo a dor em até 50% e melhorando a velocidade e a intensidade da condução nervosa.

Por que é necessário suplementar Coenzima Q10

A medida que envelhecemos, a quantidade de Coenzima Q10 no nosso organismo diminui, resultando em um envelhecimento celular mais acentuado e danos aos componentes celulares, incluindo as mitocôndrias. Vale ressaltar que medicamentos com estatinas, comuns e potencialmente tóxicos, também reduzem os níveis de Coenzima Q10, o que pode ser a causa da neuropatia induzida por esses medicamentos.

Dr. Marcus Yu Bin Pai

CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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CRM 158074 / RQE 65523, 65524 | Médico especialista em Acupuntura e Fisiatria pela USP. Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Professor e Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da USP. Diretor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA).

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